As ações de solidariedade do Comitê Elos entram em nova fase com a organização de hortas para 51 famílias das comunidades do Lins e Anchieta, no Rio de Janeiro e Ponto Chic, em Nova Iguaçu.
Essas famílias haviam recebido alimentos, material de higiene e de proteção e livros na fase de distribuição de cestas, no total de 60 famílias atendidas.
No formulário de cadastramento, a maioria indicou que tinha interesse em plantar em suas casas e com a ajuda das doações recebidas nos organizamos para viabilizar a atividade.
As coordenadoras do Comitê Elos e das instituições parceiras fizeram curso da Embrapa sobre hortas e contamos com a ajuda de uma voluntária agrônoma.
O kit distribuído às famílias é composto de terra adubada, humus e 12 mudas de hortaliças e legumes, instruções para plantio e cuidado, além de um livro.
Nas três comunidades foi formado um grupo de WhatsApp para troca de informações, experiências e acompanhamento do plantio e colheita.
No processo de organização das hortas, conhecemos a publicação “Convenções do Vento: agroecologia em contos”, de Ana Maria Primavesi, pesquisadora referência da área no Brasil. Ele será incluído no kit horta que cada família está recebendo.
Lactuca sativa. Alface, rico em fibras, ácido fólico, vitamina K, antioxidante, calmante e baixa caloria. Os primeiros pés começam a ser colhidos nas casas das famílias da comunidade Árvore Seca, no Lins, uma das três localidades que receberam material do projeto Hortas de Solidariedade.
Meu nome é Luciana Paes, trabalho na Biblioteca Comunitária Dando Asas à Imaginação, no Lins, Rio de Janeiro (RJ).
Agora durante a pandemia a gente ficou fechado, mas em contato ainda com as famílias pelo Zap. Quando conseguíamos algum alimento pra doar, chamávamos pelo Zap. Eles vinham pegar de máscara e tudo.
As meninas do Comitê Elos, conversando entre elas, pensaram numa forma de ficarmos mais próximo dessas famílias. E era um sonho nosso construir uma horta comunitária, mas com a pandemia não seria viável, pois não poderíamos reunir pessoas fazendo isso.
Então se decidiu que iríamos doar as mudas para as pessoas fazerem a sua própria horta.
Compramos as mudinhas e doamos para as famílias, com tudo que precisavam. E pensando assim: “Será que eles vão aceitar? Será que vão gostar?”.
Mas foi uma resposta assim tão boa aqui na minha comunidade! As famílias aceitaram bem.
Só que muitas mudas a princípio morreram, as mudas todas. E aí se desesperaram: “O que fazer? O que vamos fazer?”.
A gente faz reunião uma vez na semana com o Comitê Elos. Pensarmos em soluções para ajudar essas famílias, pois nós também não sabíamos plantar.
As meninas conseguiram um amiga que é agrônoma. Essa amiga está dando todo o suporte prá gente.
O complicado é porque tudo é pelo Zap. Passamos tudo pelo Zap. Eles vão postando as fotos, vão nos mandando os detalhes de como estão as coisas.
Graças a Deus agora estão indo muito bem as hortas, estão lindas. E as crianças muito felizes em estarem comendo alfaces que elas mesmo plantaram. Elas mesmo estão cuidando. E as sementinhas estão brotando, estão crescendo.
Foi um meio de alguma forma ficarmos próximos das famílias, porque aquelas mudinhas fomos nós que doamos. Somos nós que estamos construindo aquela horta com eles, naquele elo com eles. E dali conseguirão tirar o seu próprio alimento.
É uma coisa pequena, por enquanto, e se Deus quiser vai crescer. Estamos começando devagarzinho. Mas eles estão se empolgando, partir daí já estão tendo a iniciativa de plantar outras coisas.
As crianças estão adorando. A participação delas é muito bonita.
Acho que nesse momento, em que a gente não pode estar com eles na biblioteca, pegando livros, fazendo brincadeiras, dando palestra, neste momento isso está sendo fundamental para nossa união, para manter o nosso elo.
No grupo do Zap eles põe as fotos toda semana. E se tem alguma dúvida, eu levo para reunião do Comitê. Tentamos solucionar e repassar a eles.
Assim está fluindo.
O Comitê Elos da Cidadania surgiu a partir do Movimento Contra a Fome e a Miséria, liderado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, nos anos 1990. O Comitê nasceu da mobilização de funcionários do Banco do Brasil no Rio de Janeiro e se formalizou como organização social em 2003.
sobre os Diários da Pandemia:
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