Posted on: 10 de abril de 2018 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

A plenária da noite de sábado, 14, iniciou com a consagração e a dança do toré puxada pelos indígenas Pataxó Rã Rã Rãe. Em seguida, TC Silva, da Casa de Cultura Tainã, homenageou Joelson Ferreira (Terra Vista) e o cacique pataxó Nailtom com mudas de baobá, árvore africana que é símbolo da Rede Mocambos e instrumento do projeto Rota dos Baobás, que leva mudas e trabalha a comunicação livre em comunidades quilombolas. Com toda a plenária, TC puxou em coro o canto africano: “Tô voltando pra casa com um pé de baobá, tô voltando pra casa com um baobá”.

“O baobá é um dos símbolos internacionais da resistência e da união dos povos. Vamos plantar baobá pra marcar nosso território”, comentou Jorge Rasta, da Casa dos Bonecos. Em agradecimento, o cacique pataxó Nailtom chamou atenção para o cuidados com as florestas, em especial a Amazônia, e com a educação ecológica das crianças. Citou também as ameaças que as lideranças de resistência, como indígenas, assentados e quilombolas, têm sofrido. “Eles querem ver a gente cair, mas já foi descoberto que com união ninguém derruba a gente não. Vocês jovens são nossos guerreiros de amanhã”.

A indígena Pataxó Rã Rã Rãe Dona Maria comentou a importância da organização entre os movimentos de luta e da firmeza que a militância precisa manter diante das ameaças: “O abraço apertado é uma fortaleza. Nós pequenos é quem temos que nos organizar e se preparar para um caminhar firme. Essa luta é de todos nós. Esse assentamento aqui, por exemplo, é de todos vocês. Sabemos que os guerreiros sempre são mal vistos, mas a luta é assim”. Depois, puxou um canto indígena de força para espantar as más energias e chamar a paz para a II Jornada de Agroecologia da Bahia.

Iniciando as falas da mesa da Plenária, a estudante Fernanda, do Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias, focou em sua fala as práticas agroecológicas realizadas pelos camponeses e lembrou a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, puxada pela Via Campesina. Citou também a opressão sofrida pelas mulheres no agronegócio, que, segundo ela, condiciona a divisão de gênero do trabalho: “Espero que nosso exército cresça e leve a agroecologia para as universidades, para as escolas públicas e privadas”.

Dayane, do Grupo de Ação Interdisciplinar em Agroecologia (Gaia), comentou sobre a formação do grupo, que surgiu como inicativa de estudantes da Universidade Federal do Recôncavo Baiano. “Nossa universidade, como todas, carrega as suas contradições. Percebendo que ela não estava servindo ao povo, a gente se uniu pra tentar levar pra universidade um debate além do que eles passam pra gente. Nós nos negamos a ser profissionais que reafirmam a política de opressão contra o povo do campo”.

mediador da mesa, Diego Cogu, do NEPPA, comentou: “A agroecologia é uma questão de vida ou morte, ou a gente entra pra ela e constrói um novo modelo de desenvolvimento ou não haverá humanidade daqui a alguns anos”. Calango, do Movimento de Luta pela Terra (MLT), falou um pouco sobre a história do movimento, que surgiu na região cacaueira de Itabuna, e também defendeu a agroecologia como ferramenta para auxiliar as futuras gerações: “Nosso movimento busca se refazer sabendo que sem agroecologia e sem o desenvolvimento sustentável não haverá avanço na reforma agrária de forma qualitativa, que é como a gente quer”.

A última fala da Plenária de sábado começou simples e direta: “Quero dizer pra vocês que eu sou preto, mas sou livre”, exaltou Elder, do Ecobahia. Que seguiu com uma forte crítica ao Estado e às universidades que ignoram ações coletivas e sociais, principalmente na área de Agroecologia. “Não cabe mais no mundo de hoje as conquistas individuais. As conquistas individuais não mudam o mundo. Vocês que estão na academia tem que pensar nisso”.

Elder, assim como várias falas da mesa, também lembrou a resistência do Cacique Babau, que luta há anos pela retomada de terras dos indígenas tupinambá, mesmo sofrendo opressão do Estado e dos fazendeiros latinfundiários. “Nós todos temos falhas e problemas, mas nosso maior problema é ajoelhar e cruzar os braços”, finalizou Elder.

 

 

 

 

 

 

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