Posted on: 11 de setembro de 2025 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

Texto inspirado na apresentação feita no IV Encontro Baiano de Educação do Campo – Educação do Campo, Agroecologia e Territórios em Disputa: Fortalecendo Novas Primaveras, 19  a 21 de setembro de 2024, UNEB, Salvador – BA, Mesa: Agroecologia, Arte e Cultura.

José Maria Tardin 1

Dominique M. P. Guhur2

Almejamos neste texto ensaiar um campo argumentativo que dê sustentação  material à conexão da Agroecologia com a Cultura e a Arte, na intenção de  participar das reflexões críticas que vem se colocando na atualidade, tanto no  interior dos Movimentos Sociais Populares do Campo, a partir das formulações  da concepção de agroecologia e de sua prática; como em outras áreas que mais  e mais se assumem influenciadas e influenciadoras da agroecologia, com  destaque para a Cultura e a Arte. 

Iniciamos o texto resgatando aspectos históricos relacionados ao surgimento da  agroecologia, e destacando elementos relevantes da Educação em Agroecologia  no âmbito dos Movimentos Sociais do Campo, das Águas e Florestas, no intuito  de melhor dialogar com educadores e educadoras do Campo. 

Na sequência, partimos do seu significado etimológico, para reiterar que a  agroecologia se dá como práxis histórica, e que suas bases, portanto, hão de  ser apreendidas na própria história das agriculturas, existindo na atualidade em  conflito, contradição antagônica e lutas contra o capital-agronegócio3, que  também se apresenta como invasão cultural.

 

Para evidenciar as “humanas conexões necessárias” entre Agroecologia, Cultura  e Arte, tomamos por base as categorias fundamentais do trabalho, práxis e ser  social, e debatemos a “educação dos sentidos”, entendendo a “cultura como o  acrescentamento que o homem faz ao mundo que não fez” (FREIRE, 1987,  p.109). 

Ao final, destacamos a Agroecologia como realização humana humanizadora  dos Povos do Campo, das Águas e Florestas – estes, sujeitos sociais da práxis  – conscientes de seu pertencimento ao gênero humano e à natureza. Um modo  de ser agri-cultural, um modo de viver orientado pelo cuidado, pelo cultivar, pelo  criar e recriar, em toda sua diversidade.  

Agroecologia, Ciência e Educação do Campo

O que é agroecologia? 

Agro-eco-logia é foice. Alicate. Facão. 

Ferramentas em punho, em mão. 

Corta. Recorta. Derruba no chão 

as cercas do latifúndio 

dos conhecimentos em ciências agrárias. 

Para compreender o contexto de surgimento da agroecologia, é preciso ter  presente que, ainda no século XIX, a decadente produção agrícola capitalista  provocada pela degradação ambiental em geral, e dos solos em particular, na  Europa e Estados Unidos da América, provoca a emergência das ciências  agrárias já com estatuto e institucionalidade acadêmica a serviço da burguesia  agrária. Informa Tardin (2012, p. 34) que “[…] em 1848, se institucionaliza a  agronomia, com a fundação do Instituto Nacional Agronômico de Versailles,  França”.  

Assim como ocorrera com os artesãos no processo de formulação do método  científico,4 os Povos do Campo, das Águas e Florestas vão ser discriminados e  também alijados da participação ativa e socialmente reconhecida na produção  de conhecimentos nas ciências agrárias, em que pese uma história de mais de  10 mil anos de agri-culturas campônias mundo afora. Tais povos serão ademais  continuamente vitimados por distintos processos violentos, impetrados pela  burguesia agrária e os Estados burgueses. 

No transcorrer do século XIX até a segunda guerra mundial (1939/1945), as  burguesias industriais, bancárias e agrárias, por seu domínio econômico e  político de classe através dos Estados nacionais, vão direcionar investimentos  públicos crescentes em pesquisas científicas, que permitirão a estruturação do  sistema imperialista sobre a agricultura mundial, no que se nominou de  “revolução verde”. As ciências, nesse período, passam a ser, em grande medida,  subsumidas como força produtiva no interesse e necessidade da reprodução  ampliada do capital.  

Com os avanços das forças produtivas, que incluem as ciências em geral, e a  hegemonia expandida do capital imperialista atualizada como neoliberalismo, o  domínio sobre a agricultura se estruturará como agronegócio. Este irá referenciar  tecnologicamente a agricultura não mais nos limites do que fora as ciências para  a “revolução verde”, mas no que nominam atualmente de “agricultura 4.0”,  apoiada em novas bases científicas. 

Agricultura 4.0, também conhecida como Agricultura Digital e Agritech, é um  termo criado em 2018, com a publicação do relatório Agriculture 4.0: The Future  Of Farming Technology, pelo World Government Summit. Trata-se de um  conjunto de tendências tecnológicas no agronegócio que visam digitalizar os  processos agropecuários, com a atuação de poucas empresas transnacionais  no domínio das plataformas digitais, bases de dados e nuvens, no que convencionam chamar de Agricultura de Precisão, a Big Data e a Internet das  Coisas, conjuntamente integradas e conectadas através de softwares, sistemas  e equipamentos, máquinas e aplicativos (por exemplo, GPS, telemetria,  sensores, drones, celulares, computadores etc). Com este sistema integrado, o  oligopólio de grandes corporações transnacionais terá um acesso amplo a  informações detalhadas da agropecuária, o que lhe permitirá um maior controle  de dados sobre o ambiente natural, desde a produção agropecuária até os  mercados de consumo, ampliando sobremaneira suas oportunidades de  negócios. Traz novas implicações para a soberania dos agricultores e dos  países. 

