Posted on: 10 de janeiro de 2022 Posted by: Tinkamo Comments: 2

De 17 a 20 de Março de 2022 em Santa Maria.

Nós, comunidades, territórios e grupos da Teia dos Povos em Luta no Rio Grande do Sul, estamos organizando a primeira Jornada de Agroecologia, momento de reunião de nossas ideias e nossas práticas, de nossos corpos e nossas trajetórias, de nosso modo de ser e estar no mundo. 

Inspirades na Teia dos Povos na Bahia, que surgiu de uma Jornada de Agroecologia, fomentamos esse encontro de fortalecimento e compartilhamento, para que possamos adubar as conexões entre nós, semeando uma vida boa e digna para todos os seres.

Está em curso um verdadeiro colapso ambiental, onde a destruição do meio ambiente cada vez mais se torna uma política de estado, e o desmatamento, queimadas, ação de mineradoras e a monocultura têm devastado os biomas, rios e populações tradicionais de norte a sul do Brasil. Nossa resposta e enfrentamento a este cenário está na construção de uma grande aliança entre os povos de luta que traçam caminhos de autonomia, soberania e resistência em seus territórios. Não podemos repetir a ilusão de apostar nas instituições burguesas como uma saída para as nossas urgências.

Semear aliança entre os povos e plantar vida nos territórios é nosso modo de reexistir e lutar.

Tivemos muitas perdas e estamos passando por várias dificuldades que assolam nossas comunidades e territórios. Retornar a nos encontrar de forma presencial nesse período será a esperança de reativar o espírito de solidariedade e reaproximação entre os povos. Não será fácil  construir um encontro tão potente como este neste momento pandêmico, mas sabemos a importância e o quão necessário é para seguirmos firmes na caminhada por terra e território.

Somos novos frutos de sementes ancestrais. Cuidamos da diversidade de sementes para que a memória nunca seja esquecida, e possa se renovar. Nutrir os povos com alimentos que cuidam da terra, das pessoas, dos bichos, das plantas, da vida. Semeando a memória viva dos povos que lutam e reexistem, em toda sua diversidade – que coexiste.

Damos o nome de agroecologia a práticas ancestrais de autonomia, sabedoria e cuidado com a terra. E são essas sabedorias e práticas que lutamos por reconhecer, aprender, compartilhar e multiplicar. Agroecologia para nós é um caminho necessário para a sobrevivência e cura, combatendo a fome e preservando a diversidade da vida. A construção e a transição agroecológica exige luta porque essas sabedorias não interessam ao sistema – ao capital, ao latifúndio, ao patriarcado, ao colonialismo, ao racismo – que coisifica a vida e dissemina morte estéril, que não respeita e persegue a diversidade. Nossa luta é pela terra, pelos territórios e pela vida de todes os seres.

Escolhemos realizar esse encontro no Assentamento Carlos Marighella, em Santa Maria, região onde povos de luta, camponeses, negros e negras, indígenas e coletivos agroecológicos coexistem e se aliam em rede, fortalecendo e criando solidariedade e apoio mútuo. O grupo agroecológico Guandu que vem resgatando e cultivando de forma coletiva as sementes crioulas e a terra no assentamento irá abrir seu território, em parceria com a comunidade Mbya Guarani, a Ocupação Vila Resistência e elos da região central para acolher a 1ª Jornada de Agroecologia no RS.

Com essa proposta, reconhecendo a luta ancestral de povos indígenas, negros, pobres, mulheres e todes que não se encaixam nesse sistema hetero-patriarcal-racista de exploração da terra, das gentes e da vida, estamos realizando pré-jornadas em nossos territórios de diferentes regiões do estado, para fortalecer localmente alianças que potencializem o contexto local e o encontro estadual em março de 2022.

Vamos juntes! Que a diversidade e a vida possam nos unir nesse momento de tormenta, que as sementes ancestrais possam nos guiar nessa batalha de defesa, revolta e multiplicação da diversidade. 

Nós somos a terra lutando por viver!

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