Longos caminhos nos levam à grande Jornada de Agroecologia da Bahia. Mas não há longa jornada e nem tão longo caminhar se não tivermos coragem de dar o primeiro passo. Demos o primeiro, o segundo e o terceiro passos e já estamos aprendendo a caminhar. Nesse caminho, precisamos organizar com nossos esforços a perspectiva da revolução brasileira.
Nesse longo período da estagnação da esquerda é que viemos reafirmar que não haverá outro caminho para a humanidade, principalmente para o povo brasileiro, que não seja a construção da revolução para uma nova perspectiva e uma consciência de uma nova humanidade, junto com a Mãe Terra, com todo ser da mãe natureza, para reencontrar o caminho da felicidade, do amor e da bondade.
Reencontrar o caminho da revolução significa voltar para as simples coisas, os velhos sítios, o cuidado com as crianças e todos pequenos seres da natureza. Veja, a nossa revolução é cuidar das coisas simples, não é usar as mesmas armas do inimigo para tomar o poder pelo poder. A nossa revolução é respeitar os direitos dos indígenas, dos quilombolas, dos ribeirinhos, das marisqueiras, do povo preto que está nas favelas, construir escolas, terreiros lúdicos, cuidar da juventude, mudar os hábitos alimentares, mudar os hábitos de consumo, acabar com individualismo, ou seja, acabar com todas as bases do capitalismo e construir outros valores de humanidade.
Buscar na individualidade das pessoas um espaço de construção da coletividade, tornar o homem e a mulher um ser comum, uma verdadeira comunidade de mulheres e homens livres. Buscar grandes desafios para envolver esse ser comum a pensar grande, para além da sua existência, pensar nas gerações que vem depois, nos filhos, netos, tataranetos.
Esses desafios poderiam ser superados a partir dos biomas. Por exemplo, o Bioma Mata Atlântica, o mais habitado do mundo, está apenas com 7% de sua mata preservada. Podemos elevar para 20% de preservação em dez anos; construir pesquisas para devolver ao bioma toda a diversidade perdida, construir uma relação de estudo e conhecimento da natureza desse grande bioma para curas de doenças, para a alimentação dos animais e dos humanos que vivem neste bioma; construir uma convivência harmoniosa e sábia com os indígenas, os verdadeiros donos dessa terra, com seus conhecimentos milenares e de todas as suas sabedorias e simplicidade; trabalhar uma relação de amor e partilha com a nossa mãe terra dentro do Bioma Mata Atlântica.
Tudo isso pode ser feito nos outros biomas – Caatinga, Cerrado e no Bioma Amazônico, ou seja, buscar uma cosmovisão africana e indígena, cultuar, cuidar de todos os seres da natureza. A nação brasileira é uma das poucas que podem voltar a se reconstruir, mesmo com toda depredação e apropriação indevida do capital, ainda existem muitas riquezas naturais – florestas, água, minérios, solos bons. A população é de uma grande mistura de índios, lusitanos (europeus), africanos de toda parte da mãe África e uma grande quantidade de povos da Ásia; é o único país que tem gente do mundo inteiro vivendo pacificamente. Se juntarmos toda essa força ao trabalho árduo e cuidadoso com a intenção de reconstruir uma nova perspectiva de humanidade com os valores do cuidado da mãe terra, da mãe natureza e de todos os seres que vivem na terra, estaremos fazendo uma grande revolução, surgindo do Brasil um grande exemplo de civilização comum para toda a humanidade.
Essa é a grande lição que devemos tirar da nossa simples III JORNADA DE AGROECOLOGIA DOS POVOS DA CABRUCA E DA MATA ATLÂNTICA, realizada de 4 a 7 de dezembro de 2014.
Se é para o bem da humanidade, diga ao povo que avance! Avançaremos!
Que o amor e o desejo de reconstruir uma nova perspectiva de humanidade renasça em cada coração, em cada ato neste natal, que é um momento de renascimento. E que a ação dos nossos movimentos, dos nossos Elos e de todos aqueles e aquelas que sonham com a pátria socialista e comum para todas e todos, todos os seres da natureza.
Viva a mãe Gaia!