Caminhamos rapidamente para uma situação que a humanidade jamais enfrentou. O colapso que se avizinha – político, econômico, climático e ambiental – coloca em risco toda a diversidade de vida na terra, principalmente a diversidade da vida humana.
O capitalismo financeiro especulativo, em busca de lastro para suas moedas em risco, avança sobre as últimas porções de terra ainda sob controle de povos indígenas, comunidades tradicionais, camponeses e moradores das periferias urbanas. A colonização de nossas terras, que se iniciou com a invasão de 1500, ainda não terminou. Ao contrário, avança em passos largos, colocando em risco nossas famílias, nossas terras, nossas águas, nosso futuro.
Os riscos que corremos se avolumam às portas de nossas casas. Empreendimentos de mineração despejam famílias, exterminam rios e ameaçam todas as formas de vida em seu caminho de devastação. O agronegócio, com suas monoculturas envenenadas e megaprojetos de irrigação, secam rios e provocam a insegurança hídrica e alimentar de nossas comunidades. Empreendimentos imobiliários e turísticos expulsam famílias de seus lugares, descaracterizam a paisagem e as nossas formas de vida tradicional. A concentração fundiária nas mãos de empresas de silvicultura desloca populações rurais para periferias urbanas, com alto impacto no custo das terras e nas políticas de reforma agrária. Empreendimentos de carcinicultura, dragagem de estuários e rotas marítimas de barcaças invadem territórios pesqueiros tradicionais. A possibilidade de exploração e transporte de petróleo em áreas sensíveis coloca em risco a maior biodiversidade do Atlântico Sul, além dos meios de vida das comunidades litorâneas que estão enfrentando o maior desastre de todos os tempos – o derramamento de óleo na costa Nordestina. O patrimônio genético e a megadiversidade de nossas florestas são expropriados pela biopirataria, através do roubo de saberes e conhecimentos dos povos originários, da ocupação de territórios indígenas e da grilagem de terras em todo o país.
O único caminho para reverter esta situação é a resistência e luta dos povos negros, quilombolas, povos de terreiro, indígenas e camponeses contra as novas invasões do capital sobre nossos territórios. Neste rumo a Teia dos Povos conclama todos os movimentos e organizações a participar na luta de resistência, defesa e retomada de nossos territórios, contra a expropriação de nossas terras, águas e vidas.