Uma denúncia da imposição técnica na produção e da exploração do  campesinato pelo sistema bancário, está bem posta neste resumo da canção  “Sou do Banco”, no cantar de Luiz Gonzaga: 

É que matuto deu de garra dos papé 

E foi bater no banco do Juazeiro 

Tirou dinheiro e comprou cinco vaquinha 

E para tanto contratou logo um vaqueiro 

O tangedor logo montou um alazão 

E abriu os peito num aboio que não tem fim 

Coitada da boiada encabulada 

Com o chocai’ tocando assim 

Eu sou do banco 

Do banco, do banco 

Eu sou do banco 

Do banco, do banco 

Eu sou do banco 

Do banco do Brasil 

Do banco do Nordeste 

Cabra da peste 

No Ceará, eu sou do BEC 

Mas em Pernambuco sou do BANDEPE 

BANDEPE, BANDEPE 

BANDEPE, BANDEPE

Neste mesmo período de pouco mais de 100 anos, verificamos grandiosos  processos de insurgências, revoltas, rebeliões e guerras protagonizadas por  povos campônios em defesa de seus territórios e seus modos de vida agri culturais, frente aos sistemáticos ataques militarizados impetrados por empresas  capitalistas, burguesias agrárias e Estados burgueses. Esse ativismo rebelde e  armado também é verificável na participação destacada do campesinato em  revoluções sociais socialistas e guerras de libertação e emancipação nacional.

No mesmo período, ademais de crescentes apreensões dos processos  ecológicos e de suas interações com a agricultura no meio acadêmico-científico,  reações criativas e persistentes vão sendo formuladas e postas em prática no  campo, com ampla experimentação e, em geral, em relação direta com o campesinato, sustentando a natureza como referência necessária para a  reconstrução ecológica das agri-culturas. Estas iniciativas vão fundamentar e  estruturar diversos sistemas de agri-culturas de base ecológica-orgânica. 

É nos primeiros anos que se seguem à Revolução Russa, em 1928, que se  coloca o conceito de agroecologia, por iniciativa do botânico e agrônomo russo  Vasily Mitrofanovich Benzin, que posteriormente radicou-se nos Estados Unidos  da América, onde divulgou suas elaborações (CAVALCANTI-SCHIEL, 2024). 

O primeiro e maior programa de agroecologia realizado até a atualidade se deu  a partir de 1949, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas-URSS,  denominado de Grande Plano de Transformação da Natureza. Elaborado e  proposto pela Academia de Ciências e outras instituições de ensino e pesquisa,  foi implementado de início um total de 112 mil hectares. Previa-se sua  implementação total até o ano de 1965, no entanto, foi encerrado em 1955, com  em torno de um terço das metas realizadas. 

A retomada acadêmico-científica da agroecologia vai ser impulsionada a partir  dos anos 1975. Pesquisadores passam a estudar sistemas agrários camponeses  em alguns países latino-americanos, e a sistematizarem e publicarem artigos e  livros que alcançarão crescente público nos anos de 1980. No Brasil, é sobretudo  no final desta década, e em especial na década de 1990, que a agroecologia  será amplamente assumida por diversificados sujeitos sociais com atuação junto  à agricultura camponesa. Nos anos 2000, os Movimentos Sociais do Campo  articulados na Via Campesina no Brasil é que assumirão a agroecologia no seu  programa político, e na sua implementação nacional junto às famílias  camponesas organizadas em seus territórios – comunidades, acampamentos e  assentamentos da reforma agrária (GUHUR; SILVA, 2021; COSTA, 2017). 

Um feito extraordinário e decisivo realizado pelo MST, foi a iniciativa pioneira em  2002 de criação do primeiro curso técnico médio em agroecologia no Brasil.5 Já  em 2005, por iniciativa coletiva da Via Campesina, se estabeleceu o primeiro  curso de graduação em agroecologia no Brasil e na Venezuela. 

Verificamos assim que no transcurso de apenas duas décadas forjamos no  Brasil, nas lutas da Articulação Nacional por Uma Educação do Campo,  atualmente conformada no FONEC – Fórum Nacional de Educação do Campo, um sistema de educação profissional em agroecologia que vai do nível médio  técnico ao doutorado. Além disso, na atualidade, viemos efetivando iniciativas  várias no país, de incluir a agroecologia na educação básica. Uma vitória que  muda em profundidade o curso da história da educação profissional em ciências  agrárias até então sob hegemonia absoluta, inicialmente das oligarquias rurais  latifundiárias, depois da burguesia agrária e atualmente do agronegócio. 

Decisivamente, são estas iniciativas no âmbito da educação, incluindo a  educação formal técnica, associadas ao crescente movimento de caráter  camponês e popular, que afirmarão a agroecologia como foice, alicate e facão,  derrubando as cercas do latifúndio dos conhecimentos em ciências agrárias.  

Agro – eco – logia 

Vocábulos 

Fonemas 

Modos de viver 

Lutas 

Canções 

Poemas.

