Posted on: 9 de março de 2023 Posted by: Rafique Nasser Comments: 0

Na madrugada do dia 8 de março de 1992, 360 famílias do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a antiga Fazenda Bela Vista, em Arataca, no Sul da Bahia, e fundaram o Assentamento Terra Vista. Após despejos e demais desafios enfrentados, agricultores e agricultoras vivem na área seguindo cotidianamente o lema “Ocupar, Resistir e Produzir”.

Ao longo dessas mais de três décadas de história, o Assentamento Terra Vista consolidou a sua perspectiva de Bem Viver unindo o processo produtivo na terra com a obrigação do cuidado com a natureza, experimentando e compartilhando a agroecologia, mostrando que é possível conceber um outro mundo, livre do agronegócio e de suas ações de devastação, tecendo a solidariedade entre os povos e encorajando a luta em favor da vida digna.

Após perceber que o modelo agrícola do capital não proporcionaria a liberdade almejada, nos anos 2000 a comunidade do Terra Vista iniciou a sua transição agroecológica. Nesse trajeto, 92% da mata ciliar do Rio Aliança já foi recuperada, assim como 80% das suas nascentes. Com mais de 900 hectares no total, sendo 313 de Mata Atlântica Preservada e 313 de Cacau Cabruca, o Assentamento abriga um Sistema Agroflorestal em constante expansão.

Foi lá, em 2012, na I Jornada de Agroecologia da Bahia, que nasceu a Teia dos Povos, fruto da necessidade de construção de uma Aliança Preta, Popular e indígena. Desde então, o Terra Vista recebe encontros e eventos cujo objetivo são de cada vez mais fortalecer a luta por Terra e Território no Brasil.

O Assentamento Terra Vista tem como prática a educação popular, alicerçada nos fazeres e saberes tradicionais, a biointeratividade entre os seres humanos e os organismos que compõe a Mãe Terra e o combate à fome. Nesses sentidos, o ATV nos ensina que é possível vencermos coletivamente as crises que se aprofundam em nosso tempo. 

Neste dia, saudamos as assentadas e assentados do Terra Vista, e desejamos vida longa a esse território onde a liberdade é exercício diário.

Pela urgência de virarmos este mundo em “Festa, Trabalho e Pão” é que damos um viva a essa gente de luta!

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