Cacique Babau nos ensina: “Quem brinca junto, guerreia junto!”. Aqui, a brincadeira de crianças e de adult@s é levada a sério. Por isso, além das mesas e das oficinas, a programação dessa III Jornada de agroecologia da Bahia também foi recheada de atividades culturais!
Ao entardecer, muita gente se reunia no gramado que fica em frente ao refeitório, no Centro Integrado Florestan Fernandes. Ali, uma roda de capoeira se formava e, aos poucos, crescia para dentro da noite. A mandinga e a ancestralidade negra ecoavam ao som dos berimbaus, proporcionando um momento de troca que palestra nenhuma alcança.
Com a noite firmada, outras atividades reuniam as pessoas. Na quinta e na sexta, os tambores entoaram sambas de roda em volta da fogueira. O povo da agroecologia tem talentos muitos e aqui na Jornada há tempo e espaço para que todas essas habilidades se expressem!
Na sexta e no sábado, a arte subiu no palco. Diversos grupos da região foram convidados para participar desse momento com a gente na Jornada. Tivemos a presença das bandas Estação 39, Rafael e os Joãos, Alfredo Neto e Banda e do DJ Jef. Eles nos trouxeram muita música brasileira, incluindo samba, MPB, rock e até forró!
O Grupo Encantarte cantou, dançou e encantou, entoando clássicos da música negra baiana. Com toda essa inspiração, o Movimento Negro de Pau-Brasil pediu um momento na programação cultural de sábado para também fazer a sua apresentação. Os dois grupos fecharam a participação convidando o público para também dançar.
A presença da Casa do Boneco de Itacaré também iluminou nossa noite cultural. Tocando diversos tipos de tambores, nos ensinaram muito sobre a cultura afro-brasileira, trazendo a história e a dança dos Orixás. Os ensinamentos que recebemos ali não vieram apenas por meio da palavra, mas também das cores, dos movimentos e dos sons. Aprendemos de corpo inteiro.
A agroecologia não envolve apenas construir e firmar uma outra relação com a terra. Somos nós também territórios, com nossas culturas e identidades. Nossa agroecologia é também um jeito outro de produzir vida, de nos relacionar entre nós. Não existe essa agroecologia sem a nossa alegria, sem nossa cor, sem o altivo e o sagrado de nossos símbolos e sons.
Junto com a terra, os opressores tentam nos arrancar também nossas culturas, pois sabem que um povo sem raiz é mais passível de ser colonizado. Por isso recheamos as noites da Jornada com batuques e cantorias: aqui, construímos nossos trilhos para nós mesm@s andarmos. Pois é por cima da linha, onde o trem corre!