Nascida na Áustria em 3 de outubro de 1920, Ana Maria Primavesi veio para o Brasil na década de 50. Na viagem para cá trouxe consigo seu filho, Odo, de oito anos, e algo que se revelaria muito importante para os povos deste lugar: Uma perspectiva de produção agroecológica do alimento. Filha de agricultores, dedicou sua vida à defesa das boas relações entre o ser humano e a terra, em contramão à chamada “Revolução Verde” – que produziu uma escalada do agronegócio no planeta.
Aqui, a agricultora, professora e engenheira agrônoma gerou mais filhos – Carin e Arturzinho – e foi uma militante exemplar do conhecimento e da ação pela agroecologia. Seu livro “Manejo Ecológico do Solo”, de 1980, deu as bases científicas necessárias para o cultivo responsável com a natureza e com as questões sociais presentes neste solo.
Em 2012, na ocasião de fundação da Teia dos Povos, na Jornada de Agroecologia da Bahia, no Assentamento Terra Vista (Arataca), Ana Primavesi esteve junto aos nossos mestres e mestras do povo preto e índigena. Ali, em sua presença e com os seus conselhos, foram escritos os princípios fundantes desta articulação.
“Peguemos nossa pá, perguntemos à nossa terra o que lhe está faltando e tratemo-la depois convenientemente dentro dos limites que a natureza nos impõe, e a antiga exuberância voltará aos nossos campos e a prosperidade aos nossos lares”, ela ensina.
Primavesi, após lançar as suas sementes por várias décadas, morreu aos 99 anos em São Paulo. Dedicação, observação da vida e amor ao trabalho no campo são as lições que a agora centenária anciã Ana nos deixou.
A Teia dos Povos tem máximo respeito e homenageia – não só nessa data -, por meio da cotidiana luta pela autonomia alimentar dos povos e da partilha da prática agroecológica, a mestra Ana Primavesi.