Posted on: 23 de dezembro de 2020 Posted by: arkx Brasil Comments: 1

A FeijoVegan é um coletivo antifascista de autogestão e ação direta.
Nosso objetivo é o resgate da dignidade, da identidade e do pertencimento, ocupando o espaço público para a partilha do alimento saudável e do lazer.
Convidamos vocês para ampliarmos a abundância existente e fazermos chegar à TODAS(OS) esse direito fundamental e inalienável para a manutenção da vida: o alimento!


Nós começamos num festival Antifa, promovido pelo Desterro Antifascista, um coletivo que existia aqui em Floripa. Nesse festival, surgiu a ideia de fazer um sopão para a pop rua. Nos bares onde acontecia esses festivais sempre teve muita galera da pop rua, por ali na frente.

A gente juntou uma galera pra fazer uma feijoada vegana completa. Logo apareceu uma colega que tinha como conseguir uma Kombi emprestada, para levarmos um fogareiro.

E se formou uma equipe. E resolvemos dar continuidade.  E nos organizamos.

Com a consolidação da equipe, passamos a levar também mesinhas e cadeiras. Não queríamos servir marmita de isopor, queríamos servir com talher, com prato, sentados à mesa, e não no meio-fio.

Arrecadamos roupa, artigos de higiene pessoal. Sobretudo pras mulheres. Absorventes, calcinhas. Porque ser mulher na rua não é fácil, tanto que elas são a minoria. Para distribuir cada um pegava o que precisasse.

Geralmente distribuíamos 250 refeições num Domingo de feijoada.


ORGANIZA-TE!
Pare de pensar no que vai acontecer ou porque nada está acontecendo. Reúna-se com seus amigos e comece a decidir o que vai acontecer.
Sem uma estrutura que incentive as ideias a fluir para a ação, sem camaradas com os quais se possa debater e atravessar as barreiras e criar impulso, é provável que você fique paralisada, desconectada de grande parte do seu próprio potencial; com eles, o seu potencial pode ser multiplicado por dez ou cem mil.
Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas pensantes e comprometidas possa mudar o mundo. Na verdade, sempre foi assim que o mundo mudou”.


Então, aí veio a pandemia.

Formou-se um grande grupo várias entidades para tentar atender a pop rua, porque eles seriam os primeiros a sofrer o impacto. Como este grupo focou sua atuação no centro, onde tem mais gente necessitada, nossa preocupação passou a ser os bairros.

Diariamente quem podia fazia 10,15 marmitas. E assim, funcionou por um bom tempo.

Mas logo parou de ter o atendimento no centro. Então, a gente passou a concentrar de novo no Centro.

Junto com um pessoal do bairro Rio Vermelho, um pessoal novo que abraçou a causa, resolvemos construir um fogão à lenha.

Um fogão de barro num quintal onde pudéssemos cozinhar num grupo maior, com segurança. Porque a gente também não podia se expor. E assim voltar a fazer ações maiores, em dias específicos.

Começamos a funcionar no Rio Vermelho, voltamos ter ações apenas uma vez por mês distribuindo cerca de 100 refeições. É um grupo pequeno. Além de sobrecarregar, alguns participantes moram com pessoas do grupo de risco.


A gente só oferece comida vegetal. Só que a proposta ela é muito sobre nutrição. Porque o que se vê é eles receberem muitas bombas de carboidrato. É um risotão, é um sopão com carne dentro. É uma comida muito igual. Tem muito pouco de vegetais e coisas frescas.

Nossa proposta vem com variedade, vem com salada crua, vem com feijão, com verduras cozidas, couve a mineira, uma farofinha e frutas, um suquinho de limão prá fixar a proteína. Então a gente vem numa proposta de uma nutrição bacana e uma refeição completa.

É uma refeição trabalhosa, não é uma refeição fácil de preparar, não é um prato único. Só que ela é extremamente nutritiva e aconchegante, aquela comidinha realmente gostosa.


E seguimos fazendo esse trabalho, infelizmente só uma vez por mês agora. Pouquíssimas pessoas estão colaborando, porque com a pandemia a questão do dinheiro passou a ser um problema para muita gente.

A gente já conseguiu uma economia com o fogão a lenha. É também uma maneira da gente cozinhar obedecendo um distanciamento.

Aí vai um carro lotado de marmitas para o Centro. Sempre que possível a gente distribui junto máscaras e ítens de higiene. E água, porque na rua água potável é ouro!

O projeto tem dois anos e meio. Infelizmente não teve festa de dois anos esse ano, por causa da pandemia. Mas ano passado a gente teve a festa de um ano. Foi muito bacana.

Fizemos tipo um encontro. E eles apresentavam aquilo que sabem fazer, ou queriam partilhar, falar. Esse movimento da escuta foi muito legal.

Estavam acontecendo pequenas oficinas, estampando camiseta, estamparia urbana e voltada para a pop rua.

E o grupo AfriCatarina, que eu também faço parte, que é samba reggae, fez também uma oficina. Então eles tocaram instrumentos. Foi um dia bem jóia. Pena que não conseguimos fazer esse ano. Mas seguimos com o projeto.

Do grupo inicial, estão três mulheres. Então nós somos o trio que está desde o começo. A FeijoVegan acabou ficando matriarcal.

Nós meio que coordenamos. É um movimento horizontal, mas alguém tem que coordenar as finanças e datas de ação. É um núcleo estratégico. E quando tem um pessoal bem ativo, nós incluímos nesse núcleo estratégico. E muitos são colaboradores.

Então, a gente tenta fazer o 0,0001% nessa cidade que é tão higienista. As cobertas e coisas que nós doamos, a administração municipal não demorou muito para recolher.

Estamos sempre lutando, correndo contra algo que não temos alcance. O nosso trabalho é muito pequeno, mas também ele é muito importante. É uma gotinha no copo.

Um pessoal de Joinville se interessou. Em breve teremos FeijoVegan em Joinville. Ficamos também muito felizes de estar semeando alguma coisa.

FeijoVegan é um coletivo antifascista de autogestão e ação direta


sobre os Diários da Pandemia:

  • Embora seja tb um trabalho jornalístico, se propõe a muito além disto.
  • Tem como objetivo principal tecer uma rede de comunicação entre as diversas lutas localizadas.
  • De modo a circular as experiências, para serem reciprocamente conhecidas numa retro-alimentação de auto-fortalecimento.
  • Não se trata de tão somente produzir matérias, e sim tornar as matérias instrumento para divulgar conteúdo capaz de impulsionar os movimentos.
  • Em suma: colocar a comunicação a serviço das lutas concretas.

acesse a série completa aqui neste link

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