Posted on: 19 de julho de 2022 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

a força dos povos, dos movimentos de favela e do movimento agroecológico

A convite do anfitrião Coletivo Ponto de Luz e do Coletivo Roça!, ambos tecedores da Teia dos Povos no estado do Rio de Janeiro, e em parceria com a Associação Agroecológica de Teresópolis e o Movimento de Ressurgência Puri, com apoio da Associação dos Trabalhadores de Base (ATB-RJ e ATB-Teresópolis) foi realizado um encontro de troca “Teia dos Povos” na Feira Agroecológica de Teresópolis no sábado, 16/7/2022.

O encontro fez sentir a força que surge quando vão ao encontro lutas dos povos originários, lutas das favelas e lutas pela soberania alimentar.

Em um primeiro momento o Coletivo Roça! apresentou a proposta da Teia dos Povos e relatou a experiência do encontro das Teias na Bahia em maio e a força que o grupo do Rio de Janeiro, que participou do encontro (além do Coletivo Roça! o Coletivo Formigação  do Morro da Formiga), sentiu ao encontrar os povos que tecem a Teia. Esta Teia já está bem articulada nos estados da Bahia e do Maranhão e em construção já iniciada e firmada em São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará e Pernambuco. E agora, desde maio, além do Rio de Janeiro também em Rondônia está havendo os primeiros passos para tecer a Teia nesses estados. Depois de um encontro de coletivos de periferia em maio em Ponta Negra, Maricá e um mutirão no Espaço Comunitário Roça! na Maré, do qual participaram companheirxs da Teia dos Povos/RS, do Movimento Organizações de Base (MOB), da Cooperativa Gentalha (Niterói) e do próprio Coletivo Roça!, esse encontro foi o terceiro passo na tecitura da Teia no Rio de Janeiro.

Estandarte da Teia dos Povos exposto em cerca em Teresópolis.

Na segunda parte do encontro de troca, após introdução pela companheira Cíntia, ressurgente Puri do Coletivo Ponto de Luz, o Prof. Marcelo Sant’anna Lemos deu um panorama amplo e muito bem fundado sobre importância de diversos grupos indígenas na história do povoamento da região da Serra dos Órgãos. Enquanto a prefeitura de Teresópolis tenta forjar uma imagem de que as raízes da cidade sejam inglesas – uma mera invenção que demonstra a relação afirmativa de quem governa a cidade com o passado escravocrata – o professor afirma a presença decisiva de diferentes grupos indígenas, Manipaques, Gessaruçus, Puri e Coroados e talvez Temiminos nos século XVI no processo de uso e ocupação do território na área do que hoje faz parte do município de Teresópolis.

Um município que vai muito além de seu núcleo urbano com amplas áreas rurais, que muitas vezes são invizibilizadas. A força desse campo porém se mostra na própria feira orgânica e na luta por soberania alimentar dos grupos que compõem a Associação Agroecológica de Teresópolis, segundo o lema: “Orgânicos para todes!” Áreas rurais tão inivisibilizadas quanto às 42 favelas, no jargão do IBGE pejorativamente cunhados de “Aglomerados sobnormais”, que integram parte importante do núcleo urbano do município e contam com associações de moradores e coletivos como o Ponto de Luz em constante luta por melhorias das condições de vida de moradoras e moradores na contramão do racismo estrutural que fundamenta a gestão urbana da cidade.

Oficina com moradores para a Horta Urbana da Santa Cecília.

O encontro de troca mostrou a força desse encontro de resistências e a potência da proposta da Teia de articular povos e suas lutas e construir uma Aliança Indígena, Preta e Popular que se fundamente na ancestralidade e espiritualidade dos povos.

Terra e território, o fazer junto, a ação coletiva concreta, são o que garantem a sobrevivência dos povos. Nesse espírito, a tarde seguiu com uma atividade na Favela Santa Cecília onde realizou-se uma oficina na Associação de Moradores com apoio do grupo de pesquisa “Periferias em Movimento” da Universidade Federal Fluminense (NUREG/UFF). A oficina teve como objetivo articular experiências para pensar a implementação de uma horta comunitária na comunidade. Realizou-se uma visita conjunta do terreno a ser transformado em horta. E, de volta na associação, desenhando e trocando ideias, os próximos passos necessários rumo à Horta Comunitária na Santa Cecília ganharam contorno.

Terreno para horta  urbana em Santa Cecília.

O grupo de visita da cidade do Rio de Janeiro ainda visitou a Colina do Mirante e o Morro do Tiro junto aos caminho escolhidos entre os lugares das atividades ganhou uma impressão dos territórios de resistência faveladxs que ocupam parte significante da cidade, sobretudo a do lado de lá da Colina do Mirante, onde, por sinal, se veriam tão bem as favelas que por isso a prefeitura parece descuidar do mirante. Mas até a vista do mirante é dificultada, pelas coroas das árvores que do lado da cidade dita formal que está em busca de seu passado escravocrata terminam bem em baixo do mirante, enquanto do lado para as favelas elas tampam quase integralmente a vista.

No domingo o grupo ainda visitou e foi muito carinhosamente acolhido no Terreiro Ilê Omim Aiyê, que estava em comemoração pelos 26 anos do seu Babalorixá Marcelo de Oxum, afirmando-se nessa visita a força da espiritualidade dos povos de Teresópolis.

Uma teia se tece e retece em muitas etapas, e esse final de semana foi uma etapa importante nessa jornada.

Vida longa a todos os grupos e todxs xs companheirxs que participaram desse lindo encontro de troca! E muita força à resistência popular teresopolitana!

Convidamos a todes que apostam na força das lutas dos povos e dos de baixo de somarem na tecitura da Teia dos Povos no estado do Rio de Janeiro.

Em breve serão decididos agenda e próximos passos da Teia dos Povos RJ.


Para mais informações sobre a Teia dos Povos no Rio de Janeiro entre em contato com caminhosdaroca@gmail.com

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