Em cada região há pelo menos um produto agroecológico capaz de gerar renda para financiar a luta dos povos. É preciso identificá-los, proceder o cultivo e avançar para o beneficiamento.
Olá, pessoal.
Aqui é o Rudinei Pinto aqui do município de Erval Grande. No Rio Grande do Sul.
A gente está há mais de um dia aqui trabalhando na produção da nossa erva-mate, a Seiva Rebelde.
Que é a erva-mate produzida em sistema de carijo. É o modo ancestral de produção do nosso apreciado chimarrão aqui no sul.
Então a nossa erva é produzida em sistema de agrofloresta, prezando aí por não usar agrotóxico. Fazendo um produto de qualidade, para ser tomado por quem gosta do de chimarrão.
Então, o que a gente tá fazendo é retomando essa forma de produção tradicional da erva-mate que ao longo do tempo caiu nas mão das grandes indústria, agronegócio. Que já produzem a erva-mate usando agrotóxico e bastante produtos químicos.
E a partir então aí da Seiva Rebelde a gente quer retomar um produto que faz parte do modo de vida das populações aqui no Sul do Brasil.
Aqui é Noeli Pinto.
Tamos fabricando erva em casa. Erva caseira, moída no pilão. Secada no forro à lenha. Tudo pura.
Vivemos como o dos antepassados ainda. Há sessenta anos atrás eles faziam a erva caseira. Quando eu tava pouco eles fazia mais com a erva pura do mato.
Faz trinta anos que tomo chimarrão.
Olá companheirada!
Aqui quem fala é Ademir, trabalhador rural aqui de Erval Grande (RS). Estamos construindo a articulação da Teia dos Povos no Rio Grande do Sul.
Venho contar pra vocês uma experiência que a gente desenvolveu no município de Panambi. Fizemos uma prática junto ao carijeiro e biólogo Moisés da Luz.
Uma prática que vem das ancestralidades indígenas, de produzir a própria erva-mate, que é o produto mais característico da nossa região. O hábito mais particular das população que vivem na metade Sul do nosso continente.
A recuperação desta prática é para nós uma experiência de auto-sustentação econômica, inclusive para a articulação estamos desenvolvendo entre trabalhadores rurais e populações indígenas. Com intencionalidade também de se aproximar com a população quilombola, povo sofrido nesse nosso Estado. Estado racista.
A prática envolveu trabalhadores do município de Panambi, onde essa tradicionalidade não se perdeu ao longo dos tempos frente à indústria da erva-mate, que monopolizou quase toda a produção no estado do Rio Grande do Sul.
Embora não tenham perdido, vivem um cenário de avanço do agronegócio, com a soja tomando conta de boa parte do município, cada vez mais expulsando a população do campo.
Então temos esse desafio de fazer uma luta aí que vá ao encontro desse modelo, para recuperar o nosso bioma, recuperar as nossas tradicionalidades, as nossas heranças ancestrais.
Estamos com planos um pouco maiores. De estabelecer uma produção aqui no município de Erval Grande. A princípio produzir erva-mate nessa prática artesanal, com erva agroecológica que a gente pode produzir aqui a partir das agroflorestas que estamos desenvolvendo na nossa localidade.
Esse produto vai ser para auto-sustentação da construção da Teia dos Povos no Rio Grande do Sul. E também para produzir renda para os trabalhadores que se envolverem nesse processo.
A idéia é que se popularize. E cada vez mais as pessoas consumam erva-mate e outros produto que venham da mão de quem trabalha no campo. Para evitarmos cair nesse consumo que vem da indústria, que vem com química, agrotóxicos.
Estamos botando a nossa contribuição, a partir desse projeto de retomada dos carijos.
O carijo é o nome que tradicionalmente se chama esse tipo de produção artesanal da erva-mate, de forma coletiva, comunitária.
Pretendemos produzir e participar junto com o Moisés aí nessa retomada e nessa nova popularização da prática dos carijos, que são uma questão cultural importante para a população do campo no Rio Grande do Sul.
Nos próximos meses estaremos com uma produção de erva-mate da Teia dos Povos.
Esperamos que as pessoa gostem e se interessem por saber a história e a trajetória da erva-mate, que é um costume milenar. E nós devemos ela à população Guarani, Kaingang e Xokleng. Populações indígenas do nosso estado do Rio Grande do Sul e do Sul do Brasil.
É isso. Abraço a todos. Valeu.
●Veja também no Coletivo Catarse.
vídeo:
Ademir Antonio
trabalhador da terra, filho de mãe indígena Kaingang, anarquista especifista, peleador desde pequeno.
sobre Caminhar para a Autonomia:
- aborda casos concretos de comunidades e territórios com lutas e experiências em seu processo de conquistar autonomias;
- um passo além dos Diários da Pandemia, até mesmo porque muito embora a pandemia prossiga é impositivo florescer territórios para além dela;
- envolve também um diálogo com o livro “Por Terra e Território: os Caminhos da Revolução dos Povos no Brasil”, com as caminhadas que este propõe, para divulgar não só situações já existentes como aquelas que surjam a partir de sua leitura.
acesse a série completa: aqui
Olá amigos,
Venho por meio desta mensagem para manifestar interesse em vender a vossa erva rebelde.
Adoramos o que lemos e gostaríamos de conversar mais um pouco, pode ser?
Vou deixar aqui em baixo nosso contato. Desde já agradecemos.
Telefone: (41) 99896-0019