Posted on: 3 de dezembro de 2020 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

Nesta quarta-feira, 02/12/2020, ocorreu mais uma mobilização envolvendo a Companhia Energética de Brasília (CEB). Manifestantes se concentraram na Praça do Buriti, no Eixo Monumental, a partir das 10 da manhã, para se oporem à privatização da empresa, cujo leilão está marcado para o dia 4 de dezembro na Bolsa de Valores de São Paulo.

Fala-se de privatização da CEB desde 2019. O argumento é de que a empresa possui uma grande dívida e a privatização é a “única saída”. Contudo, esta única saída é um acesso à precarização do trabalho e, consequentemente, da vida. Isso porque os servidores da empresa alertam que, no estado do Goiás, onde antes era CELG e agora é ENEL, a conta de luz aumentou em mais de 30%.

De acordo com o jornal Metrópoles (13/10/2020), o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou: “Não podemos beneficiar 300 a 400 servidores da CEB e prejudicar uma população de 3,2 milhões de pessoas. Em primeiro lugar está a população do Distrito Federal. E se essa privatização se faz necessária para melhorar a eficiência, os investimentos na cidade e os investimentos que a CEB precisa, vamos realizar, sim, com o apoio do Tribunal de Contas (TCDF)”. O G1 (13/11/2020) cita uma fala do presidente da CEB, Edison Garcia: “a privatização é necessária para que ocorra a melhora da qualidade do serviço de distribuição”.

No entanto, a Agência Brasília noticiou em fevereiro de 2020 que “A CEB Distribuição recebeu o Prêmio Aneel de Qualidade ao ser considerada a concessionária com melhor avaliação do consumidor na região Centro-Oeste em 2019. (…) Considerando as concessionárias de grande porte, acima de 400.000 unidades consumidoras, a distribuidora do Distrito Federal ficou em 7° lugar, dentre 31 empresas”.

Luiz, servidor e eletricista da CEB, conta que a luta contra a privatização é antiga:

“Como a CEB se concentra em um espaço pequeno e bem populoso, com pessoas com renda mais elevada comparado a outros locais no país, isso chama a atenção das empresas privadas”.

Luiz afirma, também, que “devido a uma decisão do STF sobre venda de uma subsidiária da Petrobrás, o GDF quer usar o mesmo artifício, porém não condiz com a realidade, pois no caso da Petrobrás, se trata de subsidiárias que correspondem a 3% do patrimônio da empresa, enquanto a CEB é mais de 90% do patrimônio da empresa e todos os funcionários do grupo CEB estão na distribuição”.

– Se privatizar, não há garantia de empregos. Já recorremos ao STF e encaramos isso como um desmonte do Estado, do patrimônio do povo do DF e do Brasil. Vemos como uma questão política. Se fosse julgado exclusivamente no campo do judiciário, não teria a mínima possibilidade de ser privatizada, uma vez que ela (…) é bem avaliada pelo consumidor. O consumidor do DF avalia positivamente a CEB. A empresa pratica uma das menores tarifas do Brasil, se o consumidor for verificar a tarifa das empresas no Brasil no site da Aneel, isso vai se confirmar. O que vemos é que no Goiás foi totalmente diferente. Após a privatização, a conta de luz aumentou, o serviço ficou precário, e tem tudo pra empresa que ganhou no Goiás adquirir a CEB. Se a privatização acontecer, o povo do DF vai perder o poder de opinar, vai pagar um serviço caro, e de péssima qualidade. Não estamos apenas preocupados só com o nosso emprego, estamos preocupados com o DF, um patrimônio que foi construído ao longo dos anos não pode ser entregue de qualquer forma.

No dia 01/12, foi deflagrada greve dos trabalhadores. Sobre o tema, Luiz afirmou:

– A greve envolve questões de empregabilidade porque a gente tem cláusulas no nosso acordo que garante que a empresa não pode desligar o funcionário sem motivo e também a questão do abono porque existem vários benefícios que são importantes para a categoria que exerce um serviço de risco como nós. (…) Tiveram várias greves, teve greve com mais de 60 dias e ninguém quer perder isso. A gente sabe que querem cortar os benefícios pra valorizar o preço da empresa no caso da venda. Isso impacta no valor da venda, são exigências que o novo controlador está fazendo para adquirir a empresa, isso gera menor despesa no PMSO que é Pessoal, Material, Serviços e Outros, que é despesa com pessoal que sempre tentam enxugar e isso diminui a qualidade do serviço, porque eles vão contratar pessoas que não são qualificadas, não vão dar treinamento adequado, a rotatividade do funcionário vai ser alta.

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Reportagem de Raíssa Felippe

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