Posted on: 11 de março de 2021 Posted by: Teia dos Povos Comments: 1

Em seu Caminhar para a Autonomia, pequenos produtores agroecológicos do interior do Rio Grande do Sul encaminham o resgate da secagem da erva-mate em carijo, não só um modo de fazer como principalmente um valioso saber ancestral.
Em cada região há pelo menos um produto agroecológico capaz de gerar renda para financiar a luta dos povos. É preciso identificá-los, proceder o cultivo e avançar para o beneficiamento.

Olá, pessoal.

Aqui é o Rudinei Pinto aqui do município de Erval Grande. No Rio Grande do Sul.

A gente está há mais de um dia aqui trabalhando na produção da nossa erva-mate, a Seiva Rebelde.

Que é a erva-mate produzida em sistema de carijo. É o modo ancestral de produção do nosso apreciado chimarrão aqui no sul.

Então a nossa erva é produzida em sistema de agrofloresta, prezando aí por não usar agrotóxico. Fazendo um produto de qualidade, para ser tomado por quem gosta do de chimarrão.

Então, o que a gente tá fazendo é retomando essa forma de produção tradicional da erva-mate que  ao longo do tempo caiu nas mão das grandes indústria, agronegócio. Que já produzem a erva-mate usando agrotóxico e bastante produtos químicos.

E a partir então aí da Seiva Rebelde a gente quer retomar um produto que faz parte do modo de vida das populações aqui no Sul do Brasil.

Aqui é Noeli Pinto.

Tamos fabricando erva em casa. Erva caseira, moída no pilão. Secada no forro à lenha. Tudo pura.

Vivemos como o dos antepassados ainda. Há sessenta anos atrás eles faziam a erva caseira. Quando eu tava pouco eles fazia mais com a erva pura do mato.

Faz trinta anos que tomo chimarrão.

Olá companheirada!

Aqui quem fala é Ademir, trabalhador rural aqui de Erval Grande (RS). Estamos construindo a articulação da Teia dos Povos no Rio Grande do Sul.

Venho contar pra vocês uma experiência que a gente desenvolveu no município de Panambi. Fizemos uma prática junto ao carijeiro e biólogo Moisés da Luz.

Uma prática que vem das ancestralidades indígenas, de produzir a própria erva-mate, que é o produto mais característico da nossa região. O hábito mais particular das população que vivem na metade Sul do nosso continente.

A recuperação desta prática é para nós uma experiência de auto-sustentação econômica, inclusive para a articulação estamos desenvolvendo entre trabalhadores rurais e populações indígenas. Com intencionalidade também de se aproximar com a população quilombola, povo sofrido nesse nosso Estado. Estado racista.

A prática envolveu trabalhadores do município de Panambi, onde essa tradicionalidade não se perdeu ao longo dos tempos frente à indústria da erva-mate, que monopolizou quase toda a produção no estado do Rio Grande do Sul.

Embora não tenham perdido, vivem um cenário de avanço do agronegócio, com a soja tomando conta de boa parte do município, cada vez mais expulsando a população do campo.

Então temos esse desafio de fazer uma luta aí que vá ao encontro desse modelo, para recuperar o nosso bioma, recuperar as nossas tradicionalidades, as nossas heranças ancestrais.

Estamos com planos um pouco maiores. De estabelecer uma produção aqui no município de Erval Grande. A princípio produzir erva-mate nessa prática artesanal, com erva agroecológica que a gente pode produzir aqui a partir das agroflorestas que estamos desenvolvendo na nossa localidade.

Esse produto vai ser para auto-sustentação da construção da Teia dos Povos no Rio Grande do Sul. E também para produzir renda para os trabalhadores que se envolverem nesse processo.

A idéia é que se popularize. E cada vez mais as pessoas consumam erva-mate e outros produto que venham da mão de quem trabalha no campo. Para evitarmos cair nesse consumo que vem da indústria, que vem com química, agrotóxicos.

Estamos botando a nossa contribuição, a partir desse projeto de retomada dos carijos.

O carijo é o nome que tradicionalmente se chama esse tipo de produção artesanal da erva-mate, de forma coletiva, comunitária.

Pretendemos produzir e participar junto com o Moisés aí nessa retomada e nessa nova popularização da prática dos carijos, que são uma questão cultural importante para a população do campo no Rio Grande do Sul.

Nos próximos meses estaremos com uma produção de erva-mate da Teia dos Povos.

Esperamos que as pessoa gostem e se interessem por saber a história e a trajetória da erva-mate, que é um costume milenar. E nós devemos ela à população Guarani, Kaingang e Xokleng. Populações indígenas do nosso estado do Rio Grande do Sul e do Sul do Brasil.

É isso. Abraço a todos. Valeu.


●Veja também no Coletivo Catarse.

vídeo:

Ademir Antonio
trabalhador da terra, filho de mãe indígena Kaingang, anarquista especifista, peleador desde pequeno.


sobre Caminhar para a Autonomia:

  • aborda casos concretos de comunidades e territórios com lutas e experiências em seu processo de conquistar autonomias;
  • um passo além dos Diários da Pandemia, até mesmo porque muito embora a pandemia prossiga é impositivo florescer territórios para além dela;
  • envolve também um diálogo com o livro “Por Terra e Território: os Caminhos da Revolução dos Povos no Brasil”, com as caminhadas que este propõe, para divulgar não só situações já existentes como aquelas que surjam a partir de sua leitura.

acesse a série completa: aqui


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  1. Olá amigos,

    Venho por meio desta mensagem para manifestar interesse em vender a vossa erva rebelde.
    Adoramos o que lemos e gostaríamos de conversar mais um pouco, pode ser?

    Vou deixar aqui em baixo nosso contato. Desde já agradecemos.

    Telefone: (41) 99896-0019

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