A palavra agroecologia se origina da junção de três étimos: agro + eco + logiaAgro faz referência à agricultura, por sua vez composta por agri + cultura. Do  latim, “agri”, azedo, ácido. Para ilustrar lembremos de vinagre (que é vinho ácido,  azedo), agridoce (tempero que resulta da mistura de substância ácida, como  vinagre ou limão, com outra adocicada, como mel ou açúcar). Em agri-culturatem o sentido de trabalho árduo, penoso. “Agro” também deriva do grego “ager”,  campo, gleba correspondente à capacidade de trabalho agri-cultural de uma  família. Cultura vem do latim “colere”, que significa cultivar, criar, cuidar, tomar  conta. 

Assim, por sua origem, pode-se tomar o vocábulo agricultura no sentido  reiterador de relações sociais de cultivar o campo, criar no campo plantas e  animais, sob relações de cuidado, de tomar conta. Relações sociais na e com a  natureza, que criativamente transformam o campo (a natureza, os ecossistemas)  agri-culturalmente, e simultaneamente transformam os sujeitos humanos  agentes das criativas transformações.  6

De onde o entendimento de que a realização agri-cultural demanda  necessariamente a presença humana no campo, o enraizamento humano no  campo. No quadro histórico atual, demanda e mantém historicamente a  exigência da reforma agrária, a demarcação dos territórios dos povos originários,  quilombolas e comunidades tradicionais. Sem terra e territórios, os sujeitos do  campo não se realizam humanamente. Eco vem do grego “óikos”, que significa casa, lugar, ambiente. Que de imediato  nos remete à noção de “’casa comum”, “lugar” de morada da coletividade da  Vida, de modo que cada qual está em relação com cada qual, numa inextrincável  totalidade: eu – não-eu – nós. Os seres orgânicos se relacionam e interagem em  diversificadas cadeias e teias de vida, onde a potência do movimento vivo é o  alimento, que nutre o metabolismo universal da natureza. Todos os seres  orgânicos são simultaneamente alimento e produtores de alimentos. A natureza  não produz insumos e, tampouco, produz lixo. Matéria e energia fluem em ciclos  e fluxos.  

Ambiente entendido como lugar em forjamento permanente, pelas interações  abióticas e bióticas, em que cada ser orgânico realiza sua existência relacional  transformando o lugar segundo suas especificidades naturais (aqui, podemos  afirmar uma síntese universal da natureza: inorgânico – orgânico). Enquanto o  humano, de maneira diferenciada, realiza sua existência social intencionalmente,  tomando ao mundo teleologicamente, externalizando e objetivando material e  subjetivamente seu pré-projeto, e continuamente expandindo seu campo de  possibilidades. 7

Coloca a necessidade de conhecer mais e melhor a natureza, os processos  ecológicos, nos níveis micro e macro, do lugar-ambiente-casa onde o ser  humano se faz presente, realizando sua produção e reprodução social e  ecológica, e que segue até a apreensão da biosfera, a casa comum da  comunidade da Vida. 

Logia, do grego “logos”, saber, conhecer. Que nos remete justamente a  considerar a esfera do sujeito do conhecimento, a destacada capacidade e  perene possibilidade do ser humano tomar a si e ao mundo como desafio  epistemológico (FREIRE, 2005). Faz referência aos conhecimentos, aos  saberes, às sabedorias, engendrados na práxis histórica do devir humano, desde  a longínqua jornada de hominização que se diversifica na presença de nossos  ancestrais hominídeos, e se expande em humanização na práxis do Homo sapiens sapiens (MAZOYER; ROUDART, 2010). 

Tomemos em reflexão quão diversos e complexos conhecimentos compõem os  quefazeres agri-culturais. Transformar plantas e animais silvestres em plantas  cultivadas e animais de criação segundo intencionalidades humanas, podemos  dizer, plantas e animais humanizados em quefazeres em que os humanos se  humanizam. Reflitamos sobre toda a vasta gama de conhecimentos apreendidos  e transformações operadas historicamente: a germinação das sementes, a  reprodução dos animais, o manejo dos solos e das águas, os sistemas de  produção, o conhecimento do clima e das estações do ano, o calendário, as  ferramentas e máquinas, as instalações, o beneficiamento, a  agroindustralização, a culinária com incomensuráveis práticas e receitas, a  organização social, política e do trabalho, os valores morais, a ética, as  cosmovisões, as espiritualidades, as religiões, as músicas, as danças, as  poéticas, os ornamentos, os trajes. Uma interminável e perene criação e  recriação de conhecimentos correlacionados, e transformações de si e do  mundo. A agroecologia é, portanto, práxis campônia que nas suas objetivações práticas  do trabalho, transformam agri-culturalmente ecossistemas em agroecossistemas. Trabalho, que sendo práxis, constitui-se de conhecimentos – sua prática ideal, imaterial, abstrata – e toma material da natureza e o  transforma, humaniza, conferindo-lhe forma, sentido, valor de uso para a  satisfação de necessidades humanas – sua prática objetiva, material, concreta. 

Práxis sendo ação prático-material e ideal, que se conforma dialeticamente como  totalidade – ação – reflexão – ação. 

