Posted on: 10 de fevereiro de 2021 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

No dia 3 de fevereiro um grupo de Camacã formado por anciões, a cacica Ilza do povo Kariri Sapuyá, alguns jovens e duas crianças se reuniu no assentamento Terra Vista para receber o mapa da terra do povo Camacã. A história dos Camacã segue as margens do Rio Pardo ao Rio de Contas próximo a Itacaré passando por Gangogi até Itapetinga no encontro dos rios Caculezinho e Caculé Grande.

Com a expansão da exportação comercial de cacau na região de Canavieiras, no vale do Rio Pardo, os Camacã foram ao longo do tempo sendo expulsos das suas terras pelos barões do cacau, herdeiros de sesmeiros da região. O ancião Marinho, recordou as andanças e conflitos do seu povo ao longo do tempo trazendo toda sua ancestralidade, ritos e contos de sua língua e cultura.

Os Camacã, ciente da dimensão do seu território, pretende organizar seu povo para retomada através da luta, começando numa longa caminhada pela busca pela soberania alimentar do seu povo, avançando pela recuperação da sua cultura e da sua língua, tendo em mente a organização e preparação da juventude e das crianças para assumir a luta e a guerra em defesa do seu território.

Hoje, junto aos Pataxó Hã hã hãe em seu território na região do Mundo Novo, pretendem reflorestar toda a área devastada pela pecuária extensiva, construindo um sistema agroflorestal biodiverso e mecanismos para autossuficiência hídrica e enérgica para garantir sua renda e autonomia e, junto com a Teia dos Povos, iniciar a busca pelo seu território ancestral. 

A Teia dos Povos está junta com os povos originários na luta pela terra e pelo território a fim de acompanha-los na realização de um direito e uma dívida pela destruição de suas vidas e do que os expulsou compulsoriamente do seu território nativo. E no desejo da condução independente e autônoma da vida de todos os povos Tupinambá, Pataxó, Amoir, povo preto e todos aqueles que estão desaldeados, construir uma grande aliança por terra e território para defender nossas terras sagradas, nos reconectar com a nossa espiritualidade e ancestralidade fortalecendo a unidade entre os povos com a Terra Mãe e de pé sobre ela comemorar a vitória dos povos.

Viva ao povo Camacã, viva aos guerreiros Mongoiós, viva ao povo Maxacali, viva ao povo Kariri Sapuiá, viva ao povo Guarên!

A luta precisa estar sempre presente, diga ao povo que avance e avançaremos!

Fotos por Hortência Sant’anna

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