Por Tamile Ferreira – Quilombo Lagoa Grande – Feira de Santana (BA).
Imagem destacada: Alass Derivas (@derivajornalismo).
RESUMO
Esta produção se destina a apresentar os aspectos relacionados à terra e ao território,
bem como as relações subjetivas produzidas nos sujeitos envolvidos, a partir da
relação que se estabelecem entre as partes, observando se é possível dissociar a
pessoa humana da terra e do território ou ainda, as implicações que podem estar
inseridas quando se produz um movimento que tende a lidar com tais questões de
formas desintegradas. Este estudo será elaborado a partir dos encontros ocorridos
nos estados da Bahia e em Sergipe. O primeiro se refere ao I Encontro Nacional da
Teia dos Povos da Bahia: Tecendo Alianças para Fortalecer Nossas Lutas pelo Bem
Viver dos Povos, realizado entre os dias 05 e 09 de maio de 2022, no assentamento
Terra à vista no município de Arataca-Ba. O segundo faz referência ao I Planejamento
do Fórum de Comunidades Tradicionais de Sergipe: Terra, Água, Rio e Povo, ocorrido
entre os dias 11 e 14 de maio de 2022, na cidade de Aracajú-Se. Os encontros,
permitiram observar além das lutas e resistências atuais, aspectos históricos do
ativismo dos povos tradicionais e dos movimentos populares, na forma como eles se
apresentam nas relações intracomunitárias, utilizando acima de tudo, da relação
ancestral, como fundante e norteadora das suas vidas e da vida em comunidade.
Palavras-chave: Território; Resistência; Povos tradicionais; Ancestralidade.
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SOBRE A AUTORA:
Quem sou?
Sou a preta atirada e atrevida,
de pés no chão e cabeça erguida,
com punho cerrado,
que enfrenta o descaso e os abalos da vida.
Estou em vários cantos
cedendo aos encantos de onde o vento me leva.
Com muita satisfação
Percorro o caminho da revolução
Levando no coração
A certeza que um dia
Esse Brasil de fato,
Tendo abastecido cada prato
será uma grande nação.
Do Quilombola ao campus,
do Griô ao dotô,
vou aprendendo sim senhô
os desafios da luta.
E sem arredar o pé
Percorro com muita fé
Os trilhados da labuta.
Desde muito moça já sabia correr chão,
subia e descia nas ruas com a sacola na mão,
batendo de porta em porta,
tentando ganhar meu tostão.
Depois de muita peleja
conseguir então cursar,
o curso de técnico de enfermagem
pra mode me qualificar.
E durante cinco anos de muita dedicação,
decidi me aventurar numa nova formação.
E foi assim que assucedeu com o curso superior,
a preta pela psicologia logo logo se encantou.
E pra não fugir da sabedoria adquirida na comunidade
tratei logo de amarrar os saberes com a sociedade.
Conciliar vida, estudos e prática se tornou prioridade.
Tamille Ferreira
Mulher preta, quilombola
Mãe e graduanda em Psicologia pela Universidade Estadual de Feira de Santana-BA.