Posted on: 3 de setembro de 2020 Posted by: Teia dos Povos Comments: 1

Por Amanda Silva, Marcos Rogério, Amanda Alves e Samuel Britto

 

Esta guerra pela água no Oeste da Bahia impacta a vida de milhares de pessoas que dependem das águas do rio São Francisco e de seus afluentes. O atual modelo de desenvolvimento implantado nesta região, baseado no agronegócio, com o apoio irrestrito do Estado da Bahia e Federal é o principal causador desta guerra e escolheu quem deve morrer de sede para responder positivamente à ambição de quem pretende lucrar às custas da exploração desenfreada dos bens da natureza, que são coletivos. Ações populares como as que ocorreram em Correntina no dia 02/01/2017 e que teve uma repercussão internacional tendem a acontecer com maior frequência, pois só entre janeiro e agosto de 2020 houveram 69 Autorizações de Supressão Vegetal para um desmatamento de áreas superiores a 40.000 hectares e 119 Outorgas Hídricas que autorizaram a retirada de mais de 4 bilhões de litros de água por dia.

O agronegócio com tamanhos volumes de desmatamentos e retiradas das águas dos rios, comprometem o uso das comunidades tradicionais que dependem dos cerrados e de suas águas para sobreviver, produzir e reproduzir seus modos de vida. Os povos das águas que há milhares de anos convivem nos Cerrados baianos estão sentindo-se ameaçados com a chacina e apropriação indevida dos rios, por este modelo predador, que impulsionam significativos conflitos por terra, água e territórios.

O Estado, que deveria mediar os conflitos e garantir a preservação dos bens coletivos e fazer cumprir a lei para garantir os usos prioritários, cooptado pelo raso e falso discurso do desenvolvimento econômico, acirra tais conflitos e legitima a apropriação das águas pelo setor empresarial em detrimento dos direitos da coletividade. Tal postura está comprovada nas recorrentes portarias do INEMA na Bahia, e no aleijamento do IBAMA em nível nacional, mesmo com estudos científicos, e com um olhar crítico da população local, apresentam um rebaixamento dos níveis dos rios e um aumento significativo do assoreamento nos últimos dez anos, comprometendo a vida atualmente, e também das futuras gerações.

Por isso, estamos aproveitando a Semana do Cerrado, que acontece todo ano nas proximidades do dia 11 de setembro, assim os convidamos para dois momentos de debates e reflexões que acontecerão nos dias 08/09 – terça-feira com o tema “Olhares sobre os Conflitos por Água desde o Oeste da Bahia” com a participação de Amanda Silva, Agente da Agência 10envolvimento e Marcos Rogério, Presidente da Associação Ambientalista Corrente Verde e no dia 10/09 – quinta-feira com o tema “Resistências Populares e Disputas de Narrativas desde o Oeste da Bahia”, com Amanda Alves, Assistente Social e Samuel Britto, Educador Social, CPT Centro Oeste da Bahia, ambas acontecerão às 19:30 h no canal Diálogos com os Povos, da Teia dos Povos.

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  1. Bom dia a todas e todos Trabalhadores defensores dos direitos da Vida e Trabalho. Eu , Rogério Morfeu , um trabalhor urbano como qualquer outro , dentre vocês. Fico muito preocupado com a situação de vocês no campo. A água é vida e todos nós pendendemos desse bem natural para nossa sobrevivência e existência. É um crime contra Vida , contra a existência de vocês. AA imprensa nacional e internacional , o ministério público , defensoria pública , oab e os direitos humanos tem que ser provocado . É um absurdo está situação em nome do desenvolvimento economico , deixar seres humanos sem condições de sustentabilidade . O uso das águas é um direito universal .

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