Entre os dias 17 e 19 de julho cerca de 80 lideranças indígenas do povo Pataxó Hã hã hãe reunidos no Assentamento Terra Vista, em Arataca-BA, com o apoio de colaboradores de diversas instituições e movimentos sociais do sul da Bahia, discutiram seus principais problemas e apontam propostas e soluções.
A Conferência foi aberta sob a coordenação de Luiz Titiá e teve participação de Joelson Fereira, coordenador do Assentamento Terra Vista, Tiago de Paula representante regional da FUNAI, além de representantes da CPT, CIMI, Teia Agroecológica, Sesai entre outros.
Dentre os problemas que as populações indigenas enfrentam destacam-se as políticas públicas específicas direcionadas às comunidades, assim como, o desafio da recuperação ambienal do seu território, em especial, a parte retomada nas lutas de 2012, cuja vitória foi consolidada juridicamente com o julgamento definitivo da nulidade dos títulos de propriedade concedidos pelo governo do estado aos fazendeiros sobre o território indígena situada entre os municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia-BA.
O desmatamento das nascentes e margens dos córregos e rios pela pecuária durante a ocupação ilegal dos fazendeiros causou a escassez de água no território indígena, fazendo com que a recuperação dessas áreas se imponha como um objetivo estratégico para alcançar a segurança hídrica e alimentar desses povos.
Outro desafio importante é a preservação e recuperação da cultura indígena, ameaçada pela influência da mídia sobre a juventude dentro das aldeias. Nesse campo, as religiões que não respeitam a cultura indígena formam outro desafio a ser enfrentado.
Na Conferência os Pataxós Hãhãhãe recordaram ainda sobre sua cultura pré-colonial, suas relações, cantos, fala etc. Sobre isso o professor Edson Kaiapó observou “O Brasil foi construído sobre o cemitério e com sangue indígena e negro”.
Outro tema refletido foi a condição das mulheres indígenas, onde houve uma roda de diálogos para compreensão das demandas atuais e ficou encaminhado um encontro das mulheres indígenas à ser realizado em Itaju do Colonia, onde as mulheres da Teia dos Povos também estavam convidadas. Além disto foram escolhidas as representações para a conferência regional.
O momento do encerramento foi com a formação de um grande círculo simbolizando a união entre indígenas, negros, agricultores familiares e ainda representações institucionais, juntos fizemos um ritual em homenagem à vida através das sementes.
Texto: Fábio Titiá, Aniele Silveira e Joaci Cunha (CEAS)
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