Posted on: 27 de abril de 2023 Posted by: Joelson Ferreira Comments: 0

Eu andei em todos os lugares procurando meu pai Ogun. E por incrível que pareça, vim
encontrar a simbologia Dele aqui no Terreiro de Pai Ricardo, a Casa de Caridade Pai Jacob
do Oriente (CCPJO), no Buraco Quente, Vila Senhor dos Passos, região da Lagoinha em
Belo Horizonte-MG. Aonde? No meio dos pobres, das crianças, da juventude… na Feijoada
de Ogun. Isso pra mim foi uma surpresa grandiosa.
Encontrei Ogun no meio dos pobres, nas pessoas pobres de tudo mesmo, numa situação
de rua, aí eu encontrei Ogun. E ele dançava tão lindo e tão bonito que fiquei encantado. E
aí me pergunto: é no meio dos pobres, real mesmo, que Ogun está? Abrindo os caminhos
desses povos. Esses povos que não têm mais nada, nem sentido mais para a vida têm,
mas meu Pai tá lá, abrindo os seus caminhos.
O Terreiro de Pai Ricardo é um terreiro que acolhe todos eles, que se relaciona com todos
eles, que trabalha com todos eles, que faz hortas na cidade e nos bairros para proteger
esse povo. Me senti assim como se andasse o mundo inteiro procurando meu Pai Ogun, e
não sabia que ia encontrar em Belo Horizonte, no Buraco Quente, no Terreiro de Pai
Ricardo. Isso para mim hoje à tarde foi uma alegria muito grande.
Achei tão importante essa festa, essa Feijoada de Ogun, que me senti, além de realizado,
representado por esse Ogun de rua, esse Ogun de Ronda… e Ele rodava muito, muito
bonito, muito maravilhosamente, transmitindo para nós uma mensagem de paz, de
harmonia, de bondade e de esperança. Onde a gente pensava que não ia encontrar nosso
Pai Ogun, ele estava lá, com toda alegria, com toda a felicidade e com todo amor para
receber a gente.
Saí da Bahia e vim para Belo Horizonte para encontrar meu Pai Ogun. Uma alegria
extraordinária. Tô muito feliz hoje aqui no Terreiro de Pai Ricardo… É preciso que a gente,
da Teia dos Povos, faça alguma coisa para defender esse povo. Vou propor a Pai Ricardo
construirmos o nosso restaurante, pra combater a pobreza, pra combater a miséria, e acima
de tudo, para acolher esse povo de rua, esse povo tão esquecido, esse povo tão humilhado,
tão discriminado. Nós precisamos fazer alguma coisa para cuidar desse pessoal. E Pai
Ricardo tem todo carinho do mundo, tem uma sabedoria muito grande aqui, um Terreiro de
Umbanda que acolhe esse povo.


Ao Pai Ricardo, gratidão. Para Ogun, pedir a Ele que abra nossos caminhos e nos ajude, a
Teia dos Povos, a construir uma perspectiva de mundo novo. É dentro da simplicidade, dos
lugares que a gente nem espera, que acontece essa grandiosidade. E essa divindade está
aqui junto conosco, em carne e osso.
Outra coisa bonita que a gente encontrou aqui no Terreiro do Pai Ricardo foi a alegria e a
confluência de tantos povos. O povo preto, os povos indígenas, os povos quilombolas, o
povo da Teia. Então é muita gente importante com muita alegria. Eu tô muito certo que a
alegria vai contagiar nós e nós vamos juntar os tambores de Minas, os tambores da Bahia e
os tambores de Pernambuco pra gente contagiar esse Brasil e assumir a responsabilidade
de cuidar da mãe Terra e cuidar da floresta e cuidar das águas e tudo aquilo que é bonito e
belo nesse Brasil.
Então para mim isso foi uma experiência sem precedentes. Eu saio de Belo Horizonte
iluminado, estonteante de alegria e de felicidade por ter encontrado no meio da pobreza, no
meio de um bairro tão pobre, a representação muito forte de uma Entidade guerreira,
grandiosa. E que Ele nos ilumine, que meu Pai Ogun nos ilumine pra que a gente possa
guerrear, pra defender a terra, o território, e levar esse povo pra gente cuidar e se
transformar numa perspectiva grandiosa. Então eu saio de Belo Horizonte muito feliz.


23 de abril de 2023


Mestre Joelson Ferreira
Gravação: Mariana Angelis
Transcrição: Joviano Maia

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