Trabalho, práxis e Ser Social

“Viver e não ter a vergonha  

De ser feliz 

Cantar, e cantar e cantar 

A beleza de ser um eterno aprendiz”. 

(Gonzaguinha; O Que É O Que É?) 

Das culturas que emergiram das pegadas dos ancestrais hominídeos até nós (a  espécie Homo sapiens sapiens), podemos destacar, num sentido criador e  criativo, o feito do Australopitcus Afarensis, que intencionalmente tomou a pedra  e a impregnou de sentido objetivo criativo, tomando a pedra como objeto de  trabalho, e como meio de trabalho, realizando o prototrabalho, a iniciação do  trabalho como meio autoproducente do ser. Trabalho que se fará mais e mais  sofisticado pelo Homo habilis, um tanto mais pelo Homo erectus, mais ainda pelo  Homo neanderthalensis. Este último, com quem o Homo sapiens não só  conviverá, mas com quem terá relações sexuais e reproduzirá descendentes,  numa reafirmação do ser humano como ser nat

ural, como mais uma espécie em  relação com outras espécies aparentadas (ZORZETTO, 2021). 

Nessa jornada, o trabalho se torna mais e mais objetivação prática, operando  transformações materiais da natureza em bens para a satisfação das  necessidades do ser em ação e da sociedade. Em se tratando do ser Homo  sapiens sapiens, como força autoproducente, se desenvolverá “um outro novo  tipo de ser, distinto do ser natural: o ser social” (NETTO; BRAZ, 2010, p.34), o  ser da práxis.  

Tanto mais se realiza humanamente, tanto mais o ser social diversifica e  complexifica suas objetivações (a práxis). E na base fundante do ser social, o  trabalho permanece como modelo da totalidade das objetivações, “uma vez que  todas elas supõem as características constitutivas do trabalho (a atividade  teleologicamente orientada, a tendência à universalização e a linguagem  articulada)” (NETTO; BRAZ, 2010, p.43). 

A práxis, portanto, é a categoria que nos permite apreender ao ser humano como  sujeito omnilateral, capaz de múltiplas possibilidades de objetivações, ou seja,  em seu devir, capaz de expandir suas capacidades de objetivar transformações  materiais do mundo e realizar elaborações ideais, imateriais, sendo sujeito da  contradição, criador da beleza e da contra-beleza

Podemos, então, visualizar a síntese universal natureza – sociedade: Inorgânico  – Orgânico – Ser social.

Entretanto, no modo de viver sob a opressão e exploração de classe na ordem  social burguesa – o capitalismo, a sociedade venal, mercantilizada –, o ser  humano encontra-se coisificado e unilateralizado como ser mercadoria:  trabalhador, força de trabalho. Ao passo que a práxis, nas suas objetivações  ideal – imaterial – abstrata, tanto mais se diversifica e realiza na medida em que  o tempo de trabalho socialmente necessário à produção dos bens para a  satisfação das necessidades humanas (a jornada social de trabalho) se torna  cada vez menor, proporcionando a expansão continuada do tempo livre. 

Dessa maneira, a realização crescente da desalienação do trabalho e do  conjunto da práxis é uma possibilidade histórica viabilizável somente com a  superação do capital. O que fazer libertador se efetiva assim em emancipação  humana, onde mais e mais o ser humano se humaniza (se encontra consigo e  com a natureza) na realização das múltiplas possibilidades humanas; o que é 

belamente referido por Marx (2009, p.49), quando aponta que, na sociedade  comunista,  

[…] cada homem não tem um círculo exclusivo de atividade, mas pode  se formar [aususbilden] em todos os ramos que preferir, a sociedade  regula a produção geral e, precisamente desse modo, torna possível  que eu faça hoje uma coisa e amanhã outra, que cace de manhã,  pesque de tarde, crie gado à tardinha, critique depois da ceia, tal como  me aprouver, sem ter de me tornar caçador, pescador, pastor ou  crítico. 

Nessa perspectiva, o trabalho é visto como constituído e constituinte da práxis  humana, mediação das relações sociais e com a natureza, na produção dos  valores de uso para a satisfação das necessidades humanas e expansão do  tempo livre. Passando a ser livre fruição, realização humana e objetivação da  sociedade de produtores livremente associados, pois parafraseando Leon 

Trótsky, é preciso conquistar para todo ser humano o direito não somente ao pão  mas também à poesia, uma vez que “o ser humano é um ser artístico, um ser  desejante, um ser libidinal, um ser criativo, um ser religioso etc e etc” (MANOEL,  2024). 

É exatamente este sentido radical da liberdade, como estado de emancipação  humana no devir histórico, que se pode denotar das formas sociais de  organização de distintos povos originários que eram “pessoas livres” (conforme  vasta pesquisa de Graeber e Wengrow, 2022, p. 151): “O auxílio mútuo – o que  os observadores europeus da época muitas vezes chamavam de “comunismo”  – era tido como a condição necessária para a autonomia individual”.  

Tal liberdade se encontra referida às exigências das condições objetivas,  materiais e, das condições subjetivas para seu exercício cotidiano, somente  sendo realizável numa direção expansiva com a superação da sociedade  burguesa capitalista, uma vez que nesta sociedade o ser social está sucumbido  na alienação da sua própria existência e reprodução.  

