Encantou-se, ontem (03), o nosso mestre Antônio Bispo dos Santos, o querido Nego Bispo. Com a sabedoria que acumulou na roça de quilombo, aprendendo de seus mais velhos ofícios diversos, e nas confluências afropindorâmicas que vivia cotidianamente, Nego versava por saberes múltiplos, todos em favor de um projeto coletivo, de interações e envolvimentos entre os povos contra-coloniais e os seus Territórios.
Na VII Jornada de Agroecologia da Bahia, tivemos a oportunidade de confluir com Nego Bispo, seus ensinamentos, sua poesia, sua experiência, sua potência aglutinadora de corações. Muito nos honra ter vivido no mesmo tempo em que este intelectual da Terra falou ao mundo com a sua voz, declamando versos revolucionários para o desprazer dos colonialistas.
Como temos aprendido com a perspectiva circular do tempo, sabemos que Nego Bispo não desapareceu e tampouco desaparecerá. Agora, nosso mestre é um dos nossos ancestrais sagrados, a quem sempre reverenciaremos, citaremos e nos inspiraremos para compor as nossas lutas.
Entre nós, mais que o afeto e a memória de momentos íntimos e sensíveis, permanece a obra de Nego Bispo, seus livros, seus círculos de diálogo, seus poemas declamados em versos soltos, cruzando o ar e costurando rebeldias. Eternamente, Antônio Bispo dos Santos, o vadio que, na ginga, dá rasteiras na estrutura colonialista, e brinca com as palavras, convocando os povos para a batalha!
Despedir-nos de um dos mestres que compõem a Teia não é possível, pois não acreditamos em despedidas. Daqui em diante nos comprometemos a honrar a luta de Nego Bispo, a construir um mundo onde a sua presença entre nós seja constante, viva e dinâmica como são o seu pensamento e o trabalho intenso de suas mãos.
Viva a vida!
Diga aos Povos que avancem,
Avançaremos!