Posted on: 22 de outubro de 2020 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

Com a atual crise acentuada pela pandemia, fomos encurralados por uma série de desafios que não são novos e tem como alvo principal os de baixo. Precarização da vida e do trabalho são apenas alguns dos fatores da política de extermínio do Estado.

Por isso, como trabalhadores, estudantes, desempregadas e desempregados, militantes e lutadoras e lutadores populares, jovens de periferia e do campo, gente que vive do seu trabalho e não aceita as condições horríveis que lhes são impostas, estamos organizadas e organizados em uma ampla campanha, onde 49 grupos e coletivos do Brasil inteiro estão construindo ações de solidariedade e apoio mútuo para enfrentarmos esse momento e lutar por melhores condições de vida.

Na manhã de primavera do dia 10 de outubro de 2020, entregamos ao povo Guaraní do Território Guaviraty Porã, localizado na região do extremo oeste do município de Santa Maria, Rio Grande do Sul, alimentos agroecológicos e sementes crioulas. 

Nós, Guandu Grupo Agroecológico, do Assentamento C.Marighella, compartilhamos com nossos vizinhos e companheiros de luta sementes de feijão guandu, feijão preto, feijão miúdo, abóbora e de  avaxi (milho) das variedades cateto roxo, amarelo e vermelho. 

Dentro do marco da Campanha de Luta por Vida Digna, devolvemos aos verdadeiros guardiões as sementes originárias que, graças a eles, pudemos cultivar por todos esses anos. 

Entrega de sementes aos Guarani do Território Guaviraty Porã

Acreditamos que a autonomia está diretamente relacionada ao direito de um povo de gerir, criar e produzir suas próprias existências, e as sementes crioulas e originárias são essenciais para tal. Essas sementes têm sido produzidas, modificadas e desenvolvidas no assentamento há mais de 15 anos, fruto de muita troca e solidariedade entre indigenas, quilombolas,  agricultores familiares e camponeses da região sul do país. 

As sementes são a primeira etapa da cadeia alimentar, sendo a origem de praticamente todos os alimentos. Elas carregam a herança da sabedoria e dos conhecimentos ancestrais e guardam a riqueza natural da terra. Essa ação solidária fez retornar algumas variedades perdidas pela comunidade guarani que agora terão a possibilidade de resgatar e reconstruir sua autonomia. 

Que a encruzilhada que a crise nos impõe possa nos lançar no caminho da emancipação, pois só o povo ajuda o povo.

Guandu – Grupo de Agroecologia e Articulação Libertária

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