
A tekoa Guyra Nhendu (aldeia Som dos Pássaros, do povo Guarani Mbya) e o Território Junana se localizam ao final da Linha Solidão, estrada do município de Maquiné, Litoral Norte do RS. A situação da estrada é deplorável e os serviços da prefeitura não costumam chegar ao trecho final da Linha. Tentativas de diálogo foram feitas ao longo dos anos, sem sucesso. Desde março uma nova reivindicação vem sendo feita junto à Prefeitura, em especial com a Secretaria de Obras. O prefeito Luciano Alves (PDT-RS) e Cristiano, responsável da prefeitura pelas obras nas estradas, sempre dizem que o trabalho vai ser feito, o que acaba não acontecendo – e sem explicações.
No começo do ano o único carro que a aldeia possuía capotou no acesso final à aldeia. Vidas foram colocadas em risco e agora a aldeia não possui nenhum veículo, num município em que não existe transporte público entre as Linhas. É comum carros ficarem empenhados e caminhões não conseguirem chegar à aldeia, o que prejudica o deslocamento de pessoas, acesso à saúde e a chegada de mantimentos e de materiais para as necessárias obras de infraestrutura.

A cacica Julia Gimenes e outros representantes da aldeia e do Território Junana marcaram conversa com a prefeitura. Foram recebidos de pé na entrada da Secretaria de Obras por Cristiano, que apenas dispôs de poucos minutos e disse que iria ver a situação no local e conversar pessoalmente. Após alguma insistência, depois de muitos dias, ele foi até o local pela primeira vez, pois não conhecia a aldeia e demonstrou total desconhecimento da realidade da comunidade, e acordou o serviço que ia ser feito – e deu um prazo de vinte dias ou no máximo um mês. Não foi cumprido. Deu mais um mês de prazo, que também não foi cumprido. Recentemente, depois de descumprir mais um prazo, sugeriu trazer um outro material que não o acordado, o que não supre as necessidades locais para garantir o acesso.
A comunidade está cansada do descaso e do modo de fazer política “juruá”, dos brancos, que apenas fazem promessas e usam as palavrar para enganar. Queremos um diálogo franco, bem-intecionado e objetivo, com escuta das necessidades reais da comunidade e seu conhecimento sobre o território, para que o acesso seja garantido.