Apresenta-se, pois, como imperativo a superação das determinações do capital,  que no fundamental se resumem à propriedade privada dos meios de produção,  da divisão social do trabalho e da produção mercantil (NETTO, 2020, p. 123). A  liberdade em expansão requer tempo livre em expansão, “o mundo humano  numa viva ação recíproca dos próprios homens” (LUKÁCS, 2010, p.81), no devir  em que o sujeito social vai engendrando a emancipação humana, de modo que  o ser humano se aproprie da sua essência omnilateral de uma maneira  omnilateral, isto é, “como ser humano total” (MARX; ENGELS; 2010). Frente a  esse desafio, não há outra saída: “O ser humano coletivo sente necessidade de  lutar” (Chico Science; Monólogo ao pé de ouvido). 

Nessa toada, o fragmento da canção Comida nos remete a seguirmos também  cantando e dançando nos quefazeres das lutas: 

A gente não quer só comida 

A gente quer comida, diversão e arte 

A gente não quer só comida 

A gente quer saída para qualquer parte (Titãs). 

A base da organização do trabalho há de ser a cooperação. Na práxis histórica  da longa experimentação agri-cultural, nossos ancestrais desenvolveram  diversificadas formas de cooperação em seus processos de produção e  reprodução da vida social. Necessariamente, a cooperação não só antecede,  como se impõe na atualidade dos Movimentos Sociais Populares do Campo  como exigência condicionante ao avanço da agroecologia como orientação à  reconstrução social e ecológica das agri-culturas campônias. 

Para continuamente alcançar, desde esta objetivação, a desalienação da práxis  camponesa, e reverberar na sociedade, proporcionando avanços agroecológicos  no confronto, na luta de classes com o capital-agronegócio. 8

Parafraseando Paulo Leminski, poetizemos: 

En la lucha de clases  

Todas las armas son buenas 

Piedras 

Noches 

[Agroecología] 

Poemas. 

Agronegócio, invasão cultural e indústria cultural 

Vimos anteriormente a origem etimológica da palavra agricultura, da qual deriva  a palavra “agronegócio”, Agro + negócio. 

Agro é uma contração que oculta um conteúdo essencial, tratando-se ao mesmo  tempo de uma corruptela, dado corromper, manipular e tornar utilitário seu  conteúdo etimológico, dando-lhe um sentido mágico, abstrato, ressignificado no  imaginário social segundo a ideologia da classe dominante.  

Especialmente ao subsumir o termo “cultura”, o termo “agro” mitifica a  significância fundamental do vocábulo agri-cultura, ocultando as relações  sociais necessárias do sujeito humano criador e criativo, e se faz efetiva  manipulação ideológica da subjetividade social, direcionando-a magicamente da  maneira que interessa à burguesia: “agricultura é não mais do que agro-negócio”.  No âmbito da propaganda, permite massificar uma publicidade totalitarista: “o  agro é pop; o agro é tech; o agro é tudo”. Subsumindo, dessa maneira, a  diversidade dos sujeitos do campo em sua multiplicidade étnico-cultural, e dos  agrocossistemas e seus sistemas de produção, em um conjunto de imagens e  discursos, que ao final, dialeticamente se diluem e se unificam num consenso  social pasteurizante reificador: “o agro é negócio; o agro é tudo; tudo é negócio”. 

Entretanto, uma palinha com Gilberto Gil ilustra perfeitamente a farsa e a  dramaticidade do agronegócio: 

Fui passear na roça 

Encontrei Madalena 

Sentada numa pedra 

Comendo farinha seca 

Olhando a produção agrícola 

E a pecuária 

Madalena chorava 

Sua mãe consolava 

Dizendo assim 

Pobre não tem valor 

Pobre é sofredor 

E quem ajuda é Senhor do Bonfim. 

(Gilberto Gil; Madalena).

Para o agronegócio, o campo não passa de uma fábrica expandida a campo  aberto, a pleno sol, sendo a agricultura apenas uma engrenagem na reprodução  ampliada do capital.  

O modo de viver do agro-negócio é o campo fabril, maquinal, sem gente, o  campo como mono-cultura – monocultura de poucas mercadorias agropecuárias  e, monocultura da subjetividade, como cultura totalitária do capital. Neste  mórbido contexto que se agrava e avança, é que o fazer cultural artístico também  sucumbe, não podendo ser mais do que a objetivação da “aparência como o  único modo de ser possível e real dos homens” (LUKÁCS, 2010, p.87). 

Em sua incessante ação pela hegemonia política, que reverbera na batalha das  ideias, o agronegócio se organiza em distintos aparelhos privados de hegemonia  da classe, e em que pese suas diferenciações internas e seus conflitos de  interesses burgueses, se unifica no “Partido do Agronegócio”. Uma das esferas  privilegiadas de sua ação inclui cada vez mais a ofensiva sobre as escolas  públicas, não só no âmbito da graduação e pós-graduação em ciências agrárias,  mas também e com força na educação básica (LAMOSA, 2016).9  

A produção de uma imagem pretensamente positiva do agronegócio, que busca  conformar uma opinião pública favorável a seu dispor, conta com vultuosos  investimentos financeiros. Tais investimentos promovem continuamente a  “invasão cultural” (FREIRE, 2005), que para além da educação formal, se espraia  na sociedade via patrocínios a artistas, shows, eventos de recorte ruralista, etc,  conformando uma estratégica aliança com a indústria cultural. (CHÃ, 2016).  

