A chegada dos ancestrais é marcada com a vinda dos três primeiros navios negreiros na costa da Bahia com destino a região sul. Durante a época da viagem houve uma tempestade e os navios não conseguiram seguir. Os sobreviventes se instalaram na região da costa. Nove anos após esse acontecimento, eles conseguiram fugir enquanto abriam caminho pela mata para o plantio e construção das sedes das fazendas, contudo, sem maior sucesso.
Até que certo dia, a fuga finalmente aconteceu e seguindo a linha do manguezal pelas margens do Rio Joanes até à Fonte das Pedras, os irmãos se esconderam em uma gruta por dias até que começaram a sair para montar um lugar de proteção para ajudar os irmãos que continuavam trabalhando acorrentados na fazenda. Foi assim que eles deram no Quingoma, onde ficaram escondidos até o ano de 1893, seguindo algumas estratégias de sobrevivência e realizando todas as atividades de pesca e caça durante a calada da noite.
Nesse mesmo ano, infelizmente, o Quilombo foi descoberto por causa da desobediência de uma criança que sonhava em conhecer a mãe que acabou capturada e torturada nas mediações da fazenda e sobre ameaças levou os fazendeiros até perto da localização do Quilombo. Entretanto, os irmãos quilombolas tinham um código secreto dentro da mata: qualquer ameaça de perigo era para cantar o canto do bacurau, pássaro noturno da região, e assim a criança fez. Os ancestrais já estavam em fuga naquela noite, por terem recebido uma mensagem espiritual que avisava sobre um grande perigo que se aproximava. Era chegada a hora de fugir. Durante a fuga, as famílias se separaram para ter mais chance de escapar, dando origem aos bairros de Areia Branca, Capelão, Barro Duro, Cassange e seguiram até Camaçari e Arembepe.
A história de luta dos ancestrais do Quilombo Quingoma continuou ao longo dos anos, sempre pela retomada do território e da terra que eram suas por direito.
Nos últimos anos, o Quilombo enfrenta situações com grileiros, empreiteiras e com o Governo Estadual e Municipal que permanecem em total descaso com a vida dos moradores da localidade, intensificando a especulação imobiliária e a devastação de rios e matas que visam apenas o lucro.
Os moradores são vítimas de constante violência, racismo e intolerância religiosa por parte daqueles que desejam se apropriar do território. Os ataques colocam o dia a dia do quilombo em risco e contínua tensão.
Em meio ao cenário de pandemia de Covid-19, a situação do Quilombo piorou e as condições adversas se intensificaram.
Entre reclamações, protestos, denúncias e cobranças o Quilombo Quingoma luta para resistir em defesa da demarcação e titularização das terras ocupadas pela comunidade, que historicamente pertencem àquelas famílias. Diante do descaso das autoridades, busca-se encontrar na divulgação da história de luta e resistência a solidariedade e o apoio para manter a terra e a defesa do povo quilombola, fortalecendo a aliança popular assim como na época dos ancestrais, que utilizaram da terra como um local de proteção, refúgio e esperança.
Venha e participe dessa Campanha Nacional em Defesa de Quingoma!
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Salve nosso povo.