Posted on: 3 de novembro de 2020 Posted by: Teia dos Povos Comments: 0

Matéria originalmente publicada pela CPT-BA Centro Norte

Os moradores das comunidades Quilombolas do Mocó e Bocaina (Piatã- BA) estão respirando poeira de minério de ferro devido à ação da​ Brazil Iron​. Além do risco contaminação e de adquirir problemas respiratórios e cardiovasculares, muitos já deixaram de plantar e temem pelo comprometimento dos rios e afluentes da região, que desembocam no Rio de Contas, umas das maiores bacias hidrográficas da Bahia.

Além das nuvens de poeira, o barulho ensurdecedor de explosivos e das máquinas que operam 24h por dia de domingo a domingo, tem tirado o sono da população composta por cerca de 150 famílias. As explosões inadvertidas já derrubaram parte de uma casa e tem provocado rachaduras em muitas outras, além de causar sobressaltos a idosos, crianças e gestantes.


No dia 27 de setembro, cerca de 35 moradores das comunidades fizeram uma manifestação na região do Tijuco, às margens da rodovia BA-148. Com o intuito de informar e sensibilizar os trabalhadores da Brazil Iron, cartazes e panfletos informativos foram confeccionados e distribuídos.

A Polícia Militar foi informada para garantir a integridade física dos manifestantes, mas, em vez disso, um dos policiais lançou uma bomba de gás lacrimogêneo para dissipar a manifestação composta em sua maioria por mulheres e jovens. A ação do gás provocou dores, danos respiratórios e revoltou a todos pela ação desproporcional. A situação levantou a questão: o poder do Estado está a serviço da população ou de interesses particulares?

A instalação da mineradora foi feita de forma ilegal, sem a devida consulta prévia às comunidades Quilombolas – com registro na Fundação Palmares – conforme indicado em lei. Contudo, a direção da mineradora se nega a atender os representantes da comunidade para o diálogo. O Inema e outras instâncias foram acionadas, mas a situação se arrasta por meses e nenhuma atitude foi tomada para mitigar os impactos da mineração.

Além de emitirem ruídos de domingo a domingo, os veículos pesados, por vezes, obstruem as vias de acesso à comunidade e tem provocado a rápida deterioração do sistema viário da região: a exemplo da situação deplorável em que se encontra a BA-148.

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