Com a benção de nossas mais velhas,
Com a benção das mais velhas que as nossas mais velhas,
Com a benção das Águas,
Com o respeito das nossas crianças,
Com o respeito da rede de Mulheres da Teia,
Aos núcleos de Base,
Aos Elos da Teia,
Às Teias em outras geografias do Brasil,
À gente de dignidade e rebeldia,
O chamado
Nas forças dos ventos, a Teia se coloca a ouvir o chamado das Águas doces e salgadas e, com o objetivo de fortalecer a luta e a resistência das/os Pescadoras/es Quilombolas em defesa do seu território, identidade e modo de vida, bem como pela vida das mulheres tão atacadas na Baia de Todos os Santos e no Recôncavo, realizará a 7° Jornada de Agroecologia no Quilombo Conceição, situada no município de Salinas da Margarida, território afro-indígena, entre os dias 30 de janeiro a 03 de fevereiro de 2023. Que as águas de nossas lutas se encontrem nessa Lua Nova para construirmos nossa grande jornada de lutas!
No encontro do Rio Paraguaçu com as Águas da Baía de Todos os Santos, nas lamas e manguezais, rodeados pelo bioma Mata Atlântica, é que acontecerá nossa jornada de Agroecologia desse ano. Imersos no contexto da pandemia do Convid-19, das mais de meio milhão de mortes evitáveis, da aprovação de projeto de leis que legaliza a grilagem de terras no Brasil e impulsiona a mineração e, consequentemente, a supressão das florestas, do genocídio dos povos e territórios indígenas e Quilombolas. Nesse contexto desenfreado de avanço do capitalismo agrário e da maior safra de commodities é que entendemos ser necessário a realização da Jornada de Agroecologia, no sentido de discutir e fazer enfrentamento aos projetos do capital que se valida de um estado brasileiro burguês e, hoje, militarizado. Até quando vamos adiar nossa conversa sobre nos defender de quem nos caça?
A conjuntura que enfrentamos
Este é o mesmo contexto que negligencia o direito à vida das mulheres, de nossos irmãos e irmãs, pretos e pretas em situação de cárcere, em que a polícia caça ciganos pelos sertões, em que a fome e o ódio somam-se ao cotidiano duro das cidades grandes e pequenas urbanizadas, ao descaso público com a saúde e a educação, com as nossas vidas que tem pouco ou nenhum valor para os de cima. As águas estão em luto e em luta. A Baía de Todos os Santos, de Aratu, Camamu e outras, também sido Baías de muitas violações dos Direitos Territoriais, ambientais e até do direito a vida. Os poderes públicos e privados se articulam, negam e atacam as identidades tradicionais, fazem expropriação dos territórios, impedem e limitam o acesso inclusive a matas, água e vacina. A conjuntura é das piores possíveis, mas nós somos herdeiros dos povos de Palmares e do Orubu, de balaios e cabanos, de contestados e conselheiristas de Canudos. Nós não escolhemos a conjuntura, apenas nos levantamos diante dela.
Nós, da Teia dos Povos, acolhemos a mensagem das guerreiras e guerreiros e começamos a semear os frutos desde a realização da I Jornada de Agroecologia no Assentamento Terra Vista no sul da Bahia em 2012, onde caminhamos rumo à unificação da luta dos povos em sua diversidade e pluralidade, em defesa da Terra e do Território que historicamente nos foi tirado. O ano que vem marca nossos 10 anos de aliança de povos. Somos uma criança ainda, pequena, mas filha da ancestralidade guerreira dos mais rebeldes de nossas memórias. Ano que vem também veremos as comemorações dos dois séculos de estado-nacional em forma de genocídio. O bicentenário da independência protagonizado por um governo genocida possui uma lição cabal de nossa história.
