Por João do Cumbe, da Associação Quilombola do Cumbe/Aracati – CE
Os manguezais são considerados pela UNESCO como patrimônio mundial da humanidade (2015). Neste sentido, o 26 de julho é o dia internacional da conservação dos manguezais. Conhecido como berçário da vida marinha e bem viver dos povos das águas salgadas, os manguezais são importantíssimos para proteção da costa e serviços ambientais. Responsáveis também pela produção de alimentos saudáveis, onde diversas comunidades tradicionais pesqueiras retiram seus sustentos.
Os manguezais nos últimos anos vêm sofrendo com a degradação ambiental causada pelos projetos de desenvolvimento econômicos como a carcinicultura – criação de camarão em cativeiro, construção de portos e especulação imobiliária. A legislação ambiental reconhece esses ecossistemas como APPs – Áreas de Preservação Permanente. Porém nos últimos anos as leis que protegem os manguezais vêm sofrendo constantes mudanças e ameaças, colocando em risco sua importância para a vida nos territórios pesqueiros.
No estuário do Rio Jaguaribe, município do Aracati, desde o ano de 1996 que os nossos mangues sofrem com a implantação das fazendas de camarão em cativeiro, além das construções irregulares nas margens do rio, o que vai impactar a vida e a dinâmica dos manguezais. Na região encontramos extensas áreas de manguezais degradados e mortos, sem não haver por parte dos governos e órgãos de controle e proteção ambiental uma fiscalização efetiva contra esses crimes. Cabendo as comunidades tradicionais e instituições parceiras fazerem sua proteção e vigilância.
Há 25 anos, os quilombolas do Cumbe desenvolvem ações de proteção e defesa dos manguezais, que são responsáveis pela segurança alimentar, fonte de renda e bem viver. Com o tema “Berçário da Vida e Bem Viver dos Povos das Águas Salgadas”, a Ação Manguezal, desenvolvida pela Associação Quilombola do Cumbe, no município do Aracati, litoral leste do Ceará, realizou no dia 24/07/2021, o mutirão de limpeza das camboas – braços do rio, roda de conversas com os quilombolas pescadores/as do mangue, além de outras ações, em comemoração ao dia 26 de julho. Definidor de práticas culturais, saberes e modos de fazer, os manguezais contribuem para o fortalecimento da identidade quilombola pesqueira, cultura alimentar e turismo comunitário. Para os quilombolas pescadores/as do mangue do Cumbe os manguezais são re-existência, conexão com a mãe natureza e aos encantados responsáveis pela criação.
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