Aos núcleos de base,
Aos elos da Teia,
Às Teias irmãs,
Às bases de apoio,
Com a licença das mais velhas,
E das mais velhas que as mais velhas
As águas deste último mês de dezembro de 2021 ainda não pararam de chegar. As Bacias dos Rios Jiquiriçá, Contas, Pardo e Jequitinhonha há muito tempo não veem a força desses rios agir de forma tão poderosa nas cidades, vilas e territórios dos povos.
Solicitamos a solidariedade de nossa gente de luta para podermos fazer mutirões que ajudassem nossos territórios a serem reconstruídos e tivemos a satisfação de contar com mais de 400 doações de pessoas e organizações políticas preocupadas com a situação de nossos povos. Agora, enquanto parte das águas dos rios abaixa, precisamos fazer nosso planejamento coletivo e começar as ações de recuperação dos territórios.
Desde já, explicamos às pessoas e organizações que atenderam rápido ao nosso chamado que nós não utilizamos o recurso para ações emergenciais. Nossa campanha está preocupada com o momento posterior às águas baixarem, quando o poder público e as ONGs se afastam e deixam muitos territórios à própria sorte. Queremos, portanto, usar todo o recurso que arrecadamos para ações como replantio das roças que a água levou, subir sistemas agroflorestais nas matas ciliares de territórios muito afetados pelos rios, reparar casas e benfeitorias avariadas com as chuvas, e toda a sorte de ações que ajudem na soberania alimentar e hídrica das comunidades e territórios articulados na Teia dos Povos.
São mais de 660 mil pessoas afetadas diretamente pela força das águas. Nós não podemos, de modo algum, culpabilizar a natureza. Os alertas de xamãs, encantados, cientistas sobre as mudanças climáticas não pararam de chegar nas últimas três décadas. Os poderes públicos têm sido permissivos com essa destruição, porque é lucrativo para as elites que lhes comandam. É mais lucrativo enviar dinheiro público para bancos do que cuidar do meio ambiente, do que ter uma gestão e manejo respeitosos com as bacias hidrográficas e um planejamento humanista das cidades. Aqui, não podemos jamais culpar a mãe terra pela destruição, mas o latifúndio rural e urbano que não para de empurrar cada vez mais gente para lugares que não deveríamos morar, para lugares perigosos, apertados, sem qualquer cuidado sanitário. Por isso, conclamamos nossa gente das cidades a se levantarem, a caminhar na luta por terra e território, para que tenhamos vida digna.
Itambé, 27 de dezembro de 2021 | Foto por Felipe Iruatã, publicada em seu perfil no Twitter
Em cada território que alcançarmos com nossos mutirões solidários, vamos discutir os princípios de nossa luta na prática. Se o local só fazia roça, então vamos levantar sistemas agroflorestais; se a casa avariada era de alvenaria de resíduos da mineração, então faremos bioconstrução; se há escassez de água para beber, então vamos fazer cisternas de captação de água de chuva, assim por diante.
Que nossa palavra vire ação coletiva e que das ruínas possamos erguer tesouros em forma de soberania!
Compas da Teia dos Povos na Bahia, convocamos que enviem uma representação ou duas de cada organização e comunidade para uma reunião nos dias 14 e 15 de janeiro no Assentamento Terra Vista em Arataca-BA. A pauta será única: planejar os mutirões solidários aos territórios atingidos pelos ecocídios. Tragam barracas, kit militante e disposição.
Bases de apoio, gente solidária de todo país, nos próximos meses faremos mutirões em solidariedade nos territórios dos povos Tupinambá, Pataxó Hã-hã-hãe, Pataxó, em quilombos e assentamentos. Vamos divulgar para que possam se somar nesta luta.
Enquanto isso, há três formas de nos ajudar: divulgando nossa campanha, enviando recursos financeiros e enviando sementes crioulas, pois nosso estoque não vai ser suficiente para tantos territórios atingidos.
Enviem as sementes para Joelson Ferreira em Assentamento Terra Vista, Arataca – Bahia, CEP 45.695-000. Pedimos que nos informem, pelas redes sociais, o código de rastreio para ficarmos atentos à entrega. No pacote, pedimos também que informe quais sementes estão sendo enviadas.
As contribuições em recursos financeiros podem ser feitas para:
Banco: 323 (Mercado Pago)
Agência: 0001
Conta: 3349577160-4
Nome: ASSOC TERRITORIAL AGROECOLOGIA POVOS CABRUCA MATA ATLÂNTICA
CNPJ: 19.XXX.XX4/0001-03
PIX: teiadospovos.ecommerce@gmail.com
PayPal: ismeraldosousa@yahoo.com.br