Posted on: 25 de setembro de 2025 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

Mais uma vez a Editora da Teia dos Povos e a GLAC edições propõem livros-saídas para o futuro. Agora, junto também da Editora Entremares, a campanha vem em um combo de dois livros que, se não tivessem sido escritos com uma diferença de 66 anos, seriam irmãos de luta e de esperança. 

Diante dos desafios do nosso tempo, decidimos colocar lado a lado um pioneiro estudo sobre o mutirão e uma cartografia internacional das práticas ecológicas revolucionárias para afirmar que as respostas para a crise climática e social já brotam da solidariedade, da coletividade e da autonomia dos povos.

Agora, temos um mês para arrecadar R$ 21 mil para custear a impressão de cada livro, vamos juntos?

Apoie essa campanha!

Os Livros

Mutirão: ajuda mútua no campo, de Clovis Caldeira

Um resgate histórico da força coletiva que sustenta a vida do campo no Brasil, agora reeditado com prefácio de Erahsto Felício e biografia crítica de Elisabeth Zorgetz, bisneta do autor. Publicado originalmente em 1952, o livro foi a primeira obra a tratar de maneira ampla e rigorosa sobre o mutirão, uma prática ancestral de solidariedade, que atravessa raízes indígenas, africanas e portuguesas e se reinventa nas comunidades camponesas de todo o país.

A partir de um inquérito nacional realizado com o apoio do IBGE e de pesquisas diretas, Clóvis Caldeira reuniu um mosaico de experiências que revelam como o mutirão não é apenas trabalho coletivo, mas também festa, canto, resistência e afirmação da dignidade no campo.

Baiano, militante comunista, crítico do coronelismo e das monoculturas predatórias, perseguido pelo Estado Novo, Caldeira nos legou um olhar raro: o de que a vida no campo guarda em si reservas de ajuda mútua capazes de sustentar novas formas de futuro

As soluções já estão aqui: estratégias revolucionárias ecológicas vindas de baixo, de Peter Gelderloos 

Um chamado urgente que ecoa das margens para o centro de nosso tempo histórico. Publicado originalmente pela Pluto Press (2022) e agora no Brasil, com prefácio de Anne Xukuru, o livro desmascara a farsa dos governos, corporações e ONGs que vendem falsas saídas “verdes” enquanto aprofundam a devastação.

Acompanhando por décadas as lutas anticapitalistas, Peter Gelderloos recolheu experiências de territórios insurgentes: comunidades indígenas que replantam florestas, camponeses que defendem a soberania alimentar, coletivos urbanos que reinventam a vida comum.

Em diálogo com povos do Brasil, da Venezuela, da Indonésia, da Europa e de tantas fronteiras em disputa, o autor mostra que a verdadeira resposta à catástrofe climática já está em curso — enraizada na autonomia, na solidariedade e na prática cotidiana de quem resiste.

Com estes livros, reafirmamos um compromisso: conectar a memória das lutas populares às estratégias vivas de resistência que emergem hoje em todo o mundo. Apoiar esta campanha é fortalecer uma rede de saberes e práticas, para que a palavra e a ação sigam caminhando juntas contra a destruição e por um futuro comum.

Os Autores

Clovis Caldeira — Nasceu 1908 em Alagoinhas (BA), filho de comerciantes, e fugiu muito jovem para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em gráficas e jornais em condições insalubres até se tornar funcionário do IBGE. Anos mais tarde, elaborou trabalhos censitários e socioeconômicos para o Serviço de Informação Agrícola. Filiado ao Partido Comunista e amigo pessoal de Graciliano Ramos e Eneida de Moraes, Clóvis escreveu as maiores secções sobre a agronomia brasileira para as enciclopédias da época. Ele foi duramente perseguido e torturado pela polícia do regime ditatorial, a ponto de sua família ter sido obrigada a se livrar de quase todos os seus pertences e documentos. Casou-se com Elisabeth Veloso em Ilhéus e produziu dados fundamentais para a compreensão da sociedade cacaueira do sul da Bahia.

