Retomar e construir territórios não passa exclusivamente pela demarcação de um espaço geográfico, mas sobretudo pela capacidade dos habitantes locais criarem laços comuns entre si de modo a gerirem suas vidas em plena harmonia com os demais seres ali presente. A água, a terra, o fogo, o ar, os minérios, os reinos vegetal e animal, todo o ecossistema necessário para a manutenção da vida.
Tomar a terra é cuidar dela, construir territórios é habitar com os seres ali presentes. Cutivar a terra é construir a cultura da memória ancestral ao mesmo tempo garantir soberania e autonomia. Nesse sentido, a bioconstrução traz consigo alternativas sistêmicas ao modo de estar e morar em sincronicidade com a matéria terra e os afetos comunitários a partir da cooperação necessária para esse tipo de técnica.
Assentamentos, aldeias, ocupações, quilombos e vilas vem sendo formados com esses princípios e com esse conhecimento que vai além de um ferramental técnico exclusivista de mercado para retomadas de territórios e de garantia de moradia e bem-estar.
Mutirão de bioconstrução no Sítio Flor de Íris – Assentamento Agroecológico Egídio Brunetto
Durante os dias 8 e 9 de outubro (sábado e domingo), elos da Teia dos Povos de São Paulo e outros convidados estiveram presentes no Assentamento Agroecológico Egídio Brunetto em Lagoinha (SP). O motivo da visita foi o segundo mutirão para a construção da casa dos companheiros do Sítio Flor de Íris.
No primeiro mutirão, a maior parte do trabalho envolveu escavar a área escolhida para a obra e transportar materiais (pilastras, sacos de brita, etc) ladeira acima. Tendo feito isso, a construção deu início e parede começou a ser erguida.
No segundo, grande parte do sábado envolveu subir o morro transportando pedras. A inclinação do terreno tornou essa tarefa bem cansativa, mas com a colaboração de quem estava presente, o trabalho foir cocluído com disposição e alegria, e logo o material estava no local. Durante o resto do mutirão as paredes continuaram subindo com o esforço de todas e todos presentes.
Foi uma ocasião de muito trabalho, mas também de encontros e reencontros, risadas, trocas e conversas ao redor do fogo ou na sombra onde nos abrigamos nos momentos de descanso.
Mutirão de bioconstrução no Sítio Bom Jesus – Assentamento Agroecológico Egídio Brunetto
Elos da Teia dos Povos de São Paulo estiveram novamente presentes no Assentamento Agroecológico Egídio Brunetto para um mutirão de bioconstrução nos dias 26 e 27 de novembro (sábado e domingo), que contou também com a presença de moradores do assentamento e apoiadores de fora. O objetivo foi expandir a casa dos companheiros do Sítio Bom Jesus.
No sábado, grande parte do trabalho girou em torno da preparação do canteiro da obra, com a remoção de pilastra, partes da estrutura, aplanaimento do terreno e a separação da terra para ser usada no barreamento das paredes. No fim da tarde o trabalho foi paralisado para o descanso, e a noite trouxe muitas risadas, música e conversas em volta do fogo.
Domingo foi dia de continuar as atividades. Madeiras foram cortadas e usadas para montar a estrutura das paredes, muito barro foi pisado e pouco a pouco as paredes começaram a tomar forma. Após muita labuta veio a tarde, e com ela veio a chuva e começaram as despedidas.
Foram dias de trabalho, alegria e muitas trocas e conversas entre aqueles que estiveram presentes.