Com a licença de nossos ancestrais,
Sob as bênçãos de nossas mais velhas e mais velhos,
Com a força das águas do Rio Arrudas:
No último domingo (16/07/23), nos reunimos na Ocupação Vila Fazendinha, para um encontro presencial da Teia das Gerais. Estiveram presentes territórios indígenas, quilombolas, ocupações urbanas, movimentos sociais, coletivos agroecológicos, estudantes e gente de luta, reunidos ali para se apoiar, dialogar e construir os caminhos de uma aliança preta, indígena, periférica e popular em Minas Gerais.
A Teia se enraíza no coração da cidade, na horta comunitária às margens do Rio Arrudas, plantando mandioca, feijão, goiaba, laranja e limão. Reflorestando, preparando solo fértil e nutritivo em meio ao asfalto, semeando o bem viver e fortalecendo a luta pela terra e o território, para deixar florescer a diversidade da vida.
Disposição coletiva e ajuda mútua, cravando estacas para expandir o Centro de Convivência e abrigar próximos encontros, sob o teto tão aconchegante da família Fazendinha. Escola comum que se reconhece sob as árvores, em volta do fogão à lenha, onde crianças e adultos compartilham o alimento, o cuidado e a sabedoria.
Neste domingo, às araras da Aldeia Kamakã Kaêhá Puá chegaram com toda beleza, o canto do Kilombo Manzo fez brotar África nos corações em amor e capoeira. De mão em mão, partilhamos sementes e mudas, fortalecendo uma rede de guardiãs e guardiões da vida, frutificada no milho crioulo do povo Borum-Kren. Firmamos nossa luta pela soberania alimentar e o combate à fome, inspiradas pela Cozinha Solidária da Ocupação Anita Santos. Trabalhamos e cuidamos da terra, fortalecidas pela experiência agroecológica da Ocupação Eliana Silva.
Acolhidas, nos sentimos família na Ocupação Vila Fazendinha, tecendo caminhos que após séculos continuam a se encontrar e confluir, em prol da terra, da soberania e da solidariedade entre os povos.
Viva a Ocupação Vila Fazendinha!
Viva os povos unidos das Gerais!
Viva a Teia dos Povos!
Por Teia dos Povos de Minas Gerais