Com a licença, guiança e proteção de toda nossa ancestralidade e forças da vida, nos reunimos de 05 a 07 de maio de 2023 no Kilombo Coxilha Negra em São Lourenço do Sul. Entre kilombos, assentamentos, ocupações urbanas, povos indígenas (Kaingang e Xokleng), de terreiro e demais coletividades organizadas, assim como apoiadores quem vêm se somando a esse cultivo comum, pudemos compartilhar nossas lutas específicas e visualizar o que temos em comum: a luta por terra, território, por bem viver e contra todas as formas de opressão. E assim nutrimos nossa rede de organização, solidariedade, afeto, cuidado e luta.
Num primeiro momento nos apresentamos e alinhamos, e ao longo dos dias aprofundamos a conversa acerca da nossa trajetória até então e do horizonte comum que nos une – e como caminhar até ele. Lançamos nossa Carta de Apresentação em maio de 2021, tivemos nossa Jornada de Agroecologia em março de 2022, encontros regionais no segundo semestre, Encontro de Mulheres em março deste ano e agora nos coube amadurecer nosso processo organizativo. Pudemos visualizar como temos nos organizado e cocriar caminhos para seguir a vida e a luta se apoiando e fortalecendo cada vez mais.
Reconhecemos a importância de seguir nos organizando regionalmente e fortalecer territórios, lutas e ações comuns nas localidades ao redor do estado. Visualizamos as regiões onde a Teia RS tem se consolidado: Norte, Centro, Sul, Serra, Litoral Norte e Região Metropolitana.
Aproveitou-se a força coletiva do Encontro para retomar a antiga escola da comunidade. Em um ato de fortalecimento do território anfitrião, marchamos juntes para ocupar e transformar o espaço em sede do kilombo. Durante o encontro foi feito muralismo (pintura artística das paredes) coletivamente na antiga escola e, ao final, inauguramos a biblioteca.
Ao longo do fim de semana nos reunimos em distintas Frentes. A Frente de Comunicação se organizou para a cobertura do Encontro e avançou no entendimento do seu trabalho enquanto Teia RS. A Frente de Mulheres contou com uma roda organizada e pautada pelas mulheres do Kilombo Coxilha Negra. Paralelamente, pessoas que não estavam na atividade de mulheres tocaram as tarefas de autogestão do Encontro e alguns homens fizeram uma roda para discutir como se perpetua o patriarcado – e como deixar de fazê-lo. Além dessas, criamos mais três Frentes: Jurídica, de Educação e de Economia Solidária.
Tudo permeado de muita música, muito batuque, comida abundante dos territórios, cuidado com as crianças e muita cultura, sabedoria, conexão e espiritualidade ancestral.
Demos mais alguns passos nesse caminho comum que vamos trilhando rumo ao bem viver.
Nos colocamos pela autodeterminação dos povos, pelo seu direito à consulta prévia, livre, informada e de boa fé e a construção de autonomias e soberanias em rede.
Dizemos NÃO ao marco temporal e qualquer tentativa de continuidade do projeto colonial de genocídio dos povos indígenas e kiilombolas e extermínio das florestas, das águas e da vida.
Juntes somos mais fortes!
O que nos une é maior do que o que nos separa!