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Vivência agroflorestal aconteceu na Tekoá Ka’aguy Porã de 10 a 12 de setembro
Agrofloresta é um termo recente, que remete à prática de cultivar alimento imitando a floresta, prezando pela diversidade, nutrindo a vida, as gentes e o solo – mas suas práticas são muito antigas. Sendo assim, podemos dizer que o povo Guarani é milenarmente agrofloresteiro.
“Cada aldeia tem sua agrofloresta, mas a gente não coloca esse nome”, conta André Benites, cacique e anfitrião da vivência. “A gente usa esse nome pro juruá (não indígena) entender que a gente também tem agrofloresta”, complementa.
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O mutirão agroflorestal aconteceu na retomada Ka’aguy Porã (Mata Sagrada), morada do povo Mbyá Guarani em Maquiné (RS). Parentes Mbyá de outras aldeias de Maquiné, e de Itapuã e do Cantagalo em Porto Alegre vieram para a atividade, além de territórios e elos vinculados à Teia dos Povos em Luta no Rio Grande do Sul e demais apoiadores.
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André entende que receber os parentes faz parte de sua cultura, seu fortalecimento, sua liberdade, sua educação. “Esse é o bem viver Mbyá: se visitar, trabalhar junto, se alegrar junto, comer junto, esse é o bem viver ancestral, espiritual, por isso sempre tem que ter cantos, porque isso faz parte da nossa cultura e é muito importante”, explica André.
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“Envolvides pelas montanhas e pela primavera que se aprochega, ao som dos mba’epú, mbaracás e cantos tradicionais, preparamos a terra e plantamos mudas de árvores nativas e frutíferas” conta Jean Phillipe, do Território Junana e do grupo de Agroecologia da Teia dos Povos. Bacupari, jaracatiá, jenipapo, aguaí, urucum, pitanga, uvaia e guabiroba foram algumas das espécies plantadas.
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Entre as linhas de árvores e em outras roças as kunhã kuery e avá kuery, mulheres e homens Guarani, semearam avaxi (milho), avaxi pororó (pipoca), mandoví (amendoim), mandió (mandioca), xanjau (melancia) e andaí (abóbora), alimentos que fazem parte da alimentação tradicional Guarani. “Esse é o jeguatá (caminho) do xeramoi e xejary (avôs e avós), caminhada e sabedoria da nação Mbya Guarani”, diz André.
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O mutirão deu início às pré jornadas de agroecologia da Teia dos Povos em luta no RS, juntando territórios e elos para subir agrofloresta, para cultivar autonomia alimentar e medicinal de forma comunitária e em rede. As pré jornadas visam fortalecer vínculos e preparar o solo para a realização da 1ª Jornada de Agroecologia da Teia dos Povos em Luta no RS, que acontecerá em março de 2022 em Santa Maria.
Uso da tecnologia para defender a cultura
O fotógrafo Mbyá Vherá Xunú veio de Itapuã para participar da vivência e dar uma oficina de fotografia para a juventude. “Hoje precisamos registrar tudo que fazemos e vivemos para os não indígenas acreditarem. Temos que ter essa ferramenta para defender nossa luta, cultura e nossa vida, e o futuro da nossos filhos”, diz André Benites.
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Vherá conta que o objetivo da oficina é incentivar mais jovens a usarem as ferramentas de comunicação para mostrar a cultura e a luta de seu povo. “Super importante hoje em dia ter nossos equipamentos pra transmitir a nossa voz de luta pelos direitos dos povos indígenas através do registro com câmeras e celulares”, defende Vherá.
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Plantando diversidade na terra, registrando diversidade de olhares e modos de vida na comunicação – são muitas as maneiras de criar autonomia e lutar pela vida, e elas se complementam. A diversidade de olhares permite contar essa história, e tantas outras histórias necessárias. Seguimos cultivando nossas florestas e nossas mídias agroecológicas, nos unindo em rede para defender a vida. Como diz André, “nossa luta é cumprir nosso dever pra manter nosso mundo”.
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Essas fotos foram produzidas por Vherá Xunú e André Benites. O texto foi tecido a partir de diversos olhares no grupo de comunicação da Teia dos Povos no Rio Grande do Sul.
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