Entendemos que não haverá um novo projeto de Brasil sem a justiça na democratização das terras e na demarcação dos Territórios, sem o respeito à autonomia das comunidades e sem a construção de uma nova matriz econômica alicerçada na Soberania Alimentar e na Agroecologia. Nem há futuro sem parar a fome. O momento conjuntural continua sendo de muita luta, muito trabalho e grandes desafios. Os últimos anos têm sido marcados pelo avanço de uma onda elitista, racista, patriarcal, privatista, que tem ampliado as ofensivas contra os direitos de trabalhadoras/es, contra territórios tradicionais e populares no campo e na cidade, além de aumentar a criminalização dos movimentos sociais e os casos de violência contra suas lideranças.
Nosso encontro
Diante desse contexto, é urgente a ação articulada para enfrentar os desafios dessa conjuntura, garantindo a continuidade das lutas, a solidariedade mútua para defesa dos territórios, da produção agroecológica, da liberdade, da vida dos povos, de seus lutadores e lutadoras, e da vida da terra parando a grande destruição dos biomas.
Nossa jornada se propõe, então, a discutir “Terra, território e água: fortalecer a (r)existência, construir a soberania popular e defender o modo de vida tradicional e ancestral”.
O Momento é de compartilhar Nosso Bem Viver, que passa pela construção de uma educação alicerçada nas sabedorias ancestrais dos nossos povos e a construção de uma ciência para além do capital e a serviço do povo. É tempo de recomeçar, a história pertence à mulher e ao homem que nunca desistem e não têm medo de lutar. Compreendemos que nossa Mãe Terra não nos pertence, nós é que pertencemos à Terra. Nesse sentido, seguiremos as trilhas de nossos Ancestrais, invocando-Os e convocando todos os guerreiros e guerreiras a juntar-se para tecer os fios do Bem Viver, alicerçado na defesa da Terra e do Território, na matriz Agroecológica e na defesa das águas para construção da soberania popular.
Nossa lutas nascem como riachos finos que se esgueiram por pedras e matos, mas o destino vai se avolumando a cada encontro com outros rios, formando um rio frondoso, caudaloso e profundo que se une a todas a águas num grande mar de lutas! Que as águas, as marés, as boas chuvas, nos levem ao Quilombo de Conceição no final de janeiro de 2022. Ergamos um grande acampamento de honrar nossos ancestrais tão bela nossa organização, tão poderosa nossa disposição para a luta. Organizem suas caravanas, construam o caminho até o Quilombo. E que lá possamos decidir nos aquilombar para o resto de nossas vidas, fazer um, dez, cem, mil Palmares de novo!
E diga ao povo que avance!
Que maravilha! Estarei presente!
Desde a Teia dos Povos em Luta no Rio Grande do Sul, aí vamos!
[…] A VII Jornada Agroecológica já está confirmada e acontecerá entre os dias 28 de janeiro e 02 de fevereiro de 2022 no Quilombo Conceição, situado no município de Salinas da Margarida, território afro-indígena, no Recôncavo Baiano, conforme Carta Convocatória (https://teiadospovos.org/carta-convocatoria-para-a-vii-jornada-de-agroecologia-da-bahia/). […]
[…] A VII Jornada Agroecológica já está confirmada e acontecerá entre os dias 28 de janeiro e 02 de fevereiro de 2022, no Quilombo Conceição, situado no município de Salinas da Margarida, território afro-indígena, no Recôncavo Baiano, conforme Carta Convocatória (https://teiadospovos.org/carta-convocatoria-para-a-vii-jornada-de-agroecologia-da-bahia/). […]
[…] A VII Jornada de Agroecologia já está confirmada e acontecerá entre os dias 28 de janeiro e 02 de fevereiro de 2022, no Quilombo Conceição, situado no município de Salinas da Margarida, território afro-indígena, no Recôncavo Baiano, conforme Carta Convocatória. […]
[…] A VII Jornada de Agroecologia já está confirmada e acontecerá entre os dias 28 de janeiro e 02 de fevereiro de 2022, no Quilombo Conceição, situado no município de Salinas da Margarida, território afro-indígena, no Recôncavo Baiano, conforme Carta Convocatória. […]
[…] Carta convocatória para a VII Jornada de Agroecologia da Bahia […]
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