Nesta quinta-feira, a V Jornada de Agroecologia da Bahia amanheceu ao som da pisada firme dos torés, pedindo a benção dos encantados, dos nkissis e de todos aqueles que nos antecederam na luta pela vida.
A mística de abertura do dia transformou o centro da roda em um grande diálogo entre as tantas e muitas formas de cantar, dançar e festejar dos diversos povos que tecem a resistência aos séculos de expropriação e violência resultantes da colonização europeia. Nós não fomos destruídos!
Esse foi o grito que ecoou também durante a mesa de abertura, que contou com a presença de movimentos sociais, povos indígenas, comunidades de terreiro, estudantes, professores, representantes da Teia de Agroecologia dos Povos e gestores públicos. Em todas as falas, uma mensagem se enraizou: na Jornada fortalecemos a construção de nossa liberdade, tecemos horizontes coletivos de descolonização de nossos territórios, nossos modos de viver e de saber. Só assim seremos capazes de retomar nossa dignidade, poderemos virar esse mundo em “terra, trabalho e pão”!
Confira:
– Mestre TC, Rede Mocambos: “Cuidar da terra, das sementes e das crianças, ter trabalho livre. É isso que vai libertar a gente”.
– Damiana, estudante de Licenciatura em Educação do Campo: “Somos fruto da luta, da morte e do sangue derramado. Estamos na universidade. Tenho orgulho de fazer parte de um curso construído pelo meu povo, pelas nossas necessidade. A libertação se dá por meio de muita leitura e pela descolonização dos saberes”
– Andreia Neiva, MAB: “Nós juntos somos fortes, sozinhos não somos nada”.
– Rafique (*), UFSB: “Eu só acredito na força do povo. A revolução será do povo ou não será”.
– Deysi, Assentamento Terra Vista: “Nossa tarefa é permanentemente construir o possível: a nossa liberdade.”
– Genário, CIMI: “Chamam essa região de terra do descobrimento. Mas isso aqui não é terra do descobrimento, não houve descoberta, o que houve aqui foi invasão. Essa terra aqui tem dono! Essa terra é dos índios! Esse recado a Jornada está dando”.
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(*) a ver