O ano de 2020 foi um ano de muitas lutas. Algumas dessas, se encontraram em meio a busca de forças coletivas para enfrentamento de todo genocídio e fome que vivemos. Assim, a CUAPI (Coletivo Urbano em Apoio aos Povos Indígenas) coletivo formado em 2018 que apoia os Guarani M’bya de São Paulo, conhece a luta da Teia dos Povos, e, tem a alegria de ouvir, ainda que virtualmente, as palavras de Mestre Joelson e de Erahsto Felício, comunicador da Teia.
Os laços foram se estreitando e conforme a luta pela terra e pelos povos se cruzava a distância, recebemos enquanto CUAPI, um pedido da Teia, de sementes e ramas de batatas e milho tradicionais para retomada dos Maxakali, em Minas Gerais. Buscamos as ramas e sementes generosamente doadas pela grande agricultora dos Guarani M’bya, Jera, da aldeia Tekoa Kalipety. Sabíamos naquele momento, que, como o rio que cruza terras, nossa proximidade com a Teia fluia.
Assim, alguns meses atrás um coletivo de pessoas de São Paulo, após ver um chamado de formação da Teia, se organiza e começa pensar ações para articular nestas terras. Pouco tempo depois, a CUAPI entra pra essa articulação e propõe a articulação pra se achegar aos Guarani, que já tínhamos inserção. Na primeira ação enquanto articulação São Paulo, o que estamos começando a chamar de Pró-Teia SP, fomos a Tekoa Yyrexakã, coletar amostras de solo para avaliar o porquê os plantios naqueles lados, não têm sido frutíferos. Do próprio plantio Guarani e das hortas que a CUAPI participou com outros coletivos, houve dificuldades de manter a produção, por isso, fomos juntos a Yyrexakã pensando em trabalhar a terra.
Como segunda ação da Pró -Teia SP, fomos novamente a Yyrexakã a pedido do parente Julio Guató que vem articulando a construção de uma Oca de Saberes no território. Junto do parente, articulam a CUAPI e outras mulheres em sua grande maioria professoras que apóiam os territórios Guarani M’bya do extremo sul de São Paulo, e agora, atuam junto também, esse nosso núcleo Pró – Teia SP.
Assim, em 07 de agosto, reunimos nossas forças para apoiar a construção da Oca junto dos moradores da Yyrexakã. Visitamos a cachoeira e o território e logo começamos o trabalho de assentar o terreno com enxadas, pás, facões, e erguer as estruturas da oca feita de madeiras encontradas no próprio território.
Além deste trabalho na Tekoa Yyrexakã, junto da CUAPI e do parente Júlio Guató e o Coletivo de professoras, na terra da água de cachoeira e Mata Atlântica, nossas articulações contam com as primeiras pessoas que se organizaram, e também se forma por mulheres do Fórum Popular da Natureza Baixada Santista, MPL (Movimento Passe Livre), ANTAR (ANTAR – Poder Popular Antiespecista), CAL (Coletivo Ação Libertária), e outras mulheres de luta. Também fazem parte um integrante do Coletivo Caiçara, GT Indígena do Tribunal Popular, RENIU e indígenas de etnias variadas.
Seguimos formando teia em São Paulo, em território indígena, caiçara e do campo. Construir a aliança dos povos!