O agronegócio realiza a exploração dos Povos do Campo, das Águas e  Florestas, usurpando a riqueza social que produzem bem como sua  subjetividade, por meio da manipulação ideológica. Instaura-se no imaginário do  seu hospedeiro (FREIRE, 2005), alienando sua visão de mundo, as cosmovisões  campônias.  

Já no polo oposto, antagônico, temos a agroecologia, que não esqueçamos, se  dá na atualidade em conflito e contradição com o capital. E que possibilita  confrontar-se com a objetividade material como “invasão cultural”, para forjar,  coletivamente, a superação da opressão e exploração operada pelo capital. 

Agronegócio x Agroecologia: a Educação dos Sentidos 

Em sentido antitético à agroecologia camponesa, a atividade burguesa do  agronegócio constitui uma objetivação alienada do burguês, tanto por estar  subsumido na atividade venal na busca frenética da reprodução ampliada do  capital, como por sua completa “separação” da natureza. Uma vez que o ser  burguês do agronegócio sequer conhece de forma direta e pessoal os latifúndios de que dispõe como propriedade privada, e tampouco realiza qualquer atividade  produtiva de transformação da natureza nas commodities que negocia nas  bolsas de valores, seus sentidos são esvaziados de sensibilidade humana  humanizadora. Sua sensibilidade em relação a outro ser humano se limita,  quando muito, à caridade – “falsa generosidade”, e em relação à natureza, não  se manifesta mais do que num gozo momentâneo, fugaz, mas sobretudo,  alcança êxtase ao calcular seu valor mercantil. De modo que, tendo “O sentido  preso na necessidade prática rude tem também somente um sentido tacanho”.  E sob tal condicionamento,  

O homem necessitado, cheio de preocupações, não tem nenhum  sentido para o espetáculo mais belo; o comerciante de minerais vê  apenas o valor mercantil, não a beleza nem a natureza peculiar do  mineral; ele não tem qualquer sentido minerológico […] (MARX, 2015,  p. 352-353).

No tratamento da formação e educação histórica dos sentidos, Marx (2015, p.  350) afirma que

Para o lugar de todos os sentidos físicos e espirituais entrou, portanto,  a simples alienação de todos esses sentidos, o sentido do ter. A  superação da propriedade privada é por isso a completa emancipação  de todos os sentidos e qualidade humanas; mas ela é emancipação  precisamente pelo fato de esses sentidos e qualidades terem se  tornado humanos, tanto subjetiva quanto objetivamente. 

Ao contrário do agronegócio, de certa maneira a práxis agroecológica demanda  e ao mesmo tempo estimula ao sujeito da ação a reeducação dos sentidos, o  qual vai se forjando um ser sensível mais e mais consciente de sua sensibilidade.  Sujeito da práxis agroecológica que denota modos sensíveis de se ver e sentir  humanamente pertencente ao gênero humano e à natureza, de modo que,  também consciente das relações cotidianas que efetiva com a terra, a água, a  chuva, a seca, o ar, o fogo, o vento, a brisa, o calor, o frio, as sementes, as  plantas, os animais, o sol, as estrelas, a lua, o dia e a noite, as estações do ano,  as cores e cheiros naturais, mobiliza o ser em sua omnilateralidade que se vai  objetivando em criatividade objetiva-material e subjetiva-imaterial. 

Podendo, desta maneira, apreender-se dialeticamente pertencente à magnitude  da totalidade social e cósmica, radicalmente cônscio de “Que a vida física e  espiritual do homem esteja em conexão com a natureza não tem outro sentido  senão que a natureza está em conexão com ela própria, pois o homem é uma  parte da natureza” (MARX, 2015, p. 311). 

Neste sentido é que a práxis campônia agroecológica proporciona um cotidiano  qualificado potencialmente ampliador do campo de possibilidades à educação  dos sentidos, haja visto, como afirma Marx (2015, p. 352-3) que  

A formação dos sentidos é um trabalho de toda a história do mundo  até hoje. (…). Portando, a objetivação da essência humana, tanto do  ponto de vista teórico quanto do prático, é necessária tanto para fazer 

humanos os sentidos do homem como para criar sentido humano correspondente a toda a riqueza do ser humano e natural. 

As necessidades humanas tomadas em desafio dinamizam os processos  cognitivos, a criatividade, a teleologia, que almejam sua satisfação subjetiva e  objetiva, e uma vez externalizadas reverberam na fruição prática produtora da  satisfação daquelas necessidades de ordem material e imaterial. Dentre outras  repercussões, incidirão na continuada educação dos sentidos, e por sua vez, da  sensibilidade humana, dado que “As necessidades humanas, porque sensíveis,  implicam objetos para a sua satisfação; estão vinculadas aos sentidos humanos,  que se apropriam desses objetos, que não são naturais” (NETTO, 2020, p. 130). 

Dotado da capacidade de distanciar-se de si e do mundo, o sujeito da práxis  agroecológica pode também tomar a si e ao mundo como desafio  epistemológico, e se distinguir como parte em conexão, sabedor de que “O  animal dá forma apenas segundo a medida e a necessidade da species a que  pertence, enquanto o homem sabe produzir segundo a medida de cada species  e sabe aplicar em toda a parte a medida inerente ao objeto; por isto, o homem  dá forma também segundo as leis da beleza” (MARX, 2015, p. 313).  

