A cada ano que passa, assistimos à repetição de cenas de violência que nos marcam profundamente. São vidas ceifadas, corpos violados, seres humanos desnutridos e famintos. Enxergamos terras invadidas, devastadas, e populações abandonadas à sua sorte, vítimas de uma desassistência sistêmica. Contudo, entre todas as imagens, algumas permanecem cravadas em nossas memórias, impossíveis de apagar ou relativizar.
O que mais nos entristece, ano após ano, são terras indígenas que continuam a ser alvo de esbulho e depredação, enquanto a sociedade civil e os governos que se sucedem parecem indiferentes, distantes, alheios às dores e à morte daqueles que apenas clamam por vida e terra.
Mas não esqueceremos. Não podemos e não devemos esquecer aqueles que lutaram e caíram, que deram suas vidas pela Terra e o Território. São mártires da resistência cuja coragem ecoa nas nossas consciências. Não podemos tolerar mais injustiças. A omissão, a negligência e o silêncio perante a violência contra os primeiros habitantes desta terra são inaceitáveis. A naturalização dessa barbárie nunca será justificada.
A memória dos que se foram será nossa força para continuar a lutar, fazemos referência a alguns dos muitos que foram assassinados direta ou indiretamente pelo colonialismo e o capitalismo vigente.
Nega Pataxó, Pajé Pataxó Hã-Hã-Hãe, foi assassinada em 21 de janeiro de 2024 por latifundiários no Sul da Bahia.
Cacique Merong, líder Kamakã Mongoió, foi encontrado morto em Brumadinho (MG) em 4 de março de 2024, após combater mineradoras.
Tuíre Kayapó, guerreira contra Belo Monte e o garimpo, ancestralizou em 10 de agosto de 2024.
Nhandesy Sebastiana e Nhanderu Rufino, anciãos Guarani Kaiowá, foram assassinados em setembro de 2023 no Mato Grosso do Sul, vítimas do racismo e ódio religioso.
Sarapó Ka’apor, da Guarda Ka’apor, morreu envenenado em 2022 no Maranhão, após lutar contra a extração ilegal de madeira.
Xamõi Kambá, ancião Guarani, ancestralizou em maio de 2021, fortalecendo a luta e cultura indígena.
Paulino Guajajara, dos Guardiões da Floresta, foi morto por pistoleiros em 2019 no Maranhão, combatendo a destruição da floresta.