Quando o calendário Maia sinalizava o fim dos tempos em 2012, o que muitos não perceberam foi que esse prenúncio anunciava o fim de um ciclo, o colapso da ordem vigente, começava ali a ruir o velho e a ascensão do novo. Nós da Teia dos Povos acolhemos a mensagem do povo guerreiro do sol e começamos a semear os frutos com a realização da I Jornada de Agroecologia, no Assentamento Terra Vista no sul da Bahia, onde caminhamos rumo à unificação da luta dos povos historicamente oprimidos pela invasão portuguesa, a elite escravocrata e a chibata dos coronéis.
Neste momento, a Conjuntura atual nos mostra a falência do estado democrático burguês, já que as grandes corporações, o latifúndio ideológico midiático e a economia baseada na especulação financeira sepultaram qualquer possibilidade de consenso entre o povo e o conservadorismo da elite nacional. O muro de Trump nos EUA e a perseguição aos imigrantes que tentam entrar na Europa, só evidenciam a contradição do discurso falido de liberdade produzido pelo sistema capitalista. Pois os povos que migram da periferia do mundo para os EUA e Europa, só o fazem porque foram saqueados historicamente e estão sendo massacrados pela ganância dos países centrais.
A Teia dos Povos seguindo as trilhas dos encantados abertas pelos nossos ancestrais convoca todos os trabalhadores, trabalhadoras, povos tradicionais e povos indígenas a tecer os fios do Bem Viver,1 alicerçado na defesa do território, na matriz Agroecológica e na construção da soberania alimentar. Elementos ancestrais cultivados com muita resistência pela memória biocultural dos nossos povos e, compõem uma ferramenta essencial na luta pela libertação da sociedade, que é oprimida cotidianamente pelo “globalitarismo2” imposto pela ordem do capital. É preciso entender que o ano de 2017 será de muita luta, muito trabalho e grandes conquistas; a ilusão da mudança através do voto não pode mais existir; rasgaram a constituição, e não haverá solução através das vias pacificas, da obediência ou da conciliação de classe.
Nessa perspectiva, em 2017 a Teia dos Povos tem seis grandes tarefas, a primeira: buscar e construir a grande aliança dos povos. A segunda: conquistar e garantir a terra e o território dos povos indígenas, dos quilombolas e todos os trabalhadores do campo. Terceira: contribuir para a recuperação dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. A Quarta: produzir sua auto- existência nas suas terras, no território e desenvolver a soberania alimentar. Quinta: construir uma economia para além do capital, e por último, construir as quatro grandes escolas – Escola do Arco e da Flecha, Escola Quilombola, Terreiro e Tambor; Escola das águas e Mares, Escola da Floresta do Cacau e do Chocolate.
Para celebrar a união dos Povos, a Teia invoca todos os encantados, caboclos, minkisi, voduns, orixás e a todos os guerreiros e guerreiras do povo para ecoar um grito que vem do Sul da Bahia, lugar onde começou a colonização dos povos originários do Brasil, pois, nem mesmo após 517 anos de exploração foram suficientes para apagar o sonho de uma construção coletiva, capaz de conectar sociedade, natureza e ancestralidade em um único elo de resistência e luta. Por isso simbolicamente a V Jornada de Agroecologia da Bahia será realizada em Porto Seguro nos dias 19 a 23 de abril, recordando a data da chegada dos Portugueses, na própria Mata Atlântica, o bioma que sofreu a primeira devastação do sistema agro-exportador, do qual o Brasil é refém até hoje. Os povos da Teia se propõem a cuidar e a co-evoluir juntos com nossa Mam´etu Utukilu (mãe natureza), cabrucando, semeando e reflorestando um novo tempo que virá!
O Momento é de compartilhar Nosso Bem Viver (projeto de sociedade), que passa pela construção de uma educação alicerçada com as sabedorias ancestrais dos nossos povos e a construção de uma ciência para além do capital e a serviço do povo. É tempo de recomeçar, a história pertence à mulher e ao homem que nunca desiste e não tem medo de lutar!
Dizendo ao povo que avance !!! Avançaremos
1 – Para conhecer melhor o conceito do Bem Viver, Acesse o Encarte Pedagógico PORANTIM
2 – “Globalitarismo” é o nome dado por Milton Santos ao modo de globalização predominante no mundo
“JAMAIS SE CURVAR, LUTAR E APRENDER
ESCUTA MENINO, RAONI ENSINOU
LIBERDADE É O NOSSO DESTINO
MEMÓRIA SAGRADA, RAZÃO DE VIVER
ANDAR ONDE NINGUÉM ANDOU
CHEGAR AONDE NINGUÉM CHEGOU
LEMBRAR A CORAGEM E O AMOR DOS IRMÃOS
E OUTROS HERÓIS GUARDIÕES
AVENTURAS DE FÉ E PAIXÃO
O SONHO DE INTEGRAR UMA NAÇÃO
KARARAÔ… KARARAÔ… O ÍNDIO LUTA PELA SUA TERRA
DA IMPERATRIZ VEM O SEU GRITO DE GUERRA!”
(Samba Campeão da Imperatriz 2016)
https://www.youtube.com/watch?v=-E_ivbY8qlg