Cultura, Arte e Agroecologia 

O que hoje podemos chamar de “comportamento humano simbólico complexo,  ou simplesmente cultura” (GRAEBER, WENGROW, 2022, P. 100), é objeto de  múltiplas e complexas controvérsias, sobretudo quando nos remetemos a  considerar as manifestações dos seres humanos ancestrais e de nossos  ancestrais hominídeos. Mesmo nosso “primo”, o Homo neanderthalensis, pode  ter sido um “Homo estheticus’” (CONDEMI; SAVATIER, 2018, p.152): “o  Neandertal no mínimo esteve em contato com as artes sapiens, e pode ter sido  ele próprio um artista”, e deste encontro se pode verificar “a emergência da  grande arte parietal em continuidade com as criações de dois milhões de anos  da história da arte…”. 

Assim, o pensamento simbólico antecede temporalmente a iniciação das agri culturas, e esta capacidade já vinha sendo objetivada em ferramentas  ornamentadas, adornos corporais (como colares), artes pictóricas e gravuras,  seja no interior de cavernas ou grutas (arte parietal) ou em ambientes rochosos  externos (arte rupestre). É cabível aduzir que tais capacidades de fruição  artística tiveram sua continuidade e expansão constituindo uma das objetivações  dos povos campônios (agricultores e pastores), e povos caçadores e coletores,  persistindo e se expandindo ainda muito mais na atualidade. Cabe ilustrar,  conforme Graeber e Wengrow (2022, p. 98), que mesmo frente à imensurável  diversidade de modos de vida, “não se conhece nenhuma população humana  que não tenha música nem dança”. 

É fato que a práxis agri-cultural agroecológica campônia objetiva a conformação  de agroecossistemas esteticamente diversificados, combinando as  transformações humanizadoras operadas na natureza com a preservação e  regeneração de ecossistemas naturais, os quais, seja no âmbito de uma única 

unidade familiar ou num território ampliado, materializam mosaicos de  etnodiversidade – agrobiodiversidade – biodiversidade. 

Ademais da já referida estética campônia posta na estrutura dos  agroecossistemas, é indubitável que no seu devir histórico os Povos do Campo,  das Águas e Florestas se apresentam como artistas criadores em múltiplas  linguagens artísticas: a música, a dança, o teatro, a literatura, a pintura, a  escultura, a arquitetura… E que criam tudo o mais que conforma cada uma das  linguagens artísticas: instrumentos musicais, vestuário, ornamentos,  coreografias, infraestrutura, instrumentos de trabalho, materiais diversos.  

Ao alimentar o cultivo educativo dos sentidos humanos, e proporcionar  quefazeres práticos materiais e imateriais, a agroecologia desafia a capacidade  imaginativa, abrindo o campo da criatividade frente aos desafios sociais e  ecológicos que se colocam nas relações sociais de produção e reprodução da  vida. Ao transformar o mundo, o sujeito humano transforma a si mesmo, pois  que é parte do mundo. A “separação” do sujeito frente ao mundo, não pode ser  mais do que momentos de “distanciamento”, de “ad-mirar” o mundo, abstração,  processo gnosiológico de tomar o mundo como desafio epistemológico, de  apreensão de si e do mundo (FREIRE, 2005). 

À guiza de conclusão 

Nos Movimentos Sociais Populares do Campo articulados na Via Campesina,  está claro que a agroecologia que se vem objetivando nos agroecossistemas e  nos currículos da Educação do Campo, vivenciada e sentida como modo de vida  campônio, “não tem volta” (Ana Maria Primavesi, in KNABBEN, 2016). Está posta  como objetivo estratégico nos Programas Agrários das organizações.  

A consciência crítica da dimensão ecológica da vida, que orienta o quefazer  agroecológico e a convivência social na e com a natureza, reverbera nas  múltiplas dimensões do Programa Agrário, se constituindo assim em dimensão  do programa político, em posicionamento político na luta de classes. Supera  qualquer viés oportunista de caráter burguês (o qual coopta a problemática  ambiental-ecológica situando-a como oportunidade de negócio: econegócio,  capitalismo verde, sequestro de carbono), e reafirma que “A agroecologia é  política e […] exige que enfrentemos, desafiemos, e transformemos as estruturas  de poder da sociedade” (DECLARACIÓN…, 2015, p.5). 

A agroecologia, portanto, não pode ser plenamente generalizada no interior da  sociedade capitalista, haja visto que as determinações do capital fazem dele um  autômato que opera a impositividade negativa da exploração do trabalho e da  natureza, independente das vontades pessoais.  

Entretanto, a agroecologia qualifica os Povos do Campo, das Águas e Florestas  no seu programa político orientado na luta de classes pela superação do  capitalismo, de modo que “(…) é no âmbito das lutas e da resistência dos povos  contra o capitalismo que se inscreve a agroecologia”. Tal posicionamento porta  a clareza de que a agroecologia não “(…) seja confundida com uma proposta 

política e societária em si mesma, o que de fato não é” (GUHUR; SILVA, 2021,  p.70). 

