Posted on: 23 de novembro de 2020 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

“O capital nos fez máquinas. Nós precisamos desfazer essas máquinas que estão dentro de nós, produzir outro tempo. Através da agroecologia, construir outro tempo, que não é o tempo ocidental, não é o tempo do relógio. É o nosso tempo. O tempo das marés. O tempo dos Orixás, dos Encantados. Quando chega, ninguém pode marcar esse tempo. Mas nós temos que respeitá-lo. O tempo da fala, dos povos que não tiveram fala, que perderam a fala.”

Mestre Joelson Ferreira

As atividades de Formação Transversal em Saberes Tradicionais da UFMG, retorna com força e energias renovadas nesse segundo semestre de 2020, com a criação do curso “Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais: Escolas da terra” que conta com a presença de mestres das diversas matrizes dos saberes tradicionais em um encontro online.

As matrículas começam em Dezembro e o curso contará com a participação e colaboração do Mestre Joelson Ferreira de Oliveira, integrante da Teia dos Povos e do Assentamento Terra Vista, localizados no Sul da Bahia, com presença constante junto à outros mestres convidados, para debater sobre uma nova proposta de escola, a chamada Escola da Terra, dividida em 4 eixos estruturantes:

  1. Escola do Arco, da Flecha e do Maracá
  2. Escola dos Terreiros e dos Tambores
  3. Escola das Águas e das Marés
  4. Escola dos Biomas Locais

O curso tem carga horária de 90 horas no total de 08 encontros, todos mediados por Mestre Joelson com a presença de uma mestra e de um mestre dos Saberes Tradicionais, com aulas às terças-feiras das 14:30 às 17:00 e conta com André Brasil e César Guimarães como professores-parceiros. Segue ementa do curso e divisão dos encontros:

Ementa

Durante a pandemia, os modos capitalistas de exploração da natureza e das pessoas se revelaram, com ainda maior contundência, em seu poder danoso, destruidor, insensível às vidas das comunidades ligadas à terra e ao território.

Em contrapartida, é ali, junto à essas vidas – indígenas, quilombolas, campesinas – e à sua força de ação coletiva no presente, que têm brotado alternativas de futuro.

Reunidos em torno da Teia dos Povos – rede auto-organizada de aliança entre movimentos populares – mestras e mestres das tradições indígenas e negras propõem a construção de escolas e de pedagogias atentas às maneiras como vida e território se entrelaçam: Escola do Arco, da Flecha e do Maracá; Escola dos Terreiros e dos Tambores; Escola das Águas e das Marés; Escola dos Biomas Locais.

Nesta disciplina, Mestre Joelson irá conduzir e mediar debates com mestras e mestras que vêm trabalhando para aliar a história de luta de suas comunidades a estratégias pedagógicas voltadas aos jovens e às crianças.

Isso que estamos propondo não significa construir mais escolas, não se trata de construir prédios. Não é isso. Nós queremos reformular e transmitir esses conhecimentos para que as próximas gerações comecem a entender sua importância. E, ao mesmo tempo, podemos ajudar nos livros didáticos, na formação das escolas que já existem, para que as pessoas possam se ver pertencentes àquele local, comecem a se valorizar e a valorizar o local. Isso é fundamental para que as pessoas permaneçam ali. Não é preciso fazer o que o Brasil fez, essa grande migração para os centros urbanos.

Joelson Ferreira de Oliveira. Terra vista, terra mãe: existência grandiosa no campo. Belo Horizonte: Chão da Feira, 2020 p. 24.

1. Escola do arco, flecha e maracá

1° Encontro: Nadya Akawã Tupinambá

Aldeia Tukum, Território Indígena de Olivença, BA;

2° Encontro: Kanatyo Pataxoop

Aldeia Muã Mimatxi, Itapecerica, MG.

2. Escola dos terreiros e tambores

3° Encontro: Tata Sobodê | Jefferson Duarte Brandão

Terreiro do Campo Bantu-Indígena Caxuté, Costa do Dendê, BA;

4° Encontro: Tat’etu Jalabo | Pai Geraldo André

Casa de Cultura Lode Apará, Santa Luzia, MG.

3. Escola das águas e marés

5° Encontro: Elionice Sacramento

Quilombo Conceição de Salinas, Itaparica, BA

6° Encontro: Carlos Alberto Pinto dos Santos

Resex de Canavieiras, BA.

4. Biomas locais

7° Encontro: Jerá Guarani

Aldeia Tenonde Porã, São Paulo, SP;

8° Encontro: Durval Libânio

Instituto Federal Baiano, Uruçuca, BA.

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