Parou pra pensar o que você cultiva no planeta quando se alimenta? Quantos processos, ciclos, pessoas são mobilizados pra isso?
Uma baita parceria que toda semana tá nas nossas cestas, e que a gente nutre admiração, é a associação @armazemterraviva, lá das bandas sorocabanas. É composta por mais de 50 famílias que fazem parte da rede de produtores de alimentos orgânicos, agroecológicos e biodinâmicos.
Se liga na potência:
• São agricultores familiares, assentados da reforma agrária e 1 quilombo;
• Este fluxo de comercialização gera trabalho e renda no campo;
• Estimula a fixação do jovem no campo freando o êxodo rural e inchaço na cidade;
• Fomenta a assessoria técnica acessível junto aos agricultores familiares da região de Sorocaba-SP, que facilita processos de certificação, planejamentos e insumos;
• Expande áreas trabalhadas pela regeneração do solo e equilíbrio do ecossistema;
• Contribui para a economia solidária que valoriza os indivíduos participantes do processo;
• Circuitos curtos de comercialização
• Transparência nas relações de compra e venda
A gente delimitou quem receberia as doações. Então, são mulheres, mães em situação de solo. Em situação de vulnerabilidade, principalmente ali no Jardim Conceição e no Jardim Rochdale.
São 40 cestas doadas a cada semana. O ideal é a gente vender 80 cestas pra sustentar isso. Mas não temos vendido. Então, a gente depende de uma vaquinha.
Atualmente é um trabalho voluntário, sem remuneração. Mas a gente remunera o transporte, bem uma ajuda de custo mesmo. E temos uma alimentação para uma merenda coletiva. Quase 50 voluntários já passaram pela ação, e tem a base, a galera fixa.
Os alimentos damos preferência para comprar local. Tem duas hortas próximas daqui. A Horta Modelo e a Horta do Chico Mendes.
A tem bastante produção de folhosos, de ciclo curto, com uma rotatividade comercial maior, visando a geração de renda.
Então, geralmente chá, tempero, salada, refogável, a gente encontra aqui. Mas alguns alimentos de ciclos mais longos, tipo beterraba, cenoura, berinjela, mandioca, inhame, não encontramos em quantidade suficiente para compor as cestas.
E aí a gente compra também do Terra Viva, de Sorocaba. Tem um produtor em Morungaba, que é Santa Adelaide. Tem uma Cooperativa do Vale do Ribeira, Copa FASB.
Às vezes compramos de pessoas que tem quintal produtivo. Tem o quintal da Nide, com um pé de louro.
E vezes também recebemos doação de alimentos.
De mãos dadas chegamos mais longe!
A Casa de Vida Orgânica é um espaço que está nascendo aqui no nosso território, e já está chegando junto e fortalecendo nosso movimento. Além de ser nosso ponto de encontro, local de montagem das cestas e de retirada em Osasco, as parceiras também contribuíram com a doação dos sacos de papel que acompanharam os alimentos na última semana.
Porque plástico também é veneno pro solo, é energia gasta na produção e desgaste do meio ambiente. Ninguém merece!
Nide e Lourdes são agricultoras urbanas de Osasco. Pertinho da gente, alimentos frescos e sem veneno, só podemos agradecer!
Nide tem um quintal produtivo e, junto com outros quintais amigos, comercializa seus excedentes. Lourdes é da Horta Modelo, que faz parte da frente de agricultura urbana do programa de economia solidária da secretaria de emprego, trabalho e renda de prefeitura de Osasco.
A gente tem muita vontade de produzir aqui mesmo, localmente, o que ainda não tem nas hortas.
Tem um quintal aqui, a gente foi ver, tem 25 m². Vamos plantar um inhame, gengibre. Vamos fazer um quintal alimentício.
Às vezes a gente faz videozinho ensinando como plantar as coisas que vieram na cesta. Procuramos mandar material informativo. Sempre tem PANC e medicinais nas cestas.
Então, a gente tem essa pegada também, de compartilhar esses saberes. Saberes ancestrais. Mas que a gente na vida urbana acabou esquecendo.
Queremos que as pessoas plantem! Tem uma mãe que tem uma laje legal, que bate sol, que tem um quintal? Então, nesse espaço fazer uma oficina. Hortas em pequenos espaços.
E aí também já ter uma oficina/mutirão prá fazer minhocário, captação de água de chuva com tecnologia de baixo custo.
E acompanhar essa casa por uns três meses, para a pessoa não desistir. E depois essa pessoas se tornar a oficineira, multiplicadora desses saberes.
Muita coisa a gente ainda não teve braço pra fazer, mas estamos engatinhando prá isso rolar também.
O André, que é do coletivo, tem uma tobata (trator pequeno), que ele chama de Jorge. E o Jorge tá louco pra funcionar e fazer uma roça, sabe?
A reverberação e reprodução faz parte do projeto desde sua recente fundação, visto que se trata de um desdobramento da Pertim, e também porque acreditamos ser possível reproduzir as práticas que incentivamos, além de nos remeter à terra e sua gigante capacidade de re-produção, transformação da matéria e da realidade.
A Ecoz é um chamado à prática! É o exercício de viver o mundo que a gente quer viver, considerando que o contexto vivido até agora não nos agrada, ao contrário, nos adoece e nos ofende.
sobre os Diários da Pandemia:
- Embora seja tb um trabalho jornalístico, se propõe a muito além disto.
- Tem como objetivo principal tecer uma rede de comunicação entre as diversas lutas localizadas.
- De modo a circular as experiências, para serem reciprocamente conhecidas numa retro-alimentação de auto-fortalecimento.
- Não se trata de tão somente produzir matérias, e sim tornar as matérias instrumento para divulgar conteúdo capaz de impulsionar os movimentos.
- Em suma: colocar a comunicação a serviço das lutas concretas.