Posted on: 25 de agosto de 2021 Posted by: Erahsto Felício Comments: 1


Texto: Silvia Regina Paes, Caiçara do Juqueriquerê


 O processo de privatização dos bens e patrimônio do povo brasileiro segue em escala estrondosa e sem protesto da maioria do povo brasileiro. Alguns acreditam que o setor privado é mais eficiente do que o público. Grande mentira. Sabemos o que acontece conosco com a privatização da telefonia. Esta bate recorde de reclamação no Procon e nada acontece com ela. Continuamos sem segurança e serviços precários. Porque estas empresas privadas estrangeiras e mesmo que fossem nacionais não querem investir? Porque só querem lucro. Vamos lembrar da privatização da telefonia, de parte da Petrobrás, da Vale do Rio Doce no governo fhc. Telecomunicações que qualquer país tem como patrimônio e um bem estratégico de um povo. Assim como a energia seja elétrica ou advinda do petróleo. Quem perde com estas privatizações? Nós, o povo. Os EUA organizam guerras e desestruturam países para roubar seu petróleo. A Venezuela resiste a este atentado à sua riqueza. Qual imagem que temos da Venezuela? E nós? Entregamos de bandeja, implorando para que eles venham para cá. Como pediram os vira-latas que deram o golpe de 2016.
 As comunidades caiçara do sul do Rio de Janeiro até o norte do Paraná, têm um histórico de luta e resistência contra os tubarões que grilam, espoliam, expulsam, isto é, roubam os territórios e patrimônio destas comunidades. A partir dos anos de 1964, com o golpe militar, o Brasil vem sendo golpeado pelos estrangeiros com a conivência dos políticos corruptos locais (municipal, estadual e federal), com o povo pela religião, pela família e propriedade privada. Pela família de quem? Pela propriedade de quem? Agora são as “pessoas de bem”. Quem são estes?
 Os tubarões sempre atacaram e continuam atacando os caiçaras, os indígenas, quilombolas e tantas outras comunidades tradicionais. Os parasitas da humanidade que nada produzem e vivem da pilhagem do trabalho alheio e dos bens materiais do povo.
 Agora vem o bacalhau nadar por estas águas e nos atacar ao perfurar nossas riquezas profundas para gerar lucro ao seu país. Campo de Bacalhau como parte do Pré-Sal privatizado em fins do ano passado. Eles sugarão até a última gota e se vão. O prejuízo ficará conosco.
 Eles afirmam que suas atividades não causarão “impacto relevante” ao litoral e nem ao povo. O que eles entendem por relevante?
 Quando a Vale foi privatizada por 4 bilhões e valia 94 bilhões de dólares foi para explorar minérios, mas levou outras riquezas, tais como: diamantes, ouro e outros que não são computados pela contabilidade dos traidores e malfeitores da nação. Entendam os impactos desta privatização sobre Brumadinho, Mariana e tantas outras cidades e comunidades que foram mortas pelo descaso, pelo não investimento em segurança. Pesquisadores alertam que há mais de 600 bombas como estas por todo o Brasil. Quem perdeu com estas bombas detonadas? O povo pobre destas comunidades que perderam seus territórios, seus familiares, suas casas. Quem vai pagar por isso? Até agora ninguém e estão isentos de pagar na atual conjuntura.
 Como acreditar em grupo que se dizem nacionalistas que entregam a nossas riquezas para outros países? Estamos cheios de nacionalistas de araque que assaltam a nação em nome da “família, da propriedade privada e do Estado”. Os problemas são profundos.
  A partir do ano de 1964 houve um processo de norte-americanização do nosso país. Por isso que muitos idiotas se posicionaram durante o golpe de 2016 com a bandeira norte amarica para que interviesse em nosso país. Por isso que mouro e seus comparsas e congressistas, durante o golpe, foram quase semanalmente aos EUA para articular com as ratazanas de lá. A política externa dos EUA sempre foi fazer propaganda de si próprio se vendendo como o paraíso na terra. Escondem que têm mais de 60 milhões de miseráveis em seu próprio país. Crescemos ouvindo maravilhas dos EUA e intoxicando inconscientemente com filmes de heróis; filmes de faroeste que mostravam o genocídio indígena em terras norte-americanas.