Significa, sim, o combate e superação do capitalismo como condição para a  expansão da emancipação humana, como condição para que se possa,  “restabelecer o curso alterado da coevolução social e ecológica” (SEVILLA  GUZMÁN; MOLINA, 1996). Não só para os Povos do Campo, das Águas e  Florestas, mas também para uma sociedade emancipada, liberta da alienação  do trabalho, da propriedade privada, da divisão social do trabalho e da produção  mercantil, reencontrar-se como gênero humano e pertencente à natureza, e  restabelecer o metabolismo sociedade-natureza (FOSTER, 2023). Reconquistar  o tempo livre – o tempo de fruição –, abrindo a vida humana como campo  ecologicamente fértil, realizando a cada dia “Um mundo onde sejamos  socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” (Rosa  Luxemburgo). Generalizar a agroecologia na práxis social cotidiana, e de mãos  dadas na imensidão do gênero humano, pintar, esculpir, tecer, ornamentar,  cantar, dançar, sentir e viver, cônscios de que “Quando o extraordinário se torna cotidiano, é a revolução” (Che Guevara). 

Referências 

CAVALCANTI-SCHIEL, Ricardo. Como os soviéticos venceram a desertificação.  A terra é redonda, 22/09/2024. Disponível em:  https://aterraeredonda.com.br/2024/09/22/ 

CHÃ, Ana Manuela de Jesus. Agronegócio e indústria cultural: estratégias  das empresas para a construção da hegemonia. São Paulo: Expressão  Popular, 2016.  

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1997. 

CONDEMI, Silvana; SAVATIER, François. Neandertal, nosso irmão: uma  breve história do homem. Vestígio, 2018. 

CONNER, C. D. Histoire populaire des sciences. [s. l.]: Éd. L’échappée, 2011. 

COSTA, Manoel Baltasar Baptista da, Agroecologia no Brasil: história,  princípios e práticas. São Paulo: Expressão Popular, 2017.  

DECLARACIÓN DEL FORO INTERNACIONAL SOBRE AGROECOLOGÍA.  Nyéléni, Mali, 2015. In: LA VIA CAMPESINA. Agroecología campesina: por la  soberanía alimentaria y la Madre Tierra. Cuaderno n. 7, n. 2015, p. 62-70. 

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FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 43a. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 18a. ed. Paz e Terra,  1987. 

GRAEBER, David; WENGROW, David. O despertar de tudo: uma nova  história da humanidade. Companhia das Letras, 2022. 

GUHUR, Dominique M. P., LIMA, Aparecida C., TONÁ, Nilciney, TARDIN, José  Maria, MADUREIRA, J. C. As práticas educativas de formação em agroecologia  da Via Campesina no Paraná. Cadernos de Agroecologia, 2016, vol. 11, n. 1. 

GUHUR, Dominique M. P.; SILVA, Nívia Regina. Agroecologia. In: DIAS,  Alexandre Pessoa et al. Dicionário de agroecologia e educação. São Paulo:  Expressão Popular; Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim  Venâncio, 2021, pp. 59-73. 

KNABBEN, V. M. Ana Maria Primavesi: histórias de vida e agroecologia. São  Paulo: Expressão Popular, 2016. 

LAMOSA, R. de A. C. Educação e agronegócio: a nova ofensiva do capital nas  escolas públicas. Curitiba: Appris, 2016. 

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TARDIN, José Maria. Agricultura. In: DIAS, Alexandre Pessoa et al. Dicionário  de agroecologia e educação. São Paulo: Expressão Popular; Rio de Janeiro:  Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2021, pp. 29-36. ZORZETTO, Ricardo. Laços de família: Há cerca de 46 mil anos seres humanos  modernos já habitavam o coração da Europa e tiveram filhos com neandertais.  Pesquisa Fapesp, Genética, Ed. 303, maio 2021. Disponível em:  https://revistapesquisa.fapesp.br/lacos-de-familia/

  1. Técnico agropecuário, educador popular em agroecologia, militante do MST. ↩︎
  2. Engenheira agrônoma, mestre em educação, educadora popular em agroecologia e tradutora,  militante do MST. ↩︎
  3.  Esta base categorial e conceitual decorre do já exposto no acumulado na concepção que segue  em atualização, mas bem sistematizada nos verbetes de Agroecologia nos Dicionários da  Educação do Campo (2012) e de Agroecologia e Educação (2021). ↩︎
  4. 5 Para uma visão detalhada desse processo, ver Conner, 2011. ↩︎
  5. Para mais detalhes sobre o histórico de criação dos primeiros cursos técnicos e  tecnológico de agroecologia, ver GUHUR et al, 2016.
    ↩︎
  6. Ver mais em: Chauí (1997, p. 292); Tardin (2012, p. 178; 2021, p. 29-30).
    ↩︎
  7. Ver mais detalhadamente em Marx & Engels (2010). ↩︎
  8.  Para a relação entre agroecologia e cooperação, consultar o verbete “Cooperação” dos já  referidos dicionários.
    ↩︎
  9. Ver também RIBEIRO, Dionara Soares. A implementação da política de educação  do campo no município de Itamaraju Bahia. (Monografia – Curso de Especialização  Trabalho, Educação e Movimentos Sociais). Escola Politécnica de Saúde Joaquim  Venâncio (EPSJV) e Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF). Rio de Janeiro,  2015.
    ↩︎

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