Posted on: 29 de dezembro de 2021 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

Às pessoas desterritorializadas;

Às famílias desabrigadas;

Aos núcleos de base;

Aos elos da teia;

Às bases de apoio;

Às Teias de outros estados;

Com respeito e benção das nossas mais velhas e mais velhos.

Manifestamos aqui o nosso apoio e nos solidarizamos com as vítimas de mais um desastre socioambiental que marca a história da Bahia e do Nordeste. Esperamos que, com a licença dos encantados, dos Nkinses e dos Orisás, se acalmem as águas deste dezembro permitindo que as comunidades se reergam e se reconstruam, com a força da solidariedade e união dos povos.

É ainda mais lamentável que esse desastre esteja ocorrendo em um contexto de pandemia e crise política, que aprofunda com mais intensidade as desigualdades sociais, colocando em situação de maior vulnerabilidade os povos e comunidades que historicamente têm sido excluídos das políticas públicas. Importante lembrar que esse fenômeno, ao qual nos referimos como desastre, é fruto da negligência do poder público e do desrespeito com a Mãe Terra, fruto da lógica desenvolvimentista que atravessa as gerações produzindo cidades sem análise infraestrutural, aterrando rios e desrespeitando seus cursos naturais. Toda essa ação genocida impede que a natureza mantenha seu curso, impactando diretamente nos modos de vida das comunidades e dos povos tradicionais.

Neste sentido, é importante combater a lógica que gera morte, desabrigo e destruição, e fortalecer antigas e novas lógicas que prezam pela vida, pelo acolhimento e pela reconstrução. As formas de saber e fazer dos povos, embora massacradas pela lógica do capital, buscam novas alternativas de relação de equilíbrio e interdependência entre os seres humanos e demais elementos da natureza.

A tarefa será, sobretudo, mais pesada na reconstrução das moradias destruídas. Às famílias que perderam seu lar, convocamos a considerar a possibilidade de se juntar à luta por terra e erguer novas comunidades em locais seguros, com boa terra, soberania hídrica e, sobretudo, com condições de gerar renda. Regressar às áreas tomadas pelas águas na esperança que desastres como este não ocorram novamente é contar com o imprevisível e confiar que a justiça ambiental ocorrerá sem luta por terra. O desafio é grande, mas sem retomar a terra e subir florestas, não haverá equilíbrio ambiental.

Convocamos a todos os elos e núcleos de base da Teia, como também todas as pessoas sensíveis à causa, a somar nesta reconstrução, fortalecendo as frentes produtivas e as soberanias alimentar, energética e hídrica dos territórios afetados. Desta forma, nós, da Teia dos Povos, seguimos firmes com o objetivo de fortalecer a reconstrução das nossas comunidades de forma soberana, prezando pela aliança PRETA, INDÍGENA E POPULAR.

O QUE NOS UNE É MAIOR DO QUE TUDO AQUILO QUE NOS SEPARA! DIGA AO POVO QUE AVANCE, AVANÇAREMOS!

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