Posted on: 21 de outubro de 2020 Posted by: Teia dos Povos Comments: 1

há um genocídio em curso avançando por duas frentes: a COVID-19 e o ultra-liberalismo.

o que poderíamos dizer nosotros a todos aqueles acuados nesta desesperadora situação?

só diríamos a outrem aquilo mesmo que não paramos de repetir a nós mesmos!

somos todos nós os condenados da Terra, lançados no absoluto desamparo por uma classe dominante a todos nós odiando.

e neste desespero nenhuma ilusão deve restar: sempre foi nós por nós.

por não encaminhar qualquer proposta concreta para minimamente gerir a pandemia, omitindo-se frente a uma catástrofe desta magnitude, a burguesia brasileira torna-se “irrelevante”.

como resultado há uma crise de hegemonia: a dominação só pode se impor pela coação e a violência, sem conseguir se exercer por meios ideológicos forjando consensos.

já não há nenhum “ganho” para a classe trabalhadora em submeter-se por consentimento à dominação burguesa.

cabe indagar: haveria alguma saída dentro da ordem?

porém, ao contrário do que possa parecer, a taxativa resposta de “não existir saída dentro da ordem” não é radical. está longe de ser suficientemente radical, num tempo de extremas radicalidades.

primeiro, porque a ruptura com a ordem implica também em abandonar formas de militância e de organização ainda situadas no interior dela.

como exemplo: o Militante e o Partido, compreendidos como Instituições, portanto instâncias de controle e neutralização da oposição à ordem.

depois, por não haver de fato nenhuma saída, seja dentro ou fora da ordem. a única alternativa é abrir portais de entrada para processos emancipatórios.

como viabilizar estes portais de entrada?

neste contexto de pandemia, é justamente a necessidade premente da luta pela saúde coletiva o que delineia o mapa para ser seguido.

encurralados por dois lados, a COVID-19 e o ultra-liberalismo, é também em duas frentes simultâneas que nosso movimento deve se dar.

a primeira frente é intervir na urgência desesperadora do imediato.

para isto são fundamentais as redes de solidariedade fornecendo cestas básicas, atendimento médico e todo tipo de assistência, inclusive em questões burocráticas, por exemplo, acompanhar o cadastramento para receber o auxílio emergencial.

além disto, as redes também cumprem uma função de intercâmbio de informações e experiências, colocando-se desde já como meio de articulação da 2ª frente de atuação.

sem ilusões em qualquer alternativa institucional, nos cabe construir um processo destituinte.
sendo esta a 2ª frente: a destituição de um mundo, para outros mundos poderem florescer.

e como se dá na prática um processo destituinte?

destituir não implica em atacar as instituições, e nem mesmo em criticá-las, pois o Poder Destituinte atua nos libertando de nossa dependência das instituições.

exemplo:

– destituir a medicina de mercado é nos tornarmos capazes de gerir coletivamente nossa saúde, a partir de técnicas alternativas e saberes ancestrais, conscientes de não ser possível estar saudável num meio ambiente doentio;

– destituir a indústria alimentícia­ se dá pela organização de coletivos capazes de produzir e colocar em circulação alimentação saudável;

– destituir um governo é se tornar ingovernável.

o processo destituinte se fundamenta na autonomia: auto-organização, auto-gestão, auto-suficiência e auto-defesa.

neste sentido, algum programa mínimo unificaria as lutas?

qualquer programa mínimo está muito além do máximo que a classe dominante aceitaria conceder.

e nenhuma força política institucionalizada pactuaria um programa mínimo estabelecendo um processo destituinte, por serem elas próprias parte daquilo a ser destituído – começando pelo princípio da representação.

é inútil investir tempo e energia para destruir um mundo agora desmoronando na frente de todos nós.

até mesmo porque nossos recursos tanto materiais, quanto de tempo e energia, são bastante limitados.

serão melhor utilizados na criação de outros mundos, aplicando-os diretamente em articular territórios autônomos baseados na auto-suficiência em energia, água, comida e saúde.

vídeo:

sobre os Diários da Pandemia:

  • Embora seja tb um trabalho jornalístico, se propõe a muito além disto.
  • Tem como objetivo principal tecer uma rede de comunicação entre as diversas lutas localizadas.
  • De modo a circular as experiências, para serem reciprocamente conhecidas numa retro-alimentação de auto-fortalecimento.
  • Não se trata de tão somente produzir matérias, e sim tornar as matérias instrumento para divulgar conteúdo capaz de impulsionar os movimentos.
  • Em suma: colocar a comunicação a serviço das lutas concretas.

acesse a série completa aqui neste link

Antonio Garcia é um nome próprio de batismo, apesar disto é anônimo nos terabytes de terabytes do Big Data, quase completamente unGoogleable. algumas poucas vezes torna-se nosotros, como arkx, sendo que este nunca é anônimo mas sempre não é um autor.

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