Fomos educados a reconhecer que os europeus e norte-americanos são melhores que nós.
 O Brasil copiou na década de 1970 o modelo norte-americano de criação de parque preservando a fauna e flora. Agora sobram as consequências deste modelo aqui implantado. Os Caiçaras e todas as comunidades tradicionais brasileiras são retiradas de seus territórios ou são proibidas de praticar seu saber-fazer milenar.
 Agora o bacalhau substituiu o Carcará (ave de rapina, espécie de gavião brasileiro). Bacalhau que pagamos caro em época da páscoa. Toda espécie que não pertence ao nosso território são danosas. Elas costumam devorar tudo o que é nosso.
 Vamos relembrar do recente vazamento de petróleo em nosso país. No dia 30 de agosto de 2021 uma das maiores tragédias ambiental acontecida no Brasil vai completar 2 anos: o vazamento de petróleo cru no litoral brasileiro. Ninguém fala mais nisso, e os governos e estados não se responsabilizaram com a tragédia.
“Foram atingidos 9 estados do Nordeste e mais 2 do Sudeste do País (Espírito Santo e Rio de Janeiro) e alcançou cerca de 1.000 localidades, afetando o modo de vida de, aproximadamente, 500.000 pescadores e pescadoras artesanais responsáveis pela produção de mais de 60% da produção do pescado que chega à mesa de um milhão de famílias da Região. Foram 5 mil toneladas de petróleo retiradas das praias, corais, rios e mangues apenas entre os meses de outubro e dezembro de 2019, estando outra parte inestimável submersa ou presente na forma de micropartículas no ambiente litorâneo.” (Dados do Conselho Pastoral dos Pescadores).


“O total de áreas atingidas pela tragédia foi de 1.009 locais em mais de 130 municípios em 11 estados das regiões Nordeste e Sudeste. Segundo a Marinha do Brasil, foram retirados da costa brasileira mais de 5.000 toneladas de petróleo cru.”

WWF-Brasil

Pois é… Mas o importante é…
“A presidente da Equinor Brasil , Margareth Øvrum, destacou também em nota que o Brasil é uma área-chave de crescimento para a petroleira norueguesa. ‘A empresa tem a ambição de produzir de 300 mil a 500 mil barris/dia no Brasil até 2030. Bacalhau terá um papel importante para atingirmos esse objetivo’,
 Quando uma certa Presidenta confirmou que os royalties do petróleo iriam para a saúde e educação muitos comemoraram. E agora, para onde vão?
 Feche os olhos e imagina… Escorre, das veias abertas do Brasil, trilhões de dólares diariamente, direto aos cofres da Noruega. Depois as páginas do feicibuque nos dizem que a Noruega desfruta de excelente qualidade de vida. Os brasileiros sentem inveja e gostariam de morar em um país assim… Pobre povo que caminha cegamente para o longe de si mesmo. Inveja o outro e mal sabe que sua riqueza está no seu quintal. Ao se desvalorizar entrega ao outro o seu tesouro.

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  1. Seguindo a mesma figura de linguagem, presenciei muito na costa brasileira barcos de pesca estrangeiros, principalmente atuneiros japoneses, fazendo arrasto nas costas e pescando o atum em alto mar com barcos fábrica que já processam nossas riquezas e levam pra fora. Enquanto que o Brasil importa quase 1 bilhão de dólares em pescado do mundo inteiro (entre eles o bacalhau), mesmo sendo o pais com a maior diversidade e riqueza de espécies de agua doce.
    Para nos ajudar, as indústrias nos dizem que peixes bons para serem produzidos são tilápia e panga, alimentados com ração a base de monoculturas de soja e milho transgênico.

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