Organização: Rosângela Pereira de Tugny; Prefácio: Joelson Ferreira e Solange Brito.
168 pp. e 24 canções em áudio
A escola da reconquista reúne as memórias e as reflexões de Mestra Mayá em torno da luta travada junto ao seu povo para retornar ao território de seus ancestrais, lugar onde nasceu e de onde foi expulsa em sua infância. Ela esteve em cada uma das 396 áreas retomadas pelos indígenas entre 1982 e 2012. Os 54 mil hectares do território Caramuru Catarina Paraguassu, no sul da Bahia, estão hoje reconhecidos e demarcados. Entre as lembranças dos massacres que arrancaram seu povo da terra, emerge a voz de dona Maria. Em suas palavras e cantos, ganham contornos o sonho de sua mãe, retratada na capa do livro, e os sonhos de seus alunos – crianças, jovens e velhos que passaram por suas mãos num sem fim de escolas itinerantes feitas e refeitas durante o processo de luta. Escutar os sonhos de quem veio antes, ouvir os Encantados e aprender com os povos em luta são os atos que fundam e sustentam sua prática pedagógica. Ao contar a trajetória de como transformou-se em professora andarilha, dona Maria oferece palavras que fazem ecoar um modo de lutar e viver junto à terra. Este livro, como ela mesma afirma ainda na introdução, é a prova de que “tem o índio ainda contando a história do que quer, como quer caminhar, como quer viver. Como quer estar nesse Brasil frustrado, arrasado. A gente ainda está aí”.
Leia também a orelha do livro, por Vanessa Tomaz (FE/UFMG, professora da Formação Intercultural de Educadores Indígenas – FIEI):
“A ‘escola da reconquista’ caminha sempre com seus alunos, de aldeia em aldeia, de retomada em retomada e trilhando esse caminho. Nesse caminhar, a educadora Maria Muniz construiu um método historiográfico que permitiu a recomposição da memória e do tecido social de todo um povo que havia vivido separado por muitos anos em exílio de suas terras. Utilizando seu método, que é autoral, certamente não apenas conferiu a cada retomada de terra pelos Pataxó Hã Hã Hãe um ato inaugural, mas uma forma de reunir as famílias étnicas a quem pertencia o território para que pudessem elaborar, ouvir e compartilhar suas histórias. Nesse método, o caminhar e o escutar, se inicialmente pareciam apenas refletir a falta de espaço físico para a existência de uma escola, passaram a ser ferramentas fundamentais da pedagogia colocada em prática por essa Mestra, se tornando também o instrumento de afirmação do povo e do território Pataxó Hã hã Hãe.”
Primeiras PalavrasEdit”A Escola da Reconquista”
Cantos
01. Oi dá licença
02. Sete anos andei pelo mundo
03. Eu sou india guerreira
04. Botei meu ouvido no chão
05. Terra meu corpo
06. Na minha aldeia tem
07. Deus no céu os índios na terra
08. Estava na ladeira sem poder descer
09. Aonde é que vou morar
10. A terra é santa
11. O Marinheiro é hora
12. Lá vem o sol
13. Passarinho tá cantando
14. Pisa no massapê
15. Sou eu Jureme
16. Eu fui no pé da Jurema
17. Agora nós vamos pra luta
18. Yabadelo, cadê Cunhatay
19. Rosa Morena
20. Acorda Maria vem ver
21. A chuva choveu
22. Todo índio tem ciência
23. Obrigada Orubá
24. Eu balanço mas não caio