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Esta campanha se destina à aquisição de uma terra para dar condições de vida à comunidade Tikmũ’ũn (Maxakali), liderada por Isael Maxakali e Sueli Maxakali, mestres do programa Saberes Tradicionais da UFMG. A comunidade hoje vive em uma terra provisória no município de Ladainha (MG). A partir da terra, queremos contribuir com a construção de uma Aldeia-Escola-Floresta de conhecimentos tradicionais, recuperação ambiental e soberania alimentar tão sonhada por estas lideranças.
Os povos Tikmũ’ũn
A situação vivenciada pelos Tikmũ’ũn é também a história de muitos povos indígenas nas mais diversas regiões do Brasil, que sofreram e sofrem sucessivas pressões territoriais, perseguições e massacres. Os Tikmũ’ũn foram levados a se aglutinar, ao longo de cinco séculos, em pequenas porções de seu território, hoje totalmente desmatado pelos fazendeiros que tomaram suas terras. Mais conhecidos como Maxakali pela sociedade nacional, esses povos vivem atualmente no nordeste do Estado de Minas Gerais, em cinco localidades, segundo dados da FUNAI:
– TI Maxakali/Pradinho (Município de Bertópolis) com 997 pessoas;
– TI Maxakali/Água Boa (Município de Santa Helena de Minas) com 872 pessoas.
(Estas terras são contínuas e somam 5.305 hectares.)
– Reserva Aldeia Verde (Município de Ladainha) com 289 pessoas em 522,72 hectares;
– Reserva Aldeia Cachoeirinha (Município de Teófilo Otoni) com 31 pessoas em 606,19 hectares;
– Aldeia Nova (Município de Ladainha – terra não demarcada) com 242 pessoas.
A demarcação de seu território nunca obedeceu aos limites de ocupação tradicional reconhecidos pelos próprios Tikmũ’ũn. As terras Tikmũ’ũn totalizam cerca de 6 mil hectares para uma população de 2.431 pessoas. Este é um dos menores quantitativos de terras demarcadas para um povo indígena no país. De acordo com o Mapa de conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no Brasil[1], os Tikmũ’ũn têm sua sobrevivência física e sociocultural ameaçada em decorrência das limitações territoriais e das disputas com fazendeiros, além de questões de saúde relacionadas à desnutrição, doenças, falta de atendimento médico e insegurança alimentar. A situação sanitária, alimentar e ambiental dos Tikmũ’ũn é preocupante, agravada pela falta de água potável. Um longo e árduo processo de solicitações das comunidades, denúncias e intervenções junto ao Ministério Público Federal testemunham o esforço dos indígenas em solucionar esse quadro insustentável.
A despeito deste sofrimento, os Tikmũ’ũn têm persistido em seus modos de vida, preservando sua espiritualidade, sua língua e seu patrimônio poético, musical e mítico. Isso demonstra a capacidade de resistência falando seu próprio idioma, frente há séculos de contato. São guardiões de um tesouro linguístico e cultural de povos e línguas indígenas que desapareceram da vasta região de Mata Atlântica. Além disso, são grandes conhecedores dessa biodiversidade, preservando na memória de seus cantos descrições detalhadas deste conhecimento, apesar do atual desaparecimento da floresta. Por sua excepcionalidade, vigor e resistência cultural, os Tikmũ’ũn surgem como um verdadeiro desafio para o mundo do capital no século XXI.
O Projeto Aldeia-Escola-Floresta.
O Projeto, que se constitui simultaneamente como uma Aldeia-Escola-Floresta Yãy Hã Mĩy (“fazer a transformação”, Yãmĩy), visa a obtenção de uma terra onde possam viver com dignidade, no fortalecimento da comunidade e dos saberes ancestrais. A Aldeia-Escola-Floresta será um espaço de troca de saberes, em que é necessário construir um processo educativo e de trocas entre os anciãos e jovens Tikmũ’ũn e os não indígenas. Entendem que seu futuro depende também de “pacificar” os não indígenas, que surgem para eles como indivíduos de alto potencial de depredação, auxiliando-os em sua reconciliação com o planeta. O objetivo principal da Aldeia-Escola-Floresta é a proteção e difusão do conhecimento dos seus Yãmĩyxop (múltiplos seres e alteridades com os quais elaboram todo o conhecimento que possuem sobre o mundo e outros seres). Para isso, pretendem realizar cursos de conhecimentos etnoambientais, mapeamento de fauna e flora, gestão ambiental, agrofloresta, formação de viveiros. Futuramente, poderão compartilhar com os indígenas e não indígenas os conhecimentos consolidados na Escola.
Em suma, acreditamos que o Projeto Aldeia-Escola-Floresta poderá colaborar para a preservação da Mata Atlântica, pois como “filhos da terra”, os Tikmũ’ũn sabem curar essa terra, trazendo de volta a mata, as plantas e os bichos. Criadas as condições de acesso à terra, os Tikmũ’ũn vão conquistar condições para sua soberania alimentar, por meio das roças de subsistência. Com a implantação do viveiro de mudas, poderão realizar trocas e até comercializar mudas e pequenas árvores ameaçadas de extinção, o que possibilita ainda a produção de artesanatos, gerando renda para a comunidade. Para os Tikmũ’ũn, são a terra, os rios e a floresta a própria escola.
Para quem o fim era considerado inevitável ou para quem o mundo já quase se acabou várias vezes, os povos indígenas têm muito a nos ensinar sobre o futuro. O futuro como um lugar de vínculos, de laços entre as pessoas, a terra e todos os seus viventes. Lugar de transformação. Esse é o sonho dos Tikmũ’ũn: a construção de um outro mundo possível a ser partilhado através do Projeto Aldeia-Escola-Floresta Yãy Hã Mĩy (“fazer a transformação”).
CONTRIBUA:
Paypal: hamkaim@gmail.com
Banco do Brasil
Isael Maxakali
Agência: 2232-2
Conta: 60-4
PIX: yaetmaxakali@gmail.com
[1] Para mais informações, ver: http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/mg-povo-maxakali-sofre-as-consequencias-do-ilhamento-territorial-e-degradacao-ambiental-com-alcoolismo-que-intensifica-conflitos-internos-mortes-de-criancas-e-a-grave-situacao-social-dos-maxacali/
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Conseguiram o dinheiro? Deu certo?
Oi. Conseguiram o dinheiro? Deu certo?
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