Peter Gelderloos — Ativista anarquista norte-americano, foi preso em 2001 durante protesto contra a School of the Americas, centro de treinamento militar americano que treina militares para a América Latina. Ele fez a própria representação no tribunal e foi condenado a seis meses de prisão. Em 2007, foi novamente detido na Espanha durante um protesto e absolvido em 2009, após alegar condenação injusta e perseguição política. É autor de Como a não violência protege o Estado (2005), referência em debates sobre resistência. William Gillis descreve Gelderloos como “um anarquista comprometido em tornar a teoria anarquista acessível” e “dentro de nosso movimento […] provavelmente o escritor anarquista menos controverso vivo”. Em 2024, ele coproduziu It’s Revolution or Death, uma série documental focada na crise climática global, em colaboração com o coletivo de mídia subMedia.Tv.

Quer ler esses dois livros fundamentais? Garanta o seu apoiando a campanha!

As Edições

Ambos os livros, As soluções já estão aqui: estratégias revolucionárias ecológicas vindas de baixo, de Peter Gelderloos, e Mutirão: ajuda mútua no campo, de Clovis Caldeira, terão o formato de 14 cm X 19 cm, variando apenas quantidade de páginas e tamanho de lombadas:

Arista Convidada

Para criar artes inéditas das capas dos dois livros, convidamos a artista pernambuca ianah. Ela é a responsável pela estética única desta nossa pequena coleção que conecta dois livros tão distantes temporalmente, mas tão ligados por sua potência revolucionária.

Ianah Maia de Mello (Recife-PE) — assina como ianah — é artista visual, animadora e técnica em agroecologia. sua pesquisa artística acerca da ancestralidade e da floresta baseia todo o projeto gráfica da campanha e das publicações.

Gostou do trabalho da ianah? Aproveite e leve uma das obras originais para casa! Elas foram doadas pela artista à Teia dos Povos e fazem parte das recompensas deste projeto!

Formada em Artes Visuais/Cinema de Animação pela AESO (2012), ianah trabalha há 12 anos como ilustradora e animadora independente. Vive e trabalha em João Pessoa (PB), onde pesquisa as relações entre arte e contra-apagamento da memória. Em sua prática, utiliza a imaginação radical para fabular através de instalações, murais e pinturas feitas com terra, obras que busquem borrar as fronteiras entre humanidade, natureza, afetos, memória e futuro. Ela foi a primeira mulher brasileira a pintar um mega mural em empena cega, utilizando a técnica de pintura com tintas de terra (Raízes-Mestras do Côco, Recife, 2023).

Desde 2015 vem desenvolvendo seu trabalho autoral como pintora e muralista. Realizou duas exposições individuais independentes, participou de diversos festivais de graffiti e exposições coletivas, dentre as quais, a Territórios Desviantes (Galeria Marco Zero, 2024). Participou das residências In-Arte/Urbana (2017, RN), Arte SESC (2023, PE), Mobilidade Artística FUNARTE (2024, México) e LAB Ocupação Energisa (2025, PB). Tem obras suas na coleção Art SESC e na Oficina Francisco Brennand.

Formas de fazer parte deste mutirão:

Além de garantir seus livros, você pode escolher entre recompensas que carregam a potência desta aliança. Temos desde os e-books para quem quer acompanhar a leitura de perto, até kits de cada uma das editoras e do kit especial com a Camisa Crítica – isso mesmo!.

Junto com a Camisa Crítica, criamos a bandeira “Reencantar o trabalho” exclusiva para esta campanha, para quem quer estender esta luta para além das páginas. E para quem quer levar para casa um pedaço único dos nossos livros, as obras de arte originais que ilustram as capas – criadas e doadas pela artista Ianaḥ – também estão entre as recompensas.

Cada opção é uma semente diferente que você pode regar. Confira todas as recompensas disponíveis e encontre a que mais conversa com seu gesto de apoio e suas possibilidades!

Equipe

É importante frisar que todos os projetos da editora da Teia dos Povos são desenvolvidos por meio do trabalho militante daqueles que acreditam e constroem o caráter político-ético-espiritual da articulação. Por conta disso, como nenhum trabalho costuma ser pago à equipe responsável, esta campanha tem a finalidade de, primeiro, captar recursos para impressão dos livros, segundo, apoiar materialmente projetos territoriais da Teia dos Povos e, terceiro, caso seja possível, remunerar os trabalhadores e militantes responsáveis por proporcionar este e demais projetos possíveis.

Com o reconhecimento e apoio mútuo, a GLAC edições e a Editora Entremares entraram no projeto, aplicando os mesmos princípios, ofertando seus braços e serviços, assim como a Kasa invisível e CCL Amazônia, responsáveis pela tradução do livro de Peter Gelderloos.

Por enquanto, a equipe de trabalho para ambos os livros é formada por:

Edição, diagramação e capa — Companheiro Sonho (Teia), Leonardo Araujo Beserra (GLAC e Teia) e Adriano Skoda (Entremares)

Ilustração de capa — ianah maia de mello

Tradução — Zenite e Ororo (Kasa Invisível) e Membro do CCL Amazônia

Colaboração textual — Anne Xukuru, Erahsto Felício e Elisabeth Zorgetz
Comunicação — Companheiro Sonho (Teia), Leonardo Araujo Beserra (GLAC e Teia) e Jéssica Antunes (Teia).

Editoras

Teia dos Povos

A editora da Teia dos Povos é uma iniciativa completamente autônoma dos territórios, mestras e mestres e do coletivo de comunicação. Os livros são escritos por lideranças, militantes e anciãs indígenas da Teia, carregados de conteúdos sobre resistência, organização popular, soberanias, saberes da terra e experiências da luta dos povos. Todos os projetos são desenvolvidos através do trabalho militante daqueles que acreditam e constroem o projeto político-ético-espiritual da Teia dos Povos.

Glac

GLAC é uma palavra aglutinante, uma onomatopeia, o som de uma gosma em colisão com uma superfície lisa. É também uma palavra-tiro que emperra, que explode em si mesma. A GLAC edições iniciou suas atividades em 2019, com um projeto de publicações que se voltam à crítica e subversão política do cotidiano, viabilizando escritas de caráter autonomista por meio da edição e tradução de autorias anônimas estrangeiras, autories nacionais, coletivos, artistas e intelectuais, como forma de debater radicalismos e, principalmente, a importância de uma escrita subjetivo-política que impulsione o leitor à autodeterminação.

Editora Entremares

Buscando ampliar os horizontes das publicações sociais no Brasil, a editora Entremares inicia sua trajetória em 2017 e traz ao público algumas obras que percorrem temas como filosofia, política, economia, teatro e literatura. O percurso proposto pela Entremares atravessa o tempo e o espaço, resgatando do passado textos clássicos ou há muito não editados. Também percorre diferentes latitudes e longitudes, publicando autores contemporâneos sedentos por justiça e liberdade. Com isso, pretende proporcionar ao leitor a redescoberta do passado, o encantamento com o presente e a construção de um outro amanhã.

Apoiar esta campanha é mais do que garantir dois livros, é fortalecer uma rede de saberes que irriga as sementes de um futuro possível. Cada contribuição, seja para garantir a sua recompensa ou apoiar a tiragem que chegará aos territórios, é um ato concreto de solidariedade e insurgência.

Se você não puder contribuir financeiramente neste momento, compartilhe esta campanha com suas redes, converse com amigos e familiares. A ajuda mútua também se faz com a divulgação, espalhando a palavra como se fosse semente.
Vamos juntos fazer estes livros brotarem!

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