Posted on: 28 de outubro de 2019 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0
Carta em agradecimento aos elos, núcleos e colaboradores da VI Jornada de Agroecologia da Bahia e chamada pra luta em defesa dos Território

Saudamos todas e todos que participaram da VI Jornada de Agroecologia da Bahia nas terras do Povo Payaya. A VI Jornada só foi possível graças a participação coletiva dos Elos e Núcleos de Base ao assumir a tarefa de organizar em cada localidade as Pré Jornadas. Essa tarefa foi tão importante que pela primeira vez a Teia dos Povos não ficou endividada, os núcleos de Base e Elos da Teia se encarregaram de assumir os 80% dos gastos da jornada. Com esse aprendizado, temos certeza que nas próximas jornadas garantiremos 100% de nossas despesas e aí sim, daremos o grito de independência total. Para que isso aconteça é necessário desde já aumentar a organicidade dos núcleos de Base e Elos da Teia, espalhar por todos os cantos da Bahia e Brasil as Pré Jornadas. Outra questão importante foi o envolvimento dos companheiros e companheiras de várias regiões nos trabalhos coletivos de maneira voluntária, todas e todos dispostos a construir a VI Jornada de Agroecologia, antes e durante a jornada. Ficou marcado, pessoas vindas de vários lugares no intuito de colaborar de todas maneiras: nos mutirões, doando alimentos, articulando transportes… Pessoas que chegavam de outros estados do Brasil e de outros países por conta própria ou de carona…

Sementes Crioulas

Esta Jornada foi possível demonstrar o quanto o nosso povo é capaz de assumir a tarefa e construir seus espaços, seus sonhos e sua autonomia com gestos de humanidade e solidariedade. Desta forma, abrimos os caminhos e é assim que construiremos a grande unidade na luta Indígena, Negra, Popular e Latina Americana. Foram cinco dias de vivencias com mestres e mestras de saberes, feiras agroecológicas, Terreiro Lúdico para as crianças, construção de painel de sementes e tecidos, rodas de conversas, oficinas, trocas de sementes crioulas, cozinhas coletivas, culinárias regionais, capoeira de Angola, noites culturais com artistas regionais, lançamentos de livro, plenárias, rituais de terreiro e indígenas, todos num mesmo sentido do debate e compreensão horizontal sobre o tema “Terra, Território, Águas e Ancestralidade: tecendo o Bem Viver”. Saímos da Cabeceira do Rio Utinga, das Terras Sagradas do Povo Payaya fortalecidos com o espirito do grande Cacique Sacambuasu, no compromisso de defender a nossa Terra, o nosso Território.

Agora, fortalecidos pelos nossos ancestrais, precisamos manter essa unidade mais firme, convocar as guerreiras e guerreiros da Bahia, Nordeste e do Brasil para defender nossas terras, nossos territórios e nosso Povo contra o capitalismo, contra o imperialismo e a elite subordinada ao império. Devemos fazer uma saudação ao Povo Chileno, ao Povo do Equador e todos os Povos do mundo que estão em luta contra o sistema capitalista e contra o imperialismo (Venezuelanos, Bolivianos, Mexicanos, Argentinos, Haitianos..).

O Povo da América começa a se levantar e nós da Bahia e do Brasil precisamos também nos levantarmos contra o capitalismo e imperialismo. Lembrando que estamos diante de uma das maiores crises que a humanidade atravessa. No Nordeste estamos vivendo uma grande crise ecológica e social. O óleo derramado na costa Nordestina terá consequências terríveis para o meio ambiente e para os Povos Tradicionais que vivem e sobrevivem da Pesca artesanal: Marisqueiras, extrativistas, pescadoras…. Todos atingidos por esse crime ambiental terão muitas perdas e sofrimento. Até agora os governantes ao invés de resolver o problema, vem colocando a culpa na Venezuela sem nenhuma prova. Será que não foi uma plataforma da Petrobras que vazou esse óleo? Será que não foi a Shell furando poço de Petróleo sem controle nas águas da costa do Nordeste que vazou esse óleo? Então, o governo precisa encontrar os verdadeiros responsáveis e puni-los, ao invés de mentir nos meios de comunicação. Os Pescadores, Pescadoras e Marisqueiras precisam de respostas certas e concretas para aliviar seu sofrimento.

O Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Estado da Bahia – MPP já ocupou o IBAMA em Salvador para exigir que as autoridades brasileiras resolvam e punam os culpados. A Teia dos Povos está apoiando o Movimento dos Pescadores e Pescadoras para fazer frente a esse desafio, pois estamos cientes de que o governo federal vem atacando o povo nordestino com crime de ódio, preconceito e racismo e os governos estaduais do Nordeste não estão reagindo à altura. Esse momento que estamos atravessando, de crime ambiental, pode ser um ato contra o Povo Nordestino, contra nossa economia, nossa biodiversidade e contra os Territórios dos Povos Originários. O Povo Nordestino precisa reagir, já que os governantes não convocaram até o momento a população para responder aos crimes que vem ocorrendo, junto a esse crime ambiental sem precedente.

É hora de reagir para existir com a força de todos os Povos: Indígenas, Quilombolas, Povos de Terreiro, Povo Preto, movimentos sociais e a sociedade civil em geral que lutam por terra e território e outros anseios dos Povos.

Diga ao povo que avance!
Avançaremos!

